Em março de 1978, uma idosa conhecida como Mary Doefour faleceu em um lar de idosos em Illinois. No entanto, Mary Doefour não era seu verdadeiro nome. Ninguém sabia quem ela era, quando nasceu ou se tinha amigos ou parentes. Cerca de 50 anos antes, Doefour foi encontrada desorientada e agredida em uma estrada no norte de Illinois. Ela havia sido vítima de agressão sexual e estava grávida.
Quando questionada sobre sua identidade, ela não conseguia se lembrar de seu nome, mas recordava ter sido professora. Apesar de não apresentar instabilidade mental, foi internada em um hospital psiquiátrico para criminosos insanos, e ninguém se esforçou para descobrir sua verdadeira identidade. Seu filho provavelmente foi enviado para um orfanato. Doefour tentou argumentar que não pertencia ao hospital, mas suas tentativas resultaram em medicação forçada e terapia de choque elétrico, o que provavelmente prejudicou sua mente.
Como a investigação de Rick Baker tentou desvendar o mistério de Mary Doefour?
Após passar 30 anos em um hospital psiquiátrico em Bartonville, Doefour foi transferida para lares de idosos em El Paso e Morton. Em 1978, um repórter chamado Rick Baker se interessou por sua história e começou a investigar quem ela poderia ter sido. Baker publicou um artigo de 14 páginas no Bloomington Pantagraph, esperando que alguém reconhecesse a história de Doefour.
Quando ninguém se manifestou, Baker publicou outro artigo no Peoria Journal Star. A partir daí, surgiu uma pista: uma mulher lembrou-se de uma professora que desapareceu em Iowa. Baker seguiu essa pista e descobriu que, cerca de 50 anos antes, uma professora chamada Anna Myrle Sizer havia desaparecido. Sizer tinha um irmão, Harold Sizer, que ainda estava vivo e relatou que ela foi vista pela última vez descendo de um trem em Marion, Iowa.
Mary Doefour e Anna Myrle Sizer eram a mesma pessoa?
Com base nas informações coletadas, Baker acreditava que Mary Doefour era, na verdade, Anna Myrle Sizer. Ele mostrou uma fotografia de Sizer jovem para pessoas que conheciam Doefour, e muitos acreditaram que eram a mesma pessoa. Baker tentou convencer o irmão de Sizer a investigar mais a fundo, buscando acesso aos registros médicos de Doefour para provar que ela era sua irmã.
No entanto, Harold Sizer não concordou em prosseguir. Sua família já havia aceitado o desaparecimento de Anna Myrle Sizer, concluindo que ela havia falecido há muito tempo. A possibilidade de que ela estivesse presa em um hospital psiquiátrico por 50 anos não era algo que Harold parecia querer aceitar. Baker, então, teve que encerrar sua investigação sem saber com certeza se havia encontrado a verdadeira Mary Doefour.
Qual é o impacto duradouro do caso Mary Doefour?
O caso de Mary Doefour levanta questões importantes sobre o tratamento de pessoas vulneráveis e a facilidade com que identidades podem ser perdidas ou ignoradas. Durante décadas, Doefour viveu sem visitas, sem amigos ou familiares, em instituições que não se preocuparam em investigar sua verdadeira identidade. A história também destaca a importância do jornalismo investigativo, que, mesmo sem resolver o mistério, trouxe à tona questões sobre negligência e direitos humanos.
Embora o mistério de Mary Doefour permaneça sem solução, sua história continua a ressoar como um lembrete das falhas nos sistemas de saúde mental e justiça social. O trabalho de Rick Baker, embora inconclusivo, foi um esforço significativo para dar voz a alguém que foi silenciada por tanto tempo.