Eles são incrivelmente realistas, emocionam quem vê e, ao mesmo tempo, despertam estranhamento. Os bebês reborn estão por toda parte: no colo de influenciadores, em vídeos de “rotina de mãe” no TikTok e até em prateleiras de colecionadores. Mas o que há por trás dessa tendência que mistura arte, afeto e polêmica?
Neste artigo, você vai entender como surgiram os bebês reborn, porque estão ganhando espaço nas redes, o que pensam os especialistas e como esse fenômeno está mexendo com o nosso jeito de sentir, consumir e se expressar.
O que são os bebês reborn e por que parecem tão reais?
Bebê reborn é uma boneca feita à mão, com aparência extremamente realista, criada para se parecer o máximo possível com um bebê de verdade. Feitos de vinil ou silicone, esses bonecos são pintados artesanalmente, têm peso semelhante ao de um recém-nascido e trazem detalhes minuciosos como veias, pelos e até cheiro de bebê.
A origem desse movimento vem dos Estados Unidos, nos anos 1990, quando artistas começaram a transformar bonecas comuns em versões mais realistas. O termo “reborn” (renascido) surgiu justamente para descrever esse processo artesanal.
Hoje, os bebês reborn aparecem de várias formas: como objetos de coleção, ferramentas terapêuticas e até como “filhos” simbólicos de pessoas que criam rotinas com eles nas redes sociais. Vídeos de trocas de roupa, passeios no carrinho ou mesmo festas de aniversário para os reborns viralizam frequentemente.
Como os reborns conquistaram espaço nas redes sociais?
O sucesso dos bebês reborn nas redes está ligado à busca por conforto emocional. Em tempos de estresse, ansiedade e hiperconexão, o cuidado simbólico com uma boneca pode ser uma forma de afeto, escapismo e até autocuidado.
Influenciadores ajudaram a impulsionar a tendência, mostrando a experiência com os reborns como algo relaxante, terapêutico ou divertido. A estética suave dos vídeos, os sons calmos e o visual acolhedor criam um tipo de “ASMR maternal” que prende a atenção.
Outro fator importante é o impacto emocional. Para muitas pessoas, especialmente mulheres que perderam filhos, enfrentam infertilidade ou vivem solitárias, os reborns são uma maneira de lidar com o luto ou criar vínculos simbólicos.
Ter um reborn faz bem? Veja o que dizem os especialistas
Especialistas apontam que os bebês reborn despertam sentimentos reais — e que isso não é, necessariamente, um problema. A psicóloga clínica Luciana Prado explica que “o vínculo com o reborn pode ter função terapêutica, principalmente em processos de luto ou solidão”.
Ao mesmo tempo, há críticas. Alguns profissionais alertam para o risco de a linha entre fantasia e realidade se confundir demais, especialmente quando há uma dependência emocional intensa ou isolamento social.
Já do ponto de vista cultural, o sociólogo Fernando Vasques afirma que os reborns revelam “o quanto estamos dispostos a criar novos jeitos de viver o afeto em tempos digitais”. Ele vê os reborns como parte de um movimento maior de reconexão emocional — ainda que por meios inusitados.
Como esses bebês estão mudando nosso jeito de sentir e consumir?
Esse fenômeno toca em vários pontos sensíveis da cultura contemporânea: a maternidade idealizada, a solidão urbana, o culto à estética realista e o desejo de controle. Em um mundo onde tudo é performado — inclusive o afeto —, cuidar de um reborn se torna uma forma de expressão.
Os reborns também influenciam o consumo. Já existem marcas especializadas em roupinhas, mamadeiras, carrinhos e até móveis para os “bebês”. O mercado cresceu tanto que há feiras, lojas e eventos dedicados ao tema.
Mais do que uma moda passageira, os bebês reborn parecem sinalizar uma transformação mais profunda: a busca por conforto emocional em tempos difíceis, mesmo que isso venha por meio de uma boneca hiper-realista.
Fatos curiosos sobre os bebês que viraram febre na internet
- Um bebê reborn pode custar entre R$ 500 e mais de R$ 5.000, dependendo do nível de realismo e da artista.
- O Brasil está entre os países com maior número de artesãs especializadas em reborn.
- A cantora Billie Eilish já declarou em entrevista que achava os reborns “estranhos, mas fascinantes” e assistiu vários vídeos no YouTube sobre o tema.
E você, já conhecia esse universo?
Na sua opinião, os bebês reborn são uma forma de carinho ou um exagero da cultura emocional da internet?