Mulheres devem encarar menopausa como a chegada da liberdade

Fase é ideal para decidir sobre a reposição hormonal

por Lilian Monteiro 29/05/2016 09:29

Marcelo Lellis/Arte EM/D.A Press
(foto: Marcelo Lellis/Arte EM/D.A Press )
É uma fase natural da vida para todas as mulheres, mas a menopausa, época em que o corpo para de produzir os hormônios estrógeno e progesterona, é encarada por muitas de forma negativa, por, geralmente, vir acompanhada de sintomas desagradáveis. Assim, para tratar a deficiência ou o desequilíbrio dessas substâncias, há métodos específicos, como a terapia de reposição hormonal (TRH) e a modulação hormonal. No entanto, não há um consenso entre os médicos. Há quem defenda e quem condene, assim como posições conflitantes de pacientes que querem de qualquer maneira, outras que rejeitam e, ainda, aquelas que têm medo. Por isso, é importante discutir o tema, que sempre gera muitas interrogações.

Mariana Halla, com residência médica em ginecologia e obstetrícia, membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e da International Menopause Society (IMS) e da North America Menopause Society (Nams), afirma que a menopausa ainda costuma ser vista como um atestado de velhice, de incapacidade e deterioração das funções corporais básicas, por isso a ideia de trazer o assunto para discussão no Congresso Internacional de Dermatologia Estética e Envelhecimento Saudável (ICAD Brazil 2016), que ocorrerá de 16 a 18 de junho, no Centro de Exposições Frei Caneca, em São Paulo, e que tem como foco a dermatologia estética e o envelhecimento saudável.

“Ela amedronta e apavora a maioria das mulheres. O que precisa ficar gravado é que, na realidade, a menopausa é mais uma fase da vida, que pode sim, ser bela e bem diferente desses preconceitos. Muitas chegam ao consultório com queixas de falta de libido, irritabilidade, depressão, cansaço e os terríveis fogachos, calores que atormentam as noites e atrapalham os dias de vida”, destaca Mariana Halla. A médica revela que, para ensinar como reagir diante das frases que ouve no consultório, o congresso também vai falar do lado humano. Ouvimos de pacientes bem-sucedidas, mas que parecia ter perdido o brilho da vida nessa etapa, frases como “a menopausa é o atestado da velhice para a mulher”; “a natureza me colocou para fora do jogo”; “estou feia, velha e gorda…”; “fiquei triste, deprimida e monossilábica”; “libido? Que é isso? Tenho vontade de me disfarçar de palmeira…” e “a menopausa chegou e eu fui abduzida”.

Mariana Halla observa que, em 1890, a maioria de nós já estaria morta aos 40 anos. Hoje, felizmente, a expectativa de vida está ao redor dos 80. “Assim, quando os sintomas da menopausa começam a surgir, estamos ainda em plena atividade, com muitos planos e vemos a fase como uma pedra no caminho. Somos surpreendidas pela irritabilidade e depressão, mesmo antes do fim das menstruações. Mas para essas, podemos intervir com medidas comportamentais, como atividade física regular e alimentação saudável, antes mesmo do uso de medicações.”

ESCOLHAS

Nos casos selecionados, Mariana Halla destaca que a reposição de hormônios bioequivalentes, ou seja, com mesma estrutura molecular daqueles produzidos pela mulher, pode sim, acabar com esses sintomas tão incômodos. “Em outros tempos, o uso de hormônios sintéticos mostrava o aumento do risco de câncer de mama e trombose, eventos que não ocorrem com a nova terapia hormonal. Assim, é possível ficar livre totalmente dos calores, melhorar a libido e o ressecamento vaginal, proteger a massa óssea, pele e articulações, melhorar o sono e o humor e, ainda, ter aumento da proteção cardiovascular.”

De acordo com a médica, todas as mulheres que estão entrando na menopausa “devem ter a oportunidade de fazer escolhas genuínas junto ao seu médico, com mudanças no estilo de vida e terapias profiláticas, como a reposição hormonal, aproveitando da melhor maneira esse momento e ainda contribuindo de forma produtiva para a sociedade”.

O Bem Viver de hoje coloca em pauta o bem-estar da mulher na fase madura. Ouvimos personagens que escolheram fazer e não fazer a reposição, e médicos especialistas que expõem seus pontos de vistas sobre a melhor maneira de tomar essa decisão.