

Os dois estão sempre juntos e Ricky não disfarça o ciúme que sente: “Quando ele está comigo, não deixa ninguém encostar em mim.” Quando quer sossego, Carlos se aproveita da proteção do animal. “Na hora de ver tevê, eu falo: ‘Ricky, não deixa ninguém incomodar o papai’. E é isso que ele faz.” Se alguém tenta uma aproximação, o cãozinho fica feroz. Até a mulher de Carlos já se convenceu: um é a cara do outro. “Nós dois somos muito teimosos, não dá para negar. Sempre impomos o que queremos e, quando ele quer dormir, por exemplo, fica atrás de mim até eu me deitar também, senão ele não dorme. Quando ele quer comida, também fica pulando sem parar até conseguir”, diverte-se.
Por vezes, essa sintonia parece influenciar na saúde. Não é raro que os pets adoeçam com os tutores. A médica veterinária Ana Catarina Valle, especialista em acupuntura e homeopatia, acredita que as mascotes são sensíveis à “vibração” dos humanos. “Certa vez, atendi um animal que estava com uma cistite de repetição que não melhorava com nada. A dona acreditava que a homeopatia poderia ajudá-lo e me procurou. De fato, em um primeiro momento, ajudou bastante. Porém, meses depois, a tutora ligou e disse que os sintomas haviam voltado”, relata. Desconfiada, a profissional voltou a investigar o caso e descobriu que a cliente também tinha cistite — tutora e mascote entravam em crise ao mesmo tempo, com sintomas muito parecidos. Estranho, né?
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Já a veterinária Ana Carolina Amori sugere prudência para não superestimar esses laços. “As pessoas acham que os animais estão apresentando o comportamento igual ao nosso porque a tendência é humanizá-los. É importante enxergar que animal é animal, que ele tem suas próprias necessidades”, argumenta. Para ela, quando os bichinhos apresentam os mesmos sintomas que os donos, é essencial investigar as causas. “Temos que ficar de olho para ter certeza que não é nenhuma zoonose (doenças transmitidas para o homem pelos animais e vice-versa), por exemplo.”
Fenômeno energético?
- Para a médica veterinária Daniela Lopes, os bichos “conversam” energeticamente com os humanos. Daniela é adepta da teoria do “campo mórfico”, idealizada pelo biólogo e parapsicólogo inglês Rupert Sheldrake. Segundo essa hipótese, os seres têm campos vibracionais permeáveis e que podem ser compartilhados. “Isso (de mascotes e donos desenvolverem traços em comum, inclusive doenças) ocorre quando há grande convivência. É algo normal”, explica a veterinária.