Audiossérie Sofia: virtual, mas nem tanto

Audiossérie lançada pelo Spotify, conta com grandes nomes da televisão brasileira

Fernanda Gomes* 14/07/2020 07:21
SPOTIFY/DIVULGAÇÃO
Atores da audiossérie Sofia, disponível na plataforma do Spotify: inteligência mais do que artificial em jogo (foto: SPOTIFY/DIVULGAÇÃO)
E se houvesse pessoas por trás dos assistentes virtuais, respondendo a cada uma das perguntas feitas pelos usuários? Esse é o mote da audiossérie Sofia, lançada em junho pelo Spotify. A produção é a primeira do gênero feita pela plataforma e conta com a participação de nomes como Otaviano Costa, Monica Iozzi, Cris Vianna e Hugo Bonemer. Os sete episódios estão disponíveis gratuitamente.

A história traz Helena (Monica Iozzi), sonhadora e divertida, que começa a trabalhar na Orbital Tele Dynamics. A empresa é responsável por Sofia (Cris Vianna), vendida como a assistente virtual intuitiva e prestativa. Diferentemente do que os usuários pensam, Sofia não é uma inteligência artificial, mas composta por milhares de pessoas, incluindo Helena.

“Sou suspeito, mas eu estou muito feliz com os feedbacks. Será que o Spotify está comprando esse povo todo? É rapidinho, tem gente que liga e escuta tudo em um dia”, brinca o ator e apresentador Otaviano Costa. Os episódios tem, no máximo, 22 minutos.

Em Sofia, Otaviano dá vida ao personagem Carlos, chefe de Helena. “Ele é um cult dos tempos modernos. É tecnológico, energético, trata todo mundo quase como ratinho de experiência e encontra na Helena uma semelhança à sua imagem. Porque o Carlos já foi uma Sofia e é um apaixonado por isso”, adianta o ator. “Eles (Carlos e Helena) parecem irmãos mesmo. Nós dois juntos temos uma química estranha e maravilhosa, como amigos de infância”, comemora.

A representação, porém, não é de um telemarketing meramente reativo. “É uma distopia dos tempos modernos que se assemelha com a Siri (assistente virtual da Apple), mas em outro degrau, porque ela interfere nos acontecimentos”, avalia.

Esse dueto resulta em conflitos com Dani, personagem de Hugo Bonemer, ex-marido de Helena. “Ele (Carlos) fica com ciúmes do cara (Dani). Mas é um ciúme dúbio, a meu ver ele não quer que nada distraia Helena da Sofia”.

Para Bonemer o relacionamento entre Dani e Helena é bem complicado. “É a típica relação abusiva que todo mundo acha fofo. Porque ele é um peso na vida da Helena e tenta fazer chantagens psicológicas. A arte faz a gente refletir o que queremos e não da nossa vida”, pondera. Ele conta que teve muita liberdade ao interpretar Dani. “Em outros países, o Dani foi feito como um cara mais cheio de si. E eu achei que combinava mais se ele fosse um desses caras que não adquire muita responsabilidade".

Dani é tranquilo, meio mentiroso e preguiçoso. “Ele e a Helena terminaram há mais ou menos um ano e tudo o que ele quer é reconquistar ela”, explica. E o que virá por aí? “A série termina com um gancho gigantesco, com o Dani e a Helena partindo para uma aventura. E também acho que em algum momento a Sofia vai dar uma banana para os humanos e começar a pensar por conta própria”, especula.

REGRAVAÇÃO


A audiossérie é baseada em Sandra (2018), produção da Gimlet, adquirida pelo Spotify em 2019. Além da versão brasileira, foi lançada como Sara, na França, Susi, na Alemanha, e Sonia, no México. Para Otaviano Costa, o mundo retratado pela série não está muito longe de se tornar real. “Não duvido que a inteligência virtual será tão cheia de vertentes, que vai se assemelhar a um ser humano. Não duvido nada que neste exato momento estejam testando este modelo nas pessoas”, supõe.

Bonemer o acompanha. “Eu sinto que, por mais que a série tenha sido gravada no ano passado, essa solidão que estamos sentindo (de pandemia e isolamento social) faz com que ela seja a mais atual possível. Ela fala sobre pessoas conversando com máquinas e estamos fazendo isso”, defende, ao ressaltar as chamadas de vídeos e conversas por mensagens pelas quais as pessoas estão mantendo contato na quarentena.

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Eduardo Murta

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