A origem do nome Brasil está intimamente ligada ao pau-brasil, uma árvore cuja madeira vermelha lembrava a cor de brasa. Durante os períodos colonial e imperial, a grafia do nome do país passou por diversas variações, até se consolidar na forma atual apenas no século XX. Essa evolução reflete não apenas mudanças linguísticas, mas também influências culturais e políticas.
Nos séculos passados, diferentes formas de escrita coexistiram, sendo “Brazil” uma das mais comuns, especialmente em documentos oficiais e em idiomas como o inglês e o francês. A grafia “Império do Brazil” era a forma oficial no século XIX, refletindo a ortografia portuguesa da época. Essa variação permaneceu até que uma mudança significativa ocorreu no século seguinte.
Por que a mudança para “Brasil” com “S” ocorreu?
A transição para a grafia “Brasil” com “S” foi oficializada em 15 de junho de 1931, através do Decreto 20108/31, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Este decreto fazia parte de um esforço maior de padronização ortográfica, que buscava unificar a grafia de diversas palavras entre Brasil e Portugal. A Academia Brasileira de Letras (ABL) e a Academia das Ciências de Lisboa desempenharam papéis cruciais nesse processo.
Embora a ABL inicialmente tenha resistido à mudança, a grafia “Brasil” com “S” já era utilizada no Código Civil de 1916, reforçando a adequação à etimologia da palavra. A simplificação ortográfica era uma tendência, substituindo letras consideradas desnecessárias ou arcaicas, como ocorreu com “pharmacia” para “farmácia” em Portugal.

De que maneira a padronização ortográfica influenciou outros países?
O decreto de 1931 entrou em vigor efetivamente em 1940 em Portugal e em 1943 no Brasil. No entanto, divergências ainda existiam nos vocabulários dos dois países, o que levou à convocação da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira em 1945. Essa convenção resultou no Decreto n.º 35 228, de 8 de dezembro de 1945, que tornou lei as mudanças em Portugal e suas colônias, como Angola e Moçambique.
Enquanto no Brasil a grafia com “S” se consolidava, países de língua inglesa continuaram a usar “Brazil”. Isso se deve à influência de textos históricos e à ausência de reformas ortográficas no inglês. Já em línguas latinas, como o francês, espanhol e italiano, a grafia com “S” foi mantida: Brésil, Brasil e Brasile, respectivamente.
Qual foi o impacto cultural da mudança de grafia?
A mudança na grafia do nome do país não foi apenas uma questão linguística, mas também cultural. Ela refletiu um esforço de modernização e unificação da língua portuguesa, buscando eliminar variações que poderiam causar confusão. Além disso, a padronização ajudou a fortalecer a identidade nacional, especialmente em um período de transformações políticas e sociais.
Hoje, o nome “Brasil” com “S” é amplamente reconhecido e utilizado em documentos oficiais, literatura e comunicação em geral. A história da sua grafia é um exemplo de como a língua evolui ao longo do tempo, influenciada por fatores internos e externos.
Qual é o legado da padronização ortográfica?
A padronização ortográfica do nome Brasil é um marco na história linguística do país. Ela não apenas unificou a forma de escrever o nome do país, mas também influenciou a maneira como outras palavras foram adaptadas ao longo do tempo. A decisão de adotar “Brasil” com “S” é um testemunho da evolução contínua da língua portuguesa e de sua capacidade de adaptação às mudanças culturais e sociais.
Embora a grafia “Brazil” ainda seja usada em contextos internacionais, especialmente em países de língua inglesa, a forma “Brasil” com “S” permanece como um símbolo da identidade nacional e da rica história linguística do país.