Recentemente, a atriz e cantora mexicana Thalia publicou uma foto em seu Instagram ironizando os boatos de que havia retirado, ainda no início dos anos 90, parte das costelas. O objetivo seria alcançar sua marca registrada: a cintura finíssima.
Na foto, Thalia aparece ao lado de um pote com ossos e diz "Para todos os meus fãs filipinos, aqui está a prova. Minhas famosas costelas. Eu mantive comigo durante todos esses anos. #mito".
O que é ironia para a celebridade faz parte, no entanto, de um imaginário que constrói o padrão de beleza da mulher ocidental há séculos. No curta-metragem Supervenus, o diretor parisiense Frédéric Doazan faz uma crítica aos exageros dessa pressão.
A obra foi premiada na edição de 2014 do Festival de Curtas de Bruxelas (Bélgica), não exige legendas e tem apenas dois minutos e meio de duração, assista:
Embora o assunto já tenha sido bastante discutido, o filme foi aclamado por usar o exagero para demonstrar o horror da realidade – a pressão sobre a imagem pode aparece sob a forma de um 'simples' corte ou textura de cabelo considerado 'mais bonito'. No Brasil, que recentemente se tornou o líder mundial em procedimentos estéticos cirúrgicos, ultrapassando os Estados Unidos, a pesquisa ‘Representações das mulheres nas propagandas na TV’, realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, apontou que 56% dos entrevistados, homens e mulheres, consideram que os comerciais não mostram as brasileiras reais.
A invisibilidade da mulher negra também foi destacada - 80% dos entrevistados consideram que as propagandas televisivas mostram mais mulheres brancas, enquanto 51% gostariam de ver mais negras nos comerciais. A maioria também gostaria de ver mais mulheres com cabelos crespos/cacheados na publicidade, mas 83% consideram que veem mais modelos com cabelos lisos.
Aqui no Saúde Plena, a historiadora brasileira Sílvia Capanema, especialista em questões raciais, identitárias e movimentos sociais; professora Adjunta na Universidade de Paris 13- Sorbonne Paris Cité também já analisou o tema, sob o viés do feminismo, muitas vezes taxado de 'politicamente correto' e 'radical'. "Há um rigor na cobrança das representações que a sociedade produz, porque a reprodução de estereótipos é considerada nociva para a construção de novas identidades e para a libertação da mulher de sua condição inferior", avalia.
Sílvia lembra que uma estética feminina mais livre seria um dos passos para tirar a mulher de sua condição servil, de objeto sexual, de produto, para uma condição de agente social plena. “O feminismo considera que os padrões estéticos hegemônicos são formas de dominação e quem mais sofre com eles são as mulheres, principalmente não-brancas e pobres. A discussão atual é como a dominação sexual é também uma dominação econômica”, acrescenta a pesquisadora.
Assim como o curta-metragem Supervenus, iniciativas individuais que contestam os padrões de beleza e comportamento feminino têm se multiplicado, inclusive no Brasil. A professora de moda mineira Babi Bowie, por exemplo, propõe mostrar, através da fotografia, a diversidade dos corpos femininos e a beleza que existe nisso, desmistificando os ideais produzidos por revistas, comerciais e pela sociedade, no projeto Espelho de Vênus.
Também mineira, a designer e ilustradora belo-horizontina Carolina Rossetti criou a série 'Mulheres', sucesso nas redes sociais. 'Desconstruir uma situação banalizada de opressão nunca é fácil. Não é de uma hora pra outra, com uma única discussão na internet, que isso muda. