Você conhece a síndrome das pernas inquietas?

Problema que afeta 10% da população mundial inclui dificuldade para dormir, aflição, formigamento nos membros e pode afetar a produtividade no trabalho

por Estado de Minas 29/08/2019 15:39
Holding/divulgação
(foto: Holding/divulgação)
 
Ainda pouco conhecida, a síndrome das pernas inquietas traz sintomas que afetam a qualidade do sono e a rotina no dia a dia.

 
Segundo especialistas, o problema afeta até 10% da população e pode ocorrer em qualquer fase da vida. Entre os sinais de que é hora de procurar o médico estão:

  • Cansaço
  • Aflição
  • Agonia
  • Dor
  • Formigamento nas pernas e braços 
 

 
“Nessa condição, a pessoa tem uma vontade incontrolável de mexer as pernas e acaba movendo involuntariamente. Normalmente, esse movimento ocorre principalmente quando a pessoa está dormindo, atrapalhando a qualidade do sono, fazendo com que o paciente fique cansado durante o dia, sem rendimento e pode afetar até a produtividade no trabalho”, afirma a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

 
Para identificar o problema, a médica explica que a síndrome obedece três princípios básicos: “Na síndrome, as pernas estão melhores durante a luz do dia e pioram durante a noite. Além disso, elas pioram muito mais durante o repouso; quando o paciente está em movimento, dificilmente há crises. E necessariamente há uma gastura, agonia, uma vontade incontrolável de mexer as pernas. E essa gastura e aflição tem que melhorar quando o paciente consegue efetivamente mexer as pernas de forma mais vigorosa”, diz.
 

Causas 

Em 70% dos casos, a causa é genética. Neste caso,  a tendência é de que os sintomas sejam mais graves, incomodem mais e apresentem difícil controle. “Este distúrbio é mais comum em indivíduos mais velhos, mas pode ocorrer em todas as idades e em homens e mulheres.”
 
Nos outros 30% dos casos, ainda não há uma explicação muito clara, mas a médica diz que algumas situações de vida podem agravar ou desencadear a crise. “Tem relação com doença de Parkinson, deficiência do ferro na alimentação (anemia, distúrbios do ferro ou que precisam de reposição), doenças reumatológicas, neuropatias, distúrbios musculares, problemas renais, deficiência de vitaminas e minerais, varizes e alguns problemas circulatórios”, diz a médica. 

 
Há, ainda, outros fatores que podem agravar as crises. “O início ou a suspensão de certos medicamentos, consumo de cafeína, fumo, fadiga, temperaturas altas, ou períodos longos de exposição ao frio”, acrescenta Lamaita.
 

Diagnóstico 


A angiologista informa que, na maioria dos casos, a queixa é tão característica que a história clínica já é suficiente para o diagnóstico. No entanto, não é incomum que esses pacientes sejam andarilhos de consultas médicas, procurando cirurgiões vasculares, ortopedistas e reumatologistas. “Geralmente, um neurologista é quem faz o diagnóstico e vai precisar de um quadro multidisciplinar com cirurgião vascular, ortopedista e outras especialidades para tratar as outras patologias associadas e conseguir ter um resultado apropriado para o paciente”, diz.
 
Ela afirma ainda que o diagnóstico adequado e o tratamento destas condições podem aliviar os sintomas da síndrome. “Mas, ainda assim, há pacientes que persistem com o distúrbio de movimento mesmo após o tratamento das condições relacionadas”, explica.
 
Para minimizar o desconforto do paciente, Aline ressalta que algumas atitudes como:
 
  • Banho quente, massagens nas pernas, aplicação de calor
  •  Compressas mornas, analgésicos, exercícios físicos regulares
  •  Eliminação da cafeína são as medidas mais usadas para aliviar os sintomas.
 
“Mas quando essas medidas não são suficientes, a SPI pode ser tratada com medicamentos que aumentam a dopamina no cérebro, drogas que mexem nos canais de cálcio, opiódes (que podem causar vício se usados em grandes quantidades) e benzodiazepinas (categoria que engloba alguns relaxantes musculares e remédios para dormir). “Ao longo dos anos, a SPI pode surgir e desaparecer sem uma causa óbvia”, finaliza a médica.