Terceira temporada de 'Bipolar show' traz Wagner Moura na estreia

Ator conversa com o apresentador Michel Melamed no programa do Canal Brasil que terá 26 novos episódios

por Mariana Peixoto 19/09/2017 09:50

É o sonho de qualquer apresentador de TV. Encontrar seu convidado sem uma pauta pré-estabelecida; deixá-lo à vontade para falar o que quiser sobre qualquer assunto; não ter nenhuma restrição do canal que exibe o programa.

Canal Brasil/Divulgação
Wagner Moura já chegou 'causando' no principal cenário da atração, o antigo Cassino da Urca (RJ) (foto: Canal Brasil/Divulgação)

“Não sei se todo o mundo quer se expor tanto, mas seria um sonho se todos os programas e espetáculos as pessoas quisessem se expor”, comenta Michel Melamed. Bem, ele não é um apresentador de TV. Tampouco Bipolar show um talk show tradicional. Diante disto, tudo é possível na atração. A terceira temporada, com 26 novos episódios, estreia hoje 19), no Canal Brasil.

 

É Wagner Moura o convidado da primeira edição. Ele já chega “causando” no principal cenário da atração, o antigo Cassino da Urca, mais tarde Teatro Tupi, palco da primeira emissora de TV brasileira, hoje um espaço enorme abandonado. Há ainda uma outra locação, externa, no campus da UFRJ.

 

Wagner e Melamed vão batendo bola com muita facilidade. O ator fala sobre a pior coisa que vê no posicionamento da esquerda atual, o patrulhamento ideológico. Diz que outro dia lhe pediram para afirmar que fuma maconha, pois isto é importante para o debate atual. “Disse não, eu não fumo, não me faz bem”. Fala sobre a saudade do pai, um sargento da Aeronáutica que fugia do estereótipo do militar. “Era um cara muito afetuoso, lembro dele todo dia”.
A conversa é sempre muito editada, um assunto logo vai a outro. Nem tudo é papo sério. Anfitrião e convidado criam, ao vivo, a marchinha Boquinha brilhosa, uma sátira ao brilho labial que atores são obrigados a usar nas gravações quando estão com os lábios ressecados.
“Esta temporada está mais crua, essencial. Tanto que o cenário perdeu tudo e ficou apenas com as linhas do mobiliário. Quis fazer diferente porque a temporada anterior, num galpão, tinha público (uma arquibancada para até 100 pessoas), muitos quadros, performances. Foi uma temporada muito para fora. Quis então fazer esta para dentro”, diz Melamed.
No programa tudo pode acontecer mesmo. Durante a conversa no antigo Cassino da Urca – “o espaço está daquele jeito há décadas; é o retrato triste e fiel do Brasil que a gente tem visto” – um rato passeia pela locação. Já na UFRJ, os atores são assistidos por alunos que passeavam pelo local na hora da gravação. Alguns são chamados, de bate-pronto, para falar com eles. Tudo regado a muitas baforadas de cigarro, algo que a TV de hoje tenta esconder.
Outros convidados desta temporada são Débora Falabella, Eliane Giardini, Luis Miranda, Bárbara Paz, Chacal. “O critério que uso para convidar são pessoas que eu ame. E este amar tem um amplo escopo. Pode ser tanto gente do ponto de vista do afeto; ou gente que eu admire. O objetivo é sempre ter um bom encontro, falar o que quiser. Não tem pegadinha, saia justa. É uma relação de afeto e confiança”, finaliza Melamed.

INSERT
Aos 41 anos, Michel Melamed é ator, apresentador de TV, dramaturgo, diretor. “Artista”, define ele. Ou então poeta, ele se corrige. Nos palcos, ele é mais conhecido pela chamada Trilogia brasileira, formada pelos monólogos Regurgitofagia (2004), Dinheiro grátis (2006) e Homemúsica (2007). Misturando artes plásticas, poesia, stand up e performance, os espetáculos faziam uma crítica bem-humorada ao mundo contemporâneo. O mais recente espetáculo de Melamed, Monólogo público, chega a BH em outubro – será apresentado nos dias 21 e 22 no Teatro Sesiminas. “É um espetáculo sobre a linguagem e o ponto de partida é o começo da história da minha vida. Vou deste início até chegar ao próprio espetáculo.” Em cena, Melamed fica sobre um palco (que pesa 450 quilos) montado em cima do palco do teatro.

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