No Brasil, as ligações automáticas indesejadas, conhecidas como robocalls, têm se tornado uma preocupação crescente. Estima-se que, mensalmente, cerca de 20 bilhões de chamadas sejam realizadas, sendo metade delas feitas por robôs programados para discar automaticamente. Essa prática tem levantado questões sobre privacidade e segurança, uma vez que muitas dessas ligações são usadas para fins ilícitos.
As robocalls não apenas incomodam os consumidores, mas também representam um risco significativo de fraude. Empresas de telemarketing frequentemente adquirem listas de dados pessoais de forma ilegal, incluindo números de telefone, sem o consentimento dos indivíduos. Isso levanta preocupações sobre a violação de privacidade e o uso indevido de informações pessoais.
Como as robocalls facilitam fraudes?

As robocalls são frequentemente utilizadas para enganar os destinatários. Uma das táticas envolve a alteração do DDD da ligação, fazendo com que uma chamada de uma cidade apareça como se fosse de outra, confundindo ainda mais as vítimas. Essa prática não apenas engana os consumidores, mas também dificulta o bloqueio das chamadas indesejadas.
Além disso, quadrilhas especializadas em crimes digitais têm se aproveitado dessas ligações para aplicar golpes sofisticados. As vítimas são induzidas a confirmar dados pessoais ou a aceitar ofertas fraudulentas, muitas vezes sem perceber que estão sendo enganadas. Isso pode resultar em perdas financeiras significativas e danos à reputação das vítimas.
Quais são as consequências das robocalls?
As consequências das robocalls vão além do incômodo. Muitas pessoas, por medo de atender números desconhecidos, acabam perdendo oportunidades importantes, como ofertas de emprego ou consultas médicas. Um exemplo é o caso de Gabriela Scholl, que perdeu um exame médico crucial por não atender uma dessas chamadas.
As robocalls também afetam empresas que operam de maneira ética, prejudicando sua reputação e dificultando a comunicação com clientes. Isso levanta questões sobre a responsabilidade das empresas de telecomunicações e a necessidade de regulamentações mais rigorosas para proteger os consumidores.
O que está sendo feito para combater as robocalls?
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem implementado medidas para combater as ligações abusivas. Desde junho de 2022, a agência conseguiu reduzir significativamente o número de chamadas circulando nas redes de telecomunicações. Uma nova medida, chamada “origem verificada”, está sendo implementada para garantir que os consumidores saibam quem está ligando e por quê.
Além disso, a Associação Brasileira de Telesserviços afirma que suas associadas trabalham com informações fornecidas pelos clientes e não compram listas de dados. Essas ações são passos importantes para reduzir o impacto das robocalls e proteger os consumidores.
Como os consumidores podem se proteger?
Para se proteger das robocalls, os consumidores podem adotar algumas medidas práticas. Entre elas, está o uso de aplicativos de bloqueio de chamadas, que ajudam a identificar e bloquear números suspeitos. Além disso, é importante não fornecer informações pessoais por telefone, a menos que se tenha certeza da identidade do interlocutor.
Os consumidores também devem estar atentos a ligações que pedem confirmação de dados pessoais ou oferecem ofertas que parecem boas demais para ser verdade. Em caso de dúvida, é sempre melhor desligar e verificar a autenticidade da chamada por outros meios.