Doença trofoblástica gestacional: o impacto de centros de referência

Por ser uma doença menos comum, as chances de cura são maiores em centros de referência. Essa é a neoplasia mais curável da espécie humana

Carolina Vieira 26/03/2021 06:00

Daniel Reche/Pixabay
(foto: Daniel Reche/Pixabay)

Na semana passada, iniciamos uma conversa com os ginecologistas Gabriel Osanan e Maria Amélia, referências em doença trofoblástica gestacional no Hospital das Clínicas da UFMG. Dando continuidade ao bate-papo, reforçamos a importância dos centros de referência para acompanhamento dessas pacientes.

1 - É difícil ter acesso aos tratamentos para doença drofoblástica gestacional pelo SUS?

Hoje, no Brasil, existem centros de referência para a doença em todos os estados. Portanto é possível ter acesso ao tratamento em várias partes do país. A lista dos centros de referência de cada estado está disponível na página do facebook da Associação Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional. Em Minas Gerais, o Centro de Doença Trofoblástica Gestacional é no Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte.

2 - Normalmente, as chances de cura são altas?

As chances de cura das mulheres com uma neoplasia trofoblástica gestacional são muito altas, ultrapassando 90% de cura. É importante destacar que essa é a neoplasia mais curável da espécie humana. Mas, para atingir a cura, é importante que a paciente tenha acesso ao tratamento correto, no momento adequado e que, durante o tratamento, siga as recomendações da equipe médica. Por ser uma doença menos comum, as chances de cura são maiores em centros de referência.

3 - A mulher pode engravidar após esta doença?

As mulheres podem engravidar sim após essa doença e, na maioria das vezes, as gestações vão ocorrer sem nenhum problema. Contudo, a gestação estará liberada após um período de acompanhamento de cura. Nos casos de mulheres que tiveram um caso de mola hidatiforme não complicada, elas poderão engravidar, em geral, após seis meses de exames negativos de HCG.

Já para as pacientes que necessitam de quimioterapia para tratar a doença, o tempo de acompanhamento após o tratamento é maior, e em geral, autoriza-se engravidar após um ano do fim da quimioterapia e de exames negativos de HCG. Mas cada caso é um caso, e isso deverá ser definido pela equipe que acompanha a paciente.

Contudo, é essencial não esquecer que, durante o acompanhamento de cura, a paciente não pode engravidar e deve usar métodos de contracepção efetivos (com exceção do DIU) e de forma correta.

4 - Na opinião de vocês, por que se discute pouco sobre este tema?


A doença trofoblástica gestacional não é tão comum. Assim, pode ser pouco conhecida das pessoas e também de profissionais de saúde. É necessário discutir mais o tema, pois essas mulheres, em sua maioria, têm cura se forem adequadamente tratadas e, no Brasil, os estudos mostram que a sua ocorrência é mais comum do que em países como Estados Unidos e na Europa.

5 - Qual a relevância de centros de referência para neoplasia trofoblástica?


Por ser uma doença menos comum, os estudos mostram que as pacientes que são tratadas em centros de referência têm melhores resultados e maiores chances de cura. Mas é importante ressaltar que as pacientes devem chegar o quanto antes para esses centros, para receberem o tratamento correto, e em tempo adequado.

6 - Quais os profissionais envolvidos no cuidado desta doença?

O atendimento das pacientes com neoplasia trofoblástica gestacional exige uma equipe interdisciplinar disponível ampla, que usualmente é integrada por ginecologistas\obstetras, oncologistas, enfermeiros, psicólogos, anatomopatologistas, radiologistas, cirurgiões, dentre outros. Cada caso poderá exigir grupos diferentes de profissionais, mas certamente é essencial ter disponível toda a equipe.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com