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Estado de Minas Direto da Rússia

1001 LUGARES PRA SE VIVER: Convento-fortaleza de Novodevichy, em Moscou

Traduzido como Convento das Donzelas, saltam torres vermelhas, cúpulas douradas e prateadas que coroam a catedral e igrejas


29/06/2018 16:00 - atualizado 29/06/2018 16:18

Foi fundado em 1524, em celebração à reconquista de Smolensk, na guerra contra a Lituânia(foto: Wikimedia/Divulgação)
Foi fundado em 1524, em celebração à reconquista de Smolensk, na guerra contra a Lituânia (foto: Wikimedia/Divulgação)

Encarcerada na Torre de Naprudnaya, uma entre as 12 do Convento-fortaleza de Novodevichy, Sophia Alekseyevna (1657-1704), regente do Czarado da Rússia entre 1682 e 1689, perdera a disputa política para o seu meio-irmão Pedro 1º, que entraria para a história como Pedro, o Grande (1672-1725), primeiro imperador da Rússia. Pela estreita janela, o campo de visão de Sophia não alcançava o Rio Moscou, que corria ao largo das muralhas. Mas, antes, era dirigido aos corpos suspensos dos rebeldes, a quem ela apoiara nove anos depois do seu aprisionamento na revolta dos regimentos Streltsy (1698). Sophia, que aquele convento reformara e embelezara enquanto nele vivera nos anos da minoridade de seu irmão Ivan 5º e de Pedro, período em que, com mão de ferro regera a Rússia, ali morreu e foi enterrada.


Das brancas muralhas do Convento de Novodevichy, por vezes traduzido como Convento das Donzelas, saltam torres vermelhas, cúpulas douradas e prateadas que coroam a catedral, igrejas e torres. Encravada numa das curvas do Rio Moscou, a obra-prima da arquitetura ortodoxa russa é considerada uma das mais belas do país. Erigida entre os séculos 16 e 17, tinha também o claro propósito defensivo, antecipando ao Kremlin o alarme a qualquer sinal de batalha ou ameaça externa proveniente daquele flanco.


Com cinco domos em formato de poderosos capacetes ao topo de uma estrutura de formas simples, a Catedral de Nossa Senhora de Smolensk, à semelhança da Catedral da Dormição do Kremlin, foi a primeira a nascer ali, em 1524, por obra do grande príncipe de Moscou, Basílio 3º, que reinou entre 1505 e 1533. Foi dedicada ao ícone da Virgem Hodegétria de Smolensk (Aquela que mostra o caminho) para celebrar a reconquista do território de mesmo nome, sob domínio dos lituanos: as antigas terras de Rus (Rússia Kievana) haviam sido reunificadas.


Todo o complexo soma 14 edificações, entre as quais, além da Catedral de Nossa Senhora de Smolensk (1524-1525), um santuário, o campanário (1683-1690), que se eleva a 72 metros com a sua Igreja de Barlaão e Josafá, duas capelas e outras quatro igrejas, prédios residenciais e de serviços. Diferentemente da primeira catedral de pedras brancas e formas retas, coroada pelas cúpulas ortodoxas do século 16, a maior parte delas é do século 17 e foi feita Sophia Alekseyevna, no curto período de sua regência, dentro do estilo denominado Barroco de Moscou.


Sophia Alekseyevna não foi a primeira nem a última nobre exilada no Convento de Novodevichy, ligado aos grandes momentos da história russa. Para lá, o seu meio-irmão, Pedro, o Grande, também despacharia a primeira esposa, a czarina Eudoxia Feodorovna Lopukhina (1669-1731), para casar-se com aquela que ficou conhecida como Catarina 1ª da Rússia – reinou entre 1725 e 1727, depois da morte de Pedro.
O Convento de Novodevichy foi igualmente o destino da czarina Irina Godunova, que, aos 41 anos, ficou viúva do czar Teodoro 1º (reinou entre 1584 e 1598). Antes de se tornar freira, contudo, assumiu o comando da sucessão do trono, entregando-o ao seu irmão, Boris Godunov, que comandou a Rússia entre 1598 e 1605.  Teodoro e Irina não tiveram filhos. Terminava ali a dinastia Ruríquida, iniciada em 862, com o viking Rurik.


Assim como os muros externos do Kremlin de Moscou acolhem e celebram ao mundo grandes nomes de sua história, adjacente ao Convento-fortaleza de Novodevichy, no Cemitério de Novodevichy, também descansam ícones da literatura, físicos, matemáticos, líderes políticos e ex-presidentes. Ali reina o silêncio, por vezes quebrado num farfalhar ou num sussurro. Sabe-se lá de onde vem, dessa cosmopolita capital russa. Talvez da tumba de Vladimir Maiakovski (1893-1930): “É preciso arrancar alegria ao futuro. Nesta vida, morrer não é difícil.O difícil é a vida e seu ofício”.

 

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