O cinema brasileiro está vivendo um momento interessante em maio de 2025. Enquanto Hollywood aposta pesado em sequências e spin-offs, nossas produções nacionais estão trazendo histórias mais autorais e corajosas. É um contraste que chama atenção, especialmente quando vemos filmes como A Matriarca competindo diretamente com blockbusters internacionais nas bilheterias.
A verdade é que maio tradicionalmente não é considerado o mês mais forte do cinema. Fica entre o agito de abril e a temporada de verão que se aproxima. Mas 2025 quebrou essa regra. Os estúdios perceberam que o público está mais seletivo e prefere qualidade a quantidade. Por isso, estamos vendo menos lançamentos, mas com produções mais bem cuidadas e pensadas para diferentes nichos de espectadores.
Quais são os destaques das estreias desta semana?
Entre os destaques da semana, o filme Bailarina chama a atenção por expandir o universo de John Wick, trazendo Ana de Armas como protagonista. A trama se passa durante os eventos de John Wick 3: Parabellum e acompanha a personagem Eve Macarro em seu treinamento para se tornar uma assassina. Este lançamento é esperado por fãs da franquia que buscam uma nova perspectiva dentro deste universo de ação.
Outro destaque é Saneamento Básico, O Filme, que retorna aos cinemas em uma versão relançada. A comédia brasileira aborda de forma humorística os desafios enfrentados por uma pequena comunidade no Sul do Brasil ao tentar resolver problemas de saneamento. A solução encontrada pelos moradores é usar uma verba destinada à produção de um filme para construir uma fossa, resultando em situações cômicas e críticas sociais.
O que esperar das produções internacionais?
As produções internacionais também marcam presença nas estreias de maio. Entre Dois Mundos é um drama francês que explora a vida de Marianne Winckler, uma autora que se infiltra no mundo dos trabalhadores precários para escrever um livro. A obra promete uma reflexão sobre a insegurança no trabalho e a formação de laços genuínos em meio a dificuldades.
Já O Refúgio traz uma narrativa de suspense e sobrevivência em um cenário pós-apocalíptico. Após uma explosão nuclear em Los Angeles, um ex-soldado e sua família buscam abrigo em uma fortaleza nas montanhas, enfrentando ameaças externas e internas. Este filme promete tensão e ação, mantendo o público na ponta da cadeira.
Quais documentários estão em cartaz?
Para os apreciadores de documentários, Ernest Cole: Achados e Perdidos oferece um olhar sobre a vida e o legado do fotógrafo sul-africano Ernest Cole. Conhecido por suas imagens impactantes do apartheid, o documentário promete revelar aspectos pouco conhecidos de sua trajetória e a importância de seu trabalho na luta contra a opressão.
Outro documentário em destaque é Ritas, que foca na carreira da icônica cantora brasileira Rita Lee. A produção traz entrevistas e depoimentos que revelam diferentes facetas da artista, oferecendo uma visão íntima e abrangente de sua contribuição para a música e a cultura brasileira.
Como o cinema nacional está se reinventando em 2025?
Os Dragões representa uma nova tendência do cinema brasileiro: misturar realismo com elementos fantásticos. Por muito tempo, nossos filmes foram ou muito realistas ou muito comerciais. Agora estamos vendo produções que ousam experimentar linguagens diferentes. Uma peça de teatro que transforma a vida de adolescentes em uma cidade pequena é premissa que pode dar muito certo ou muito errado.
O realismo fantástico funciona quando está a serviço da história, não quando vira apenas efeito visual. Os Dragões precisa usar os elementos sobrenaturais para amplificar emoções e conflitos reais dos personagens. Se conseguir, pode ser uma grata surpresa. Se não, vira apenas um filme confuso que não sabe o que quer ser.
A Matriarca aposta no drama familiar, terreno mais seguro mas que exige roteiro afiado. Reunir uma família para celebração que vira velório é setup clássico, mas eficiente quando bem executado. O filme promete revelar segredos e tensões, ingredientes certeiros para prender a atenção. A questão é se consegue evitar clichês e oferecer personagens convincentes além de situações dramáticas bem construídas.
Segundo dados da Ancine, o cinema nacional vem crescendo 12% ao ano em público, mostrando que existe espaço para histórias brasileiras quando são bem contadas e chegam às salas na hora certa.