BBB18: Kaysar é vice-campeão e ONU vai ajudar a trazer sua família da Síria

O sírio garantiu o segundo lugar no reality e levou prêmio de R$ 150 mil. Tiago Leifert avisou que Organização das Nações Unidas está empenhada em ajudá-lo

por Estado de Minas 20/04/2018 00:05
TV Globo
(foto: TV Globo )
Kaysar não levou o grande prêmio do BBB18, mas parece que vai realizar seu maior sonho: trazer a família que está na Síria para o Brasil. Após anunciar a acreana Gleice como a campeã da edição e Kaysar em segundo lugar, o apresentador Tiago Leifert disse que a Organização da Nações Unidas (ONU) vai ajudar e trazer os pais e a irmã do sírio para o Brasil. Com 57,28% dos votos, Gleice garantiu o primeiro lugar. Kaysar recebeu 39,33% dos votos e a Família Lima, 3,39%. 

Kaysar nasceu em Alepo, na Síria. Viu a guerra de perto e mudou de continente: veio para o Brasil e atualmente mora em Curitiba, no Paraná. “Não sei de onde tirei essa ideia, o destino me colocou no melhor lugar do mundo. O que o Brasil fez comigo mudou minha vida inteira”. O encontro com a família é um dos objetivos que fizeram Kaysar se inscrever no reality. “Eles estão lá, debaixo das bombas, debaixo da guerra. Eu evito falar sobre esse assunto. Perdi muitos amigos, perdi uma namorada, meu tio, minha avó... Perdi muita coisa. Eu saí em 2011 e disse que ia voltar, mas não consegui. Dei a minha palavra e não cumpri. Mas não fui eu que não quis, foi o destino”, conta. 

O brother trabalhava como garçom, treinador de papagaios e animador de festas infantis nas horas vagas. Ele ainda fala cinco idiomas - árabe, português, russo, francês e inglês. Quando recebeu Vivian no quarto do hotel, revelou que sua estratégia no jogo era "ser feliz" como é naturalmente. E assim fez. O brother conquistou o favoritismo do público com seu estilo descontraído e aparentemente inocente. Logo nas primeiras semanas do programa, já era tido como "campeão" da edição.

No entanto, a popularidade do sírio entre muitos espectadores caiu após seu relacionamento com Patrícia. A situação piorou depois que ele votou em Gleici para o paredão sob influência da parceira - a cearense ficou tão mal vista que foi eliminada com 94,26% dos votos. Nas redes sociais, muitos fãs do programa se mostraram decepcionados com as escolhas do brother dentro da casa, afirmando que sua "máscara" estaria "caindo".

A formação do décimo paredão também foi de provação para o sírio. Kaysar era líder e indicou Wagner para a berlinda e, após a votação da casa, um empate entre Viegas e a família Lima colocou a decisão nas mãos do brother, que enviou Ayrton e Ana Clara para a linha de tiro. No entanto, a decisão do líder não foi bem aceita por 'papito'. O patriarca encarou a atitude de Kaysar como "traição" e assumiu que se decepcionou com o brother. No dia da eliminação, que culminou com a saída de Wagner, Ayrton chorou na edição ao vivo depois de apontar o voto de Kaysar na família Lima como o fato mais dolorido do paredão: "Eu fiquei parecendo a pior pessoa do mundo", disse o sírio sobre a situação. 

Kaysar sempre teve um relacionamento próximo com o "lado negro" do programa. Na medida em que seus amigos foram saindo, o brother se viu "atacado" dentro da casa. Os demais brothers começaram a denunciar que ele era "fake" e um "personagem", além de duvidar da sua história de vida e condição financeira. Inclusive Ayrton, que sempre foi só elogios a Kaysar e declarou diversas vezes gostar muito do brother. Após a indicação, 'papito' passou a falar mal do colega de confinamento pelas costas e foi visto como 'falso'. Quando o sírio conquistou sua primeira liderança, Ayrton comentou sobre as fotos da família colocadas pela produção no quarto do líder. O pai de Ana Clara afirmou que, pelas roupas, é possível afirmar que os pais do brother não eram pobres. Paula também já chamou a atenção para uma jaqueta de grife, da marca italiana Dolce & Gabbana, que Kaysar usou dentro do confinamento. 

O sírio também foi alvo de xenofobia por parte de alguns participantes, principalmente Wagner e Paula, que ressaltaram que, pelo fato de ele ser estrangeiro, ele não deveria ganhar o reality. “O cara é um zé ruela. Gringo! Se um gringo ganhar o ‘Big Brother Brasil’, pronto acabou. Aí acabou o mundo. Pode desabar”, protestou Wagner após ser indicado ao paredão pelo mesmo. Paula chegou a dizer que ele deveria disputar "o Big Brother lá da Síria". Durante a prova de resistência na qual Kaysar permaneceu por 43 horas, quando o brother afirmou ter "medo" de falar sobre a situação no seu país, a mineira também discordou de sua postura e opinou que a "a população síria tem que reagir de alguma forma contra o governo" para acabar com a guerra. Em sua justificativa para permanecer na casa ao ser indicada por Kaysar ao paredão, ela começou dizendo que é "brasileira raiz" e citou que seu avô foi combatente da FEB. 

Fora da casa, o público teve a mesma desconfiança com o brother e "nasceu" uma batalha para provar quem realmente precisava do prêmio de R$ 1,5 milhão. O Twitter oficial de Kaysar chegou a publicar uma foto dos pais do sírio, em Aleppo, na Síria. "Pais do Kaysar atualmente em Aleppo. Vai dar tudo certo Dadours", escreveram. Na imagem, é possível ver os escombros da guerra ao fundo. Além disso, um banner do atual presidente, Bashar al-Assad está exposto no local. A publicação foi vista como resposta aos telespectadores que criticaram e duvidaram da história do brother, dizendo que os pais não estariam na Síria. Nesta edição, o engajamento nas redes sociais aumentou e as torcidas adotaram tom próximo do fanatismo. Troca de xingamentos entre as torcidas e comentários de teor preconceituoso sobre os participantes foram comuns. Kaysar já foi chamado até de "terrorista", devido a suas origens. 

No jogo, Kaysar teve seu momento de redenção após ceder a imunidade para Ana Clara, depois de protagonizarem a prova mais longa de resistência na história do BBB. Em atitude surpreendente, ele decidiu arriscar sua permanência na casa, depois de uma longa conversa ao vivo com a sister. O apresentador Tiago Leifert chegou a se emocionar com o gesto do sírio: "Kaysar, você é grande!". 

"Não é possível. Ninguém é alegre assim o tempo inteiro. Ops, é o Kaysar", definiu Tiago Leifert na reta final. Kaysar fez por valer sua experiência no reality e se divertiu. Além de se mostrar um exímio dançarino, o sírio participou do concurso de 'melhor bumbum masculino', importunou as noites dos demais confinados com guerra de travesseiros, completou o desafio de dar mais de 1000 voltas na piscina, beijou, seduziu, fez massagem nas sisters, comeu MUITA goiabada (12 quilos até o final de fevereiro) e, principalmente, gritou muito. 

Ele também chegou a mudar de visual pelo menos 10 vezes durante o confinamento: descoloriu a barba, fez a barba no estilo Wolverine, raspou apenas um lado da cabeça, cortou moicano, deixou Wagner fazer uma "arte" no seu cabelo, fez riscos na sobrancelha, deixou o visual como Ronaldo Fenômeno na Copa de 2002, permitiu que Caruso desenhasse na sua cabeça, raspou todo o cabelo e, para finalizar, fez listras e cravou que foi seu melhor penteado no programa. Os bordões 'cara' e 'caraco' também estiveram presentes (e muito!) na boca do brother durante sua trajetória. E claro, ninguém se esquecerá do seu fiel companheiro 'pirata' - uma garrafinha com estampa de papagaio com quem o brother conversava. 

Kaysar sempre demonstrou gratidão ao Brasil por ter o acolhido como refugiado: "Muitos países não aceitam que eu entre porque sou da Síria. Não me deixam entrar pela porta do país, não me deixa entrar no avião. O que significa a Síria? Bomba, guerra, terroristas. Mais de 95 países não me aceitaram. Então, eu vou proteger o Brasil. O Brasil me deixou entrar, sem cobrar nenhum tostão de mim. Me deu uma vida, me deu documentos, consegui um trabalho e estou legalizado. Igual você tem direito, daqui poucos anos eu serei naturalizado brasileiro, com muito orgulho. Então, o que é o Brasil pra mim? Uma vida. Não sei quantos países que ficam falando do ser humano, de liberdade... me ignoraram, me jogaram fora, que nem um cachorro. O Brasil me deu uma vida, então não posso chegar aqui e ficar reclamando, ficar triste. Eu ganhei uma vida, então vou aproveitar essa vida", desabafou ele dentro do reality

Os fãs do sírio também foram grandes protagonistas da edição. Nas enquetes sobre quem deveria vencer o programa, Kaysar e Gleici se alternaram no primeiro lugar ao longos dos três meses de confinamento. A sua torcida, intitulado como 'caracos', sempre foi muito atuante nos paredões e deu uma demonstração de força ao conseguir eliminar o empresário cearense Lucas do jogo – Lucas havia sido indicado por Kaysar e disputou o paredão com Diego, que contava com alto índice de rejeição –, garantir o recorde de rejeição de Patrícia – 94,26% dos votos em um paredão triplo, disputado com Diego e Caruso – e também impedir uma porcentagem maior para Diego, ao declarar ser #ForaGleici e fazer com que a sister tivesse um índice de rejeição maior do que o esperado. 

O sírio Kaysar chegou na final do BBB18 depois de disputar três paredões (enfrentou a família Lima e Caruso, seguido de Jéssica e, por último, Breno na reta final), e vencer três provas do líder. "Brasil, muito obrigado por tudo. Nunca imaginei que ia chegar nesse ponto. Eu quero ajudar minha família, tirar da guerra. Sou assim, bem aberto", declarou ele sobre o por que merecia vencer o programa. E venceu: parabéns Kaysar! 

MAIS SOBRE SERIES-E-TV