Série documental 'Pandemia', da Netflix, é o retrato dos novos tempos

Filmada em vários países em 2019, produção mostra como o mundo está despreparado para enfrentar os vírus que ameaçam a humanidade

Mariana Peixoto 10/04/2020 06:00
Netflix/divulgação
O pneumologista indiano Dinesh Vijay luta pela saúde pública (foto: Netflix/divulgação)


Em 22 de janeiro, comitê da Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu não declarar como emergência global o surto de um novo vírus originado na China. Na época, não havia as devidas evidências para tal – essa foi a justificativa. Pois naquele mesmo dia, dois meses e meio atrás, a Netflix lançou, mundialmente, a série Pandemia.
 
A premissa da produção documental, dividida em seis episódios e rodada em vários países durante cinco meses de 2019, foi mostrar que não era uma questão de “se”, mas de “quando” ocorreria uma pandemia global de gripe. Sincronicidade. Esse é o maior trunfo (e há outros), como também a maior fragilidade de Pandemia. Hoje, dado o desdobramento trágico do surto do novo coronavírus surgido na China no final de 2019, a série ganhou muita visibilidade.
 
Não, ela não fala do novo coronavírus da mesma forma como a cobertura diária da imprensa. Mas explica, passo a passo, como o mundo estava despreparado para a chegada de uma nova gripe espanhola, passados 102 anos desde a peste que matou milhões de pessoas em todo o planeta.
 
Pandemia nos é apresentada quase como uma novela da vida real. Dramática e didática na medida, mas também com alguns respiros de leveza, a narrativa é construída a partir de alguns personagens-chave.


 
Temos Syra Madad, responsável por preparar os hospitais de Nova York contra surtos de doenças infecciosas; Jake Glanville, fundador de uma startup em São Francisco que tem a pretensão de criar uma vacina universal contra a gripe; Holly Goracke, a única médica do Jefferson County Hospital, em Waurika, interior de Oklahoma; Dinesh Vijay, pneumologista do maior hospital público de Jaipur, na Índia; Dennis Carroll, cientista criador do programa Predict, que, na Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), investigava vírus em animais que poderiam ser transmitidos para os seres humanos.
 
É Carroll o personagem que começa e termina a série, explicando de forma clara como a gripe espanhola (1918) nasceu e dando o caminho para a chegada do novo coronavírus. O primeiro episódio, com montagem rápida, traz momentos angustiantes, semelhantes aos que estão ocorrendo em hospitais mundo afora neste momento. Só que ali os profissionais, fossem dos grandes centros médicos de Nova York ou do pequeno Jefferson County, lidavam com surtos de gripe H1N1. E o que fica claro no início da narrativa é que ninguém, fosse nos EUA ou na Índia, estava preparado para o que estamos passando agora.
 
A partir desse primeiro episódio – todos eles são divididos por capítulos curtos –, outras histórias vão sendo costuradas. Há a mãe de cinco crianças contrária a toda e qualquer vacina, tem a enfermeira aposentada que trabalha como voluntária em um posto que recebe imigrantes na fronteira com o México, tem o médico da OMS que atua no Congo contra a epidemia de ebola.

Mesquita


Os personagens são para lá de diversos e interessantes. É difícil não sentir empatia pela doutora Syra Madad, muçulmana mãe de dois filhos e esperando a terceira. Com uma agenda apertadíssima, ela ainda arruma tempo para frequentar uma mesquita em Nova York. Ou então pelo hipster Jake Glanville, que vai de skate para sua empresa, onde atuam cientistas bem jovens – o grupo, que viaja até a Guatemala para fazer testes da vacina universal em porcos, aguarda ansiosamente uma resposta ao financiamento solicitado à Fundação Bill Gates.
 
A grande fragilidade de Pandemia é justamente ser o retrato de seu tempo. Como série, mesmo sendo um bem engendrado alerta, é datada. Só faz sentido vê-la agora, já que as consequências da COVID-19 são imprevisíveis. E, por ora, só temos uma certeza: depois que o coronavírus passar, a narrativa será outra.

PANDEMIA
. Direção: Isabel Castro, Danni Mynard, 
  Doug Shultz, Ryan McGarry e Arianna LaPenne
. Seis episódios
 . Disponível na Netflix

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.



Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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