Treino das famosas, que promete tonificar músculos em 20 minutos, chega a BH; será que funciona?

Modalidade é a bola do vez no mercado fitness. Especialistas garantem que duas vezes por semana são suficientes

por Fernanda Borges Augusto Pio 24/07/2017 07:00
Pri Alvarenga/Divulgação
A administradora Ciça Cunha testou a nova modalidade: "gosto de novos estímulos" (foto: Pri Alvarenga/Divulgação)

Em alta entre artistas e esportistas, o treino que promete tonificar os músculos em apenas 20 minutos tem dividido a opinião de especialistas à medida que cresce o número de adeptos. A bola da vez se chama EMS (Eletroestimulação muscular) ou eletrofitness, método que alia exercícios físicos à eletroestimulação, capaz de ativar 350 músculos simultaneamente. A promessa é auxiliar no emagrecimento, ganho de força e reabilitação para todos os públicos.

O fisioterapeuta Vitor Melilo Martins, proprietário da Academia Feminina Fitness Estética, em Belo Horizonte, conta que resolveu investir no método depois de mais de um ano de pesquisa. Segundo ele, o processo reduz tempo de treinamento ao entregar resultados mais rápidos, ideal para quem leva uma vida corrida. “Há vários estudos que comprovam a eficácia. Os eletrodos atingem a musculatura mais profunda, aquela que não é alcançada em um treino convencional”, pontua. Ele explica que a ativação muscular é feita por meio de impulsos que recriam o movimento natural do sistema nervoso. “O método atinge até 90% das fibras musculares, o que é possível somente com carga muito pesada na musculação, por exemplo”, completa a educadora física Marcella Vidatti, uma das responsáveis pelo treinamento na academia.

“Outra vantagem é o baixo impacto articular, sem gerar estresse ao corpo”, acrescenta a personal trainer Marcella Arnaut. Segundo a profissional, também é possível personalizar o treino. “Mulheres gostam de trabalhar mais glúteos e pernas, então posso focar mais nessas áreas”, afirma. O método, ainda conforme a personal, também ajuda na redução da celulite, além de ser indicado em casos de reabilitação e para pessoas da terceira idade, já que trabalha fortalecimento. “Duas vezes por semana são suficientes para ver os resultados em menos de um mês”, afirma.

Praticante de atividade física há 15 anos, a administradora Ciça Cunha testou o treino por eletroestimulação. “No início, fiquei um pouco preocupada com os choques, mas é bem tranquilo porque eles são ajustados de acordo com a sua resistência”, conta. Segundo ela, é importante dar novos estímulos ao corpo. “Sou daquelas que adoram experimentar novas modalidades, mudar os estímulos e, durante o treino, senti a ativação de vários grupos musculares ao mesmo tempo, o que leva você à exaustão mais rápido”, conta. Apesar de rápido, o treino exigiu força, ressalta. “Percebi que os exercícios, que normalmente executo com facilidade, ficaram bem mais difíceis, o que exigiu muito mais força na execução”, completa.

SYNC Eletro Fitness/Divulgação
"Ganhei resistência", comemora David Júnior Silva (foto: SYNC Eletro Fitness/Divulgação )

O gerente de territórios David Junior Silva também é adepto da nova modalidade. "Já perdi dois quilos e ganhei resistência em dois meses de treinamento", comemora. Além de realizar o treino num curto espaço de tempo, Silva destaca o custo-benefício. "Estava com a ideia de contratar um personal, mas na ponta do lápis vale mais a pena o eletrofitness", resume.

Nos locais onde o serviço já é oferecido em Belo Horizonte o custo médio por sessão é de R$ 60. 

FEBRE NA EUROPA

O educador físico Marcos Breno, sócio da  Sync Eletrofitness, garante que o sistema de eletroestimulação de corpo inteiro é um método revolucionário, que já é um sucesso na Europa. “Recém-aprovado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil, o equipamento consiste em um console ligado a um colete com eletrodos, que permite a condução da eletricidade, recriando, assim, o movimento natural do sistema nervoso.”

Ele explica que o traje, repleto de eletrodos, é conectado a uma unidade de controle com inúmeras funções de treinamento e que podem ser personalizadas de acordo com o objetivo de cada aluno. Durante os exercícios, mesmo nos mais simples, como agachamento, flexão de braços, elevação de pernas e abdominais, há contração involuntária da musculatura, promovida pelos estímulos elétricos, e amplo recrutamento de unidades motoras para todos os grupos musculares envolvidos, proporcionando um treino altamente intenso e eficaz em um curto período de tempo.

Reprodução/Instagram
As atrizes Bruna Marquezine e Grazi Massafera posaram praticando o eletrofitness (foto: Reprodução/Instagram)

Marcos Breno ressalta que as sessões devem ser sempre acompanhadas por um professor e duram no máximo 20 minutos. “Duas vezes por semana é o suficiente. O método de treinamento com eletroestimulação atinge simultaneamente cerca de 50% dos mais de 600 músculos do corpo, inclusive os mais profundos, não sendo assim recomendado fazer outras atividades físicas no mesmo dia”, garante o educador físico. Marcos ressalta que pessoas como o atleta jamaicano Usain Bolt, os apresentadores Luciano Huck e Angélica e os atores Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank, Cláudia Raia, Bruna Marquezine e Grazi Massafera já se tornaram adeptos da modalidade.

