Em uma aula de História na escola de Stuttgart, na Alemanha, um jovem chamado Kai Höss teve sua vida transformada ao descobrir uma conexão familiar com um dos capítulos mais sombrios da história. Durante a aula, o nome “Rudolf Höss” foi mencionado — o comandante do campo de extermínio de Auschwitz, responsável por atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial. Ao chegar em casa, Kai questionou sua mãe sobre qualquer ligação com esse nome, e a resposta foi um choque: Rudolf era seu avô.
Essa revelação trouxe um sentimento de vergonha para Kai, que agora, aos 63 anos, vive em Stuttgart e atua como pastor cristão. Ele transformou essa vergonha em uma missão de reconciliação e educação sobre o Holocausto, compartilhando sua história em sinagogas e eventos ao redor do mundo. A história de Kai ganhou destaque em um documentário recente, que foi indicado ao Emmy.
Quem foi Rudolf Höss?
Rudolf Höss foi um dos principais executores da “solução final” nazista, sendo o comandante de Auschwitz, o campo de extermínio mais notório do Holocausto. Sob seu comando, o campo se tornou um símbolo do horror, onde prisioneiros eram levados às câmaras de gás sob o pretexto de tomar banho, resultando na morte de 1,1 milhão de pessoas, a maioria judeus. Após a guerra, Rudolf foi capturado, confessou seus crimes e foi enforcado em 1947 no próprio campo onde comandara os crimes.
Como Kai Höss lida com o legado de seu avô?
Kai Höss decidiu enfrentar o legado sombrio de seu sobrenome promovendo a reconciliação e a educação sobre o Holocausto. Ele visita sinagogas na Europa, Estados Unidos e, em breve, na Austrália, para compartilhar sua história e combater o antissemitismo. Kai acredita que, apesar das décadas passadas desde o fim da guerra, a sociedade moderna ainda precisa ser lembrada dos horrores do passado para evitar a dessensibilização das novas gerações.

Quais foram as consequências da revelação para a família de Kai?
A revelação do passado familiar foi um trauma para a mãe de Kai, Irene, que só soube dos crimes do sogro cinco anos após se casar com Hans-Jürgen Höss, filho de Rudolf. O silêncio sobre o passado pesou sobre o casamento, que terminou quando Kai estava na casa dos 20 anos. Em um momento de desespero, Irene atacou o marido com um abridor de cartas que pertencia a Rudolf, quase resultando em tragédia.
O documentário e o encontro com sobreviventes
O documentário que narra a história de Kai destaca momentos de confronto e reconciliação, incluindo um encontro simbólico entre Kai, seu pai e Anita Lasker-Wallfisch, uma sobrevivente de Auschwitz, e sua filha, Maya. Esse encontro representa um poderoso gesto de diálogo entre gerações e lados opostos da história, mostrando que a reconciliação é possível mesmo diante de um passado tão doloroso.