Morte súbita de atletas relacionadas com a COVID-19

"Temos que fazer melhor triagem dos atletas, principalmente na era da COVID-19, e assim podemos minimizar os riscos de morte súbita nessa parcela da população"

Pexels/Pixabay
(foto: Pexels/Pixabay)

Apesar da alta aptidão cardiorrespiratória, atletas de todas as idades e sexo podem sofrer de problemas de saúde, inclusive doenças cardíacas, por vezes ocorrendo morte súbita durante o treinamento ou em uma competição.

Temos a impressão que os atletas são muito saudáveis, mesmo estando em forma, e pode acontecer que apresentem doenças às vezes graves e que podem levar a morte súbita. A morte súbita cardíaca é um exemplo. As causas de morte súbita em atletas variam, com a incidência de morte estimada entre 1 em 40 mil a 1 em 80 mil pessoas.

Em atletas com idade inferior a 35 anos as condições cardíacas herdadas, como a miocardiopatia hipertrófica e a origem anômala das artérias coronárias junto com as mortes elétricas, como a síndrome do QT longo, são as causas mais comuns.

A principal causa de morte súbita em atletas com idade superior a 35 anos é a doença aterosclerótica coronária, geralmente relacionadas ao estilo de vida. A subnotificação em todas as idades de morte súbita pode ocorrer no contexto dos esportes recreativos.

Embora a morte súbita em atletas é rara, mesmo um único caso representa um excesso, especialmente considerando que seria uma morte evitável. Na grande maioria dos casos, a morte súbita em atletas é causada por doença pré-existente.

Vamos fazer uma lembrança do risco adicional da infecção por COVID-19, e vacinação.

Primeiramente, vamos falar da miocardite, que é um fator de risco para morte súbita cardíaca. Essa doença inflamatória não isquêmica do músculo cardíaco pode levar a disfunção cardíaca, arritmias frequentemente resultantes de infecções e ou agressões autoimunes, sendo a miocardite viral em atletas assintomáticos uma causa comum especialmente nos menores de 35 anos.

Descobertas de miocardite em atletas competitivos assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos e membros das forças armadas americanas, durante ou após a infecção por COVID-19, usando a ressonância nuclear magnética, foram recentemente descritas.

Em um estudo de 1.626 casos de miocardite em um relatório nacional de vigilância passiva nos EUA, taxas dentro de sete dias após a vacinação, excederam as taxas esperadas em muitas faixas etárias e sexuais e foram maior após a segunda dose de vacinação em homens adolescentes e em homens jovens.

Um estudo de 1.597 atletas de competição universitária nos EUA, após a infecção pelo COVID -19, 37 atletas foram diagnosticados com miocardite clínica.

De fato é de nosso conhecimento, há algum tempo, que a atividade física pode aumentar o risco de morte naqueles com miocardite e outras condições cardiovasculares. Por exemplo, em estudo de autópsia dos recrutas da Força Aérea dos EUA, com morte súbita cardíaca, a atividade física era um fator de risco, com miocardite como o fator subjacente suspeito mais comum.

Numerosos outros estudos demonstram resultados similares e mostram que a prevalência de sinais na ressonância nuclear magnética do coração, a imagem da miocardite está na faixa de 1% a 3 % nos atletas após o resultado de COVID-19 estar positivo.

Exercício de alta intensidade, um fator de risco comum para overtraining (super treinamento), pode exercer uma queda da imunidade, elevando o risco de inflamação no miocárdio.

Com miocardite, exercícios de alta intensidade podem desencadear uma resposta inflamatória suficiente para promover mudanças estruturais no coração e originar arritmias graves, fatais.

As vacinas contra a COVID-19 podem aumentar a inflamação do endotélio (parte mais íntima do vaso em contato com o sangue), ocorrendo o aumento no risco de trombose, dilatação cardíaca e outros eventos vasculares após a vacinação em atletas.

Sabidamente conhecemos que as vacinas da AstraZeneca e da Jansen são capazes de ocasionar casos de trombose e que a vacina da Phizer caracteristicamente é indutora de miocardites.

Aprendemos que temos que fazer melhor triagem dos nossos atletas, principalmente na era da COVID-19, e assim podemos minimizar os riscos de morte súbita nessa parcela da população.