Os corvos são frequentemente associados à expressão “cérebro de passarinho”, mas essa percepção está longe de refletir a realidade sobre essas aves. Estudos recentes revelam que os corvos possuem habilidades cognitivas notáveis, comparáveis às de uma criança humana de 5 a 7 anos. Essas aves demonstram uma memória excepcional, capacidade de aprendizado social e até mesmo reconhecimento de formas geométricas complexas.
Pesquisas publicadas na revista Science Advances destacam a habilidade dos corvos em reconhecer “regularidade geométrica”. Isso significa que eles podem diferenciar aspectos como comprimento dos lados, linhas paralelas e simetria. Tais descobertas desafiam a noção de que apenas primatas ou humanos são capazes de pensamento conceitual avançado. Além disso, há evidências de que corvos usam essa capacidade para interagir efetivamente com seu ambiente, como na busca e armazenamento de alimentos.
Como os corvos diferenciam formas geométricas complexas?

O estudo mencionado revelou que os corvos conseguem resolver tarefas que exigem raciocínio abstrato, como reconhecer simetrias e sequências baseadas em regras visuais. Eles podem distinguir formas geométricas com base em tamanho, ângulo ou orientação, mostrando uma compreensão complexa de conceitos visuais. Essa habilidade não apenas os auxilia em tarefas cotidianas, mas também em interações sociais dentro de seus grupos.
Essas habilidades são atribuídas à estrutura cerebral dos corvos, especialmente o “nidopálio caudal lateral”, que desempenha funções similares ao córtex pré-frontal humano. Isso explica suas capacidades cognitivas elevadas e a habilidade de resolver problemas complexos. Pesquisas adicionais sugerem que essa região do cérebro está altamente desenvolvida em aves que exibem comportamentos sociais complexos e comunicação avançada.
Corvos têm uma memória impressionante?
Os corvos possuem uma memória notável, especialmente para rostos humanos. Em um estudo da Universidade de Washington, pesquisadores usaram máscaras para capturar as aves e observaram que, mesmo anos depois, os corvos reagiam agressivamente às pessoas com a mesma máscara. Essa memória não se limita apenas a experiências pessoais; os corvos também transmitem informações socialmente dentro do grupo, demonstrando uma forma de transmissão cultural rara no reino animal. Isso destaca uma estrutura social complexa, onde o aprendizado conjunto pode ser vital para a sobrevivência do grupo.
Estudos adicionais mostraram que corvos podem se lembrar de locais de alimentação específicos por longos períodos, o que indica uma notável capacidade de planejamento e compreensão temporal. Esta memória robusta permite que eles retornem a locais onde encontraram alimentos com sucesso, adaptando-se a mudanças sazonais e garantindo que possam otimizar sua coleta de recursos.
Como é a habilidade dos corvos em imitar sons?
Os corvos são conhecidos por sua habilidade de imitar sons com precisão. Em cativeiro, eles foram gravados reproduzindo palavras humanas, sons de portas rangendo e até alarmes. Essa capacidade se deve ao controle avançado que eles têm da siringe, o órgão vocal das aves. Embora os papagaios também sejam ótimos imitadores, os corvos conseguem captar nuances sonoras com surpreendente realismo, o que pode ser visto como uma forma de expressão avançada e adaptabilidade ao seu ambiente.
Observações em ambientes naturais mostram que corvos também imitam sons de predadores para enganar outras aves e afastá-las de fontes de alimento, exemplificando seu uso estratégico dessas habilidades acústicas. Isso demonstra um nível intrigante de astúcia e compreensão das dinâmicas ecológicas ao seu redor.
É possível ter corvos como animais de estimação?

Nos Estados Unidos, todas as aves nativas, incluindo corvos, são protegidas por leis que proíbem sua posse sem licença específica. No entanto, em países como Japão, Rússia e partes da Europa, há relatos de pessoas que domesticam corvos, geralmente resgatados quando filhotes. Especialistas alertam que corvos exigem espaço, estimulação mental e interações sociais constantes para evitar comportamentos agressivos ou depressivos. Manter um corvo como pet poderia ser desafiador, dado o nível de cuidado e atenção necessários para seu bem-estar.
Além disso, a vida em cativeiro pode limitar suas habilidades naturais de forrageamento e interação social, que são cruciais para seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Por essas razões, mesmo em locais onde a posse é legal, recomenda-se cautela e consideração cuidadosa das necessidades específicas da espécie.
Corvos demonstram luto em comportamentos fúnebres?
Quando um corvo morre, outros frequentemente se reúnem ao redor do corpo e vocalizam intensamente, em um comportamento conhecido como “funeral de corvos”. Estudos indicam que essa reação não é apenas emocional, mas também uma maneira de investigar perigos no ambiente. A pesquisadora Kaeli Swift observou que os corvos tendem a evitar locais onde testemunharam a morte de um membro do grupo, sugerindo uma combinação de empatia e aprendizado social.
Essa capacidade de evitar locais perigosos por meio do luto também permite um reforço da coesão do grupo, oferecendo segurança e maior chance de sobrevivência frente a ameaças. Além de indicar empatia, esses “funerais” podem servir para propagar rapidamente informações críticas sobre o ambiente, reforçando a importância do aprendizado compartilhado dentro da espécie.