'Os dias eram assim' chega ao fim sem surpreender

Supersérie contou com o esperado 'final feliz' e homenagem às vítimas reais da aids

por Estadão Conteúdo 19/09/2017 10:33
TV Globo/Reprodução
Suzana Vieira, Natália do Vale e Cássia Kiss foram destaque. (foto: TV Globo/Reprodução)
Os dias eram assim chegou ao fim nesta segunda-feira, 18, na Globo, com algumas cenas interessantes, mas sem grandes surpresa nem reviravoltas. Depois de passar a supersérie praticamente inteira penando na mão de Vitor (Daniel de Oliveira), o casal central da trama, formado por Renato (Renato Góes) e Alice (Sophie Charlotte), conseguiu o esperado ''happy end''. Não deu nem tempo para torcer para que a mocinha sobrevivesse depois que ela entrou na frente de Renato e levou, no lugar do amado, o tiro disparado por Vitor. Foi tudo tão rápido que logo ela apareceu recuperada no leito do hospital.

As veteranas Suzana Vieira, Natália do Vale e Cássia Kiss novamente roubaram a cena em momentos especialmente emocionantes: Suzana, como Cora, ao receber a notícia da morte do filho Vitor; Natália, como Kiki, ao se despedir da filha Nanda, que morre por complicações causadas pela aids; Cássia, como Vera, ao reunir em casa sua família nada tradicional, em plena harmonia. Ao longo da supersérie, aliás, houve muitos ''duelos'' das três atrizes em cena: ora Suzana com Natália, ora Natália com Cássia. 
 
A jovem atriz Julia Dalavia fez um trabalho particularmente tocante como Nanda, que teve como ápice o momento em que ela contou à mãe e à irmã que era soropositiva. O desfecho de Nanda já era esperado, assim como o de muitos que eram diagnosticados com aids em pleno anos 1980, quando ainda não havia um tratamento que desse sobrevida maior aos infectados como atualmente.

Nanda casou-se com Caíque e morreu em sua casa, perto da família. Depois, vários personagens da série se reuniram para homenagear as vítimas reais da aids e lembrar que a doença ainda não tem cura.

O torturador Amaral (Marco Ricca) saiu impune de seus atos hediondos e foi eleito deputado. No entanto, a cena em que ele revela para a mulher o conteúdo de uma fita guardada da época em que ele torturava presos políticos na ditadura não fez sentido. Não pela revelação em si, mas pela postura da mulher de Amaral. Até capítulos recentes, ela parecia sentir cada vez mais ojeriza por Amaral, e, no último capítulo, como num passe de mágica, ela aparece conivente com o passado obscuro do marido. 

As imagens históricas, por sua vez, foram uma boa sacada para a passagem do tempo que se propôs nesse fim de trama, dos anos 1980 até os dias atuais. E elas ajudaram a aproximar momentos separados por décadas, como cenas de manifestações pelas Diretas Já!, que, num primeiro instante, pareciam registradas em protestos recentes, mas que, olhando melhor, eram dos anos 1980, ou ainda da luta pela preservação da Amazônia, que era um clamor do passado e continua na pauta de reivindicações nos dias de hoje.

Com uma trama irregular e um bom elenco, Os dias eram assim terminou com Alice e Renato juntos na velhice, décadas depois. O amor, enfim, venceu. A cena não foi arrebatadora, mas entregou o que público busca nos folhetins: o tal do final feliz.

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