Saúde Plena

Coronavírus: enquanto a vacina não vem, atenção para a prevenção

No restaurante, no supermercado, na fila do banco, nas salas de espera e corredores de hospitais tem ao menos duas pessoas conversando sobre coronavírus e Bolsa de Valores. E não é para menos.


Os acontecimentos desta semana aumentaram o sinal de alerta: a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia de coronavírus, o número de casos no Brasil passou de 70 e mais de mil óbitos dos 15 mil casos na Itália. Em momentos como este surge uma pergunta e um desejo entre todos nós: Quando teremos a vacina?

Apesar de já existirem pesquisas promissoras, a resposta ainda não veio. O processo de criação e produção de uma vacina não é tão simples e passa por diversas fases, que duram meses e até anos - é necessário comprovar a proteção e também certificar o não malefício de uma vacina.

Em 1789, o médico britânico Edward Jenner desenvolveu a vacina contra a varíola, a primeira de que se tem notícia. A confiança do cientista foi tão grande que a partir da observação elaborou sua teoria e metodologia: o contato com formas mais brandas de doenças podem conferir proteção contra essas doenças. Volto ao meu primeiro artigo para lembrar que nascemos com o “antivírus” já instalado, mas as vacinas cumprem uma função espetacular de atualização do nosso sistema imunológico - por isso são tão importantes.

Para produzir uma vacina, é preciso de tempo e muito estudo não é aceitável e nem seguro seguir a risca os passos de Edward Jenner. Ela pode ser produzida a partir dos próprios agentes causadores das doenças, enfraquecidos, mortos ou com algum derivado deles. O primeiro passo é identificar o agente causador da doença e como ele age. Com essa informação, os especialistas iniciam as fases de testes para saber qual a dosagem, tempo de imunidade, necessidade de dose de reforço e reações adversas.


O objetivo final é desenvolver algo que possa ser usado na maioria da população com segurança e eficácia. Um teste próximo do ideal deve contemplar diversidade de sexo, idade, presença de outras doenças e regiões.

Fases de pesquisa e tempo


Para que seja desenvolvido um medicamento ou vacina é necessário que seja realizada pesquisa científica séria e que segue protocolos internacionais. Respeitando a ética, a ciência e as boas práticas é possível desenvolver soluções de qualidade. São 4 fases após as fases pré-clínicas que devem ser respeitadas. Após serem aprovadas, é possível avançar para as fases clínicas. As fases pré-clínicas são ambientes controlados, são situações de laboratório que podem ser utilizados animais ou outros recursos laboratoriais.

1. Fase I - Primeiro teste em humanos. Cerca de 20 a 100 pessoas saudáveis participam para avaliar via de administração, dose, segurança e interações Duração: Vários meses;

2. Fase II - Participam indivíduos que podem ser portadores de doenças ou outras condições, com o objetivo de pesquisar mais sobre segurança e entender melhor a eficácia do tratamento. Duração: em torno de 2 anos;
3. Fase III - São estudos realizados em vários locais simultaneamente, com mais de 5 mil participantes por tempo maior e, se possível, comparando com outros tratamentos já existentes. Procura-se entender melhor a eficácia e segurança do tratamento. Concluída esta etapa é possível avançar no registro do novo produto. Nesta fase são introduzidas as famosas comparações com placebo. Duração: Em torno de 5 anos;
4. Fase IV - O produto já está disponível e em uso no mercado e através da farmacovigilância nesta etapa todas as pessoas são observadas para avaliar o desempenho do produto e também conhecer novas indicações. Duração: Contínuo.




O maior desejo diante desta pandemia é a descoberta de qual a forma de ativar a nossa proteção. Como todos os acontecimentos que estamos vivendo são muito recentes, ainda não conseguiram identificar um agente imunizante totalmente eficaz - mesmo com o setor público e privado e até mesmo startups de saúde focados neste objetivo.

Até lá, nunca é demais repetir as orientações de segurança e proteção divulgadas pela OMS e Ministério da Saúde:

- Lavar as mãos com água e sabão frequentemente;
- Usar álcool gel nas mãos;
- Evite contato com olhos, boca e nariz;
- Proteger a boca quando for tossir para não espalhar gotículas de saliva;
- Usar lenços descartáveis;

- Evitar lugares cheios;
- Tratar quadros leves em cada e procurar um hospital apenas para quadros graves.
- Consumir conteúdos confiáveis e de qualidade para evitar a propagação das fake news. Assim como você já faz ao acompanhar esta coluna.

Tem dúvidas ou sugerstão de tema? Escreva pra mim e envie para: ericksongontijo@gmail.com