Laura Figueiredo, sócia de Marcos na Sync Eletrofitness, conta que o sistema também é indicado para atletas profissionais e amadores que querem melhorar o desempenho sem risco de lesões. “Além disso, é um excelente complemento para quem pratica atividade física, potencializando treinamentos, como o de musculação, bike e corrida. Nem sempre é necessário interromper os exercícios convencionais para a prática do eletrofitness. Para o nosso estúdio, optamos pelo equipamento da empresa alemã Miha Bodytec, que já está presente em mais de 40 países e tem, no mesmo sistema, opções de treinamento de fortalecimento, metabolismo e relaxamento muscular”, complementa.

• Há riscos?

Doutor em ciência do esporte e professor do curso de educação física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Vitor Lima alerta que é preciso cautela. “Não há respaldo que comprove a eficácia no ganho de massa muscular e hipertrofia, por exemplo”, resume. De acordo com o especialista, somente com a eletroestimulação não é possível gerar a mesma demanda muscular que no levantamento de peso. “A demanda fisiológica e mecânica nos músculos ativados visando ao ganho de desempenho de força e alterações estéticas não podem ser alcançadas da mesma forma com a estimulação elétrica quando comparadas à musculação”, defende.

O ortopedista Vinícius Carvalho de Faria, que faz uso da tecnologia e indica aos pacientes, principalmente idosos, ressalta que algumas contraindicações devem ser respeitadas. “Há riscos sim, mas antes de qualquer treinamento, existe um questionário e uma avaliação cuidadosa para saber se a pessoa preenche alguma contraindicação”, diz. Além disso, segundo o médico, é uma atividade que necessita intervalo de 48 horas entre as sessões, devido à intensa estimulação, o que pode lesionar células musculares.

Ainda conforme o médico, sedentários e idosos são um dos principais públicos da tecnologia, uma vez que não agride as articulações e consegue trazer pessoas inativas para um nível de atividade física ideal muito mais rápido. “O treinamento é montado de acordo com cada objetivo. Idosos e sedentários terão treinamentos diferentes de um atleta que busca otimização. Tudo acompanhado por um personal trainer”, conclui.

Como funciona?

» O usuário utiliza um colete com eletrodos que, borrifado com água, permite a condução da eletricidade. O colete é conectado a uma unidade de controle, com inúmeras funções, que permite a combinação de treinos personalizados

» A musculatura é estimulada por impulsos elétricos. Dessa forma, segundo o fabricante, é possível treinar grupos de músculos específicos, como também todo o corpo de forma suave e eficaz

» Um conjunto de eletrodos envia impulsos aos músculos, que se contraem involuntariamente. Dependendo do treino e do metabolismo da pessoa, em uma sessão é possível perder até 600 calorias

» Os eletrodos estão conectados ao abdômen, glúteos, braços, pernas, lombar, costas, grande dorsal e peitoral

CONTRAINDICAÇÕES:

Gestantes, marca passo, hérnia abdominal ou inguinal. Problemas cardíacos, processo infeccioso (gripe, pneumonia etc.), diabetes e hipertensão

Curiosidades Eletrofitness

» O aparelho movimenta até 350 músculos trabalhados em 20 minutos de exercícios

» Cada sessão equivale, em média, a até 3 horas de treinamento convencional

» Um conjunto de eletrodos envia impulsos aos músculos, que se contraem involuntariamente

» Duas vezes por semana são suficientes para ver os resultados em menos de um mês

» Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o treinamento EMS (eletroestimulação) nada tem a ver com os aparelhos de ginástica passiva vendidos na TV

Experiência do repórter

Fernanda Borges

Confesso que, no início, não estava botando muita fé. Pensei: “Ah, não substitui um bom treino de musculação (tenho muito orgulho de praticar porque fiquei anos parada, rs)!”. Mas estava errada, pelo menos me baseando nas dores pós-treino. Era uma dor profunda, forte, senti músculos que achei que não existiam. Isso depois de um dia, não conseguia andar direito. O interessante é que já treino pesado e achei que não teria novos estímulos. Outra vantagem é o tempo. Geralmente, gasto uma hora na sala de musculação e com o eletrofitness não passa de meia hora entre a colocação da roupa e os exercícios. Apesar de desconfiada por natureza, fiquei entusiasmada e pretendo voltar a fazer. Afinal, a ideia é somar.

Luiz Othavio Gimenez

Eu nunca fui adepto de academia e musculação (apesar de já ter tentado algumas vezes). Contudo, exercitar o corpo é uma das atividades que mais me dá prazer, mesmo não praticando regularmente. Sou preguiçoso, sim! E é exatamente este público que o eletrofitness tenta capturar: quem tem preguiça de puxar peso. Ou seja, a modalidade é praticamente um chamariz para os sedentários. 


Diferente da musculação convencional, os exercícios são estimulados por eletrodos, que fazem pressão sobre os músculos. Os movimentos são bem simples e são parecidos com um alongamento, a diferença é ter os músculos sendo "aferroados" durante todo o treino. 

Apesar da novidade prometer trazer resultados mais positivos do que a musculação comum, tudo parece artificial. A exaustão é a mesma, mas não há adrenalina. A tecnologia acaba trabalhando quase sozinha. 

O produto é legal e bem diferente, mas, se fosse pra escolher, eu ficaria com a academia comum. No entanto, eu só tenho escolhido esperar (risos).

ONDE TREINAR

Feminina Fitness e Estética
(31) 3441-7646
Avenida Sicília, 466, Pampulha

Rua Oscar Trompowsky, 822 - Gutierrez,
Telefone: (31) 3334-3317

Sync Eletrofitness
(31) 3342-1428
Av. dos Bandeirantes, 506, Mangabeiras