Gay e com paralisia cerebral, Ryan O'Connell é o astro de "Special"

Ator e escritor interpreta a si mesmo na série da Netflix, que estreia nesta sexta (12) e é produzida por Jim Parsons, protagonista de "The big band theory"

por Estadão Conteúdo 12/04/2019 09:09
O título da autobiografia do roteirista e ator Ryan O’Connell não poderia definir melhor sua nova série para a Netflix: I’m special: and other lies we tell ourselves (Eu sou especial: e outras mentiras que dizemos a nós mesmos).

O’Connell é gay e tem uma leve paralisia cerebral, o que dificulta alguns movimentos. O jeito que encontrou para lidar com essas questões? O humor. Depois de brincar com as situações de sua vida no livro, ele levou seus dramas, de forma totalmente cômica, para Special, que estreia nesta sexta-feira (12), no serviço de streaming.

Com oito episódios, a primeira temporada traz Ryan como ele mesmo. Depois de passar anos vivendo entre sua casa, trabalhando como blogueiro, e alguns hospitais, por conta de sua condição física, o Ryan personagem começa a trabalhar fora, numa redação. Decide sair do armário, assumir-se gay, começar a namorar homens.

Mas nada parece dar certo. No trabalho, as pessoas acreditam que ele está mancando devido a um recente acidente de carro (que ocorreu na vida real). Ryan não leva jeito para encontros. Como resultado disso, vê-se obrigado a sair do armário duas vezes, sobre sua sexualidade e sobre a sua paralisia cerebral.

“Sempre me senti frustrado pela falta de representação de sexo gay na TV e no cinema”, declarou O’Connell ao site Vulture. Ele começou a carreira de roteirista na série adolescente Awkward e trabalhou em temporadas da clássica Will & Grace. Agora, acabou de ser contratado como um dos roteiristas da nova versão de Barrados no baile (90210).

Special foi a primeira série que escreveu sozinho. Por decisão da produtora, os episódios têm apenas 15 minutos, mas O’Connell já planeja a segunda rodada com 30, formato da maioria dos sitcoms americanos.

Antes de a série ser comprada e produzida pela Netflix, ele nunca havia atuado. “Ninguém me preparou para o fato de que viver uma versão mais jovem e mais danificada de você mesmo pode te ferrar psicologicamente”, diz. “Foi a parte mais difícil do trabalho, como, emocionalmente, foi intenso lidar com as questões com homens e com as cenas de sexo.”

Estresse Para ele, outro grande desafio é ser rotulado como representante de pessoas com deficiência na TV. “É estressante ser um dos primeiros protagonistas com deficiência da TV. É difícil, pois sei que a série não vai falar para todas as pessoas com deficiência. Não dá para falar com todo mundo.”

Ainda assim, O’Connell reconhece a importância disso, inclusive para sua carreira. Por causa de uma postagem sobre sua doença, quando era blogueiro, o ator Jim Parsons, o Sheldon de The big bang theory, entrou em contato com ele. Hoje, Parsons é o produtor executivo de Special. 
Netflix/divulgação
(foto: Netflix/divulgação)

SPECIAL
• Oito episódios
• Estreia nesta sexta (12), na Netflix

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