Wilson Oliveira Aragão nasceu em 25 de abril de 1950, na cidade de Piritiba, Bahia. Filho de um pedreiro e de uma professora primária, cresceu imerso nas tradições do interior nordestino. Sua trajetória musical teve início ainda na adolescência, quando integrava corais de igreja e colégio, e publicou sua primeira poesia no jornal Correio do Sertão. A partir daí, começava a se formar um dos nomes mais autênticos da música brasileira.
Suas composições sempre foram um reflexo das raízes sertanejas e do cotidiano do povo do interior. Canções como Capim Guiné e Guerra de Facão não apenas embalaram gerações, mas também representaram as vozes de um Brasil profundo, real e resistente.
O que moldou o estilo único de Wilson Aragão
Desde a infância, Wilson Aragão foi influenciado por grandes nomes da música brasileira, como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Esses mestres nordestinos, com seus ritmos e letras autênticas, serviram como base para a construção de uma identidade sonora inconfundível. Mais tarde, a música dos Beatles entrou em sua vida, adicionando novos elementos ao seu repertório e ampliando suas possibilidades criativas.
Entre os principais elementos que marcaram sua formação musical estão:
- A fusão entre ritmos regionais e influências internacionais
- A paixão por instrumentos diversos, da marimba à guitarra
- O desejo constante de inovar sem perder a essência nordestina
Wilson também explorava estilos como o xote, o forró e até baladas melódicas. Essa diversidade deu origem a uma obra ampla, marcada por letras poéticas e arranjos envolventes.
Como Capim Guiné transformou a vida de Aragão
No início dos anos 80, “Capim Guiné” tornou-se um marco na carreira de Wilson Aragão. A música chegou aos ouvidos de Raul Seixas, que decidiu gravá-la em 1983, abrindo portas para uma nova fase em sua vida artística. Esse reconhecimento foi o combustível que faltava para Aragão lançar seu primeiro LP, em 1986, um projeto independente que alcançou expressivas vendas.
As parcerias vieram na sequência e fortaleceram sua presença no cenário nacional. Entre os destaques:
- Colaborações com Raul Seixas, João Sereno e Zé Geraldo
- Releituras de suas canções por nomes como Falcão e Zé Ramalho
- Participações em trilhas sonoras e festivais pelo país
Cada nova parceria era uma oportunidade para expandir sua mensagem musical, sem jamais abrir mão da verdade sertaneja.
Por que Aragão se tornou símbolo da cultura nordestina
Wilson Aragão deixou um legado profundo na cultura nordestina, especialmente na Bahia. Suas canções falavam de amor, luta, fé e festa. A festa junina de sua cidade natal, batizada de Arraiá do Capim Guiné, é uma homenagem viva ao seu impacto.
Entre suas principais contribuições culturais estão:
- A valorização da linguagem regional e dos costumes populares
- A introdução de novos ritmos como a guarânia e o galope ao repertório nordestino
- A defesa da cultura local como ferramenta de identidade nacional
Sua música não era apenas entretenimento — era também documento, poesia e memória.
O eco de um artista que não se apagou
Wilson Aragão faleceu em 24 de maio de 2025, aos 75 anos, vítima de câncer no fígado. Mas sua obra segue mais viva do que nunca. Suas letras seguem sendo interpretadas, regravadas e estudadas por músicos e pesquisadores.
Mesmo após sua partida, ele segue presente por meio de:
- Discos e livros disponíveis em plataformas digitais
- Tributos e festivais que celebram sua obra
- Jovens artistas que se inspiram em seu estilo e suas letras
O nome de Wilson Aragão continuará ressoando por muitos anos como um símbolo da resistência poética do sertão brasileiro.