A Netflix está cheia de filmes baseados em histórias reais, especialmente aqueles que misturam fé e drama. Quando Fé para o Impossível apareceu entre os mais assistidos da plataforma, a primeira reação foi meio automática: “ah, mais um filme gospel que vai pregar por duas horas”. Mas aí você descobre que a história da pastora Renee Murdoch é bem mais complexa e interessante do que parece.
O filme dirigido por Ernani Nunes, com Vanessa Giácomo e Dan Stulbach, conta uma história real que aconteceu aqui no Rio de Janeiro em 2012. Renee foi atacada por um morador de rua e ficou com apenas 30% de chance de sobrevivência. E não, não é aquela história água com açúcar de milagre instantâneo – é sobre luta, comunidade e sim, também sobre fé.
O interessante é que o filme conseguiu emplacar na Netflix sem ser apenas para o público religioso. Talvez porque a história toque em questões universais como trauma, recuperação e apoio comunitário. Ou talvez porque, finalmente, alguém conseguiu fazer um filme sobre fé sem soar como propaganda de igreja.
Como a história real inspirou o filme?
O roteiro de “Fé para o Impossível” é baseado no livro “Dê a Volta por Cima“, escrito por Renee e Philip Murdoch. A obra literária detalha os eventos que se seguiram ao ataque, destacando a trajetória de recuperação de Renee e o papel crucial da fé e da solidariedade. O filme busca transmitir essa mensagem de esperança, mostrando como a união e a crença podem superar adversidades aparentemente insuperáveis. Essa adaptação cinematográfica também incluiu entrevistas com especialistas em recuperação de traumas para garantir autenticidade e profundidade emocional aos eventos retratados.
Além de relatar a recuperação de Renee, o filme explora o impacto coletivo da tragédia, evidenciando como comunidades religiosas se uniram em apoio à família Murdoch. Essa abordagem ressalta a importância do apoio comunitário em momentos de crise, um tema que ressoa profundamente com muitos espectadores. A narrativa também aponta para a resiliência comunitária e a importância de redes de apoio em circunstâncias difíceis, promovendo um diálogo sobre o papel das igrejas e organizações sociais em tempos de dificuldades.
Por que “Fé para o Impossível” ressoou com o público?
A popularidade do filme na Netflix pode ser atribuída a vários fatores. Primeiramente, a história real de Renee Murdoch já era conhecida por muitos, o que gerou uma expectativa natural em torno da adaptação cinematográfica. Além disso, temas como fé, resiliência e superação são universais e tocam o coração de muitos, criando uma conexão emocional com o público. O sucesso do filme também se deve à sua trilha sonora inspiradora, composta por músicos renomados, que amplifica as emoções transmitidas nas cenas mais intensas.
O sucesso do filme também se deve à sua estreia bem-sucedida nos cinemas, que ajudou a criar um burburinho em torno da produção. A identificação do público com os personagens e a narrativa de superação pessoal contribuiu para que “Fé para o Impossível” se tornasse um dos filmes mais assistidos na plataforma de streaming. Os produtores organizaram eventos especiais de pré-estreia, onde foram discutidos temas de superação e resiliência, atraindo ainda mais a atenção do público para a mensagem do filme.
Como o filme se posiciona no cenário atual do cinema nacional?
Fé para o Impossível chega num momento em que o cinema nacional está buscando histórias que conectem com o público brasileiro. Filmes baseados em fatos reais, especialmente quando são positivos e inspiradores, têm encontrado espaço tanto nos cinemas quanto no streaming.
O sucesso na Netflix mostra que existe público para produções nacionais de qualidade, especialmente quando abordam temas universais como família, superação e comunidade. Não precisa ser blockbuster hollywoodiano para funcionar.
A estratégia de lançar primeiro nos cinemas e depois na Netflix também se mostrou eficaz. Criou burburinho, gerou boca a boca positivo, e quando chegou no streaming já tinha uma base de espectadores interessados.
O que diferencia este dos outros filmes “baseados em fatos reais”?
A diferença principal talvez seja a honestidade. Fé para o Impossível não tenta transformar uma história difícil numa fábula com final feliz simplificado. A recuperação da Renee é mostrada como processo longo e trabalhoso, não como milagre instantâneo.
O filme também não demoniza ninguém. O agressor é mostrado como resultado de problemas sociais complexos, não como vilão cartunesco. A própria Renee tem momentos de dúvida e dificuldade, não é retratada como santa perfeita.
Essa abordagem mais madura e realista pode explicar por que o filme conseguiu atingir um público além do nicho religioso. É uma história sobre superação que não precisa de crença específica para ser compreendida e valorizada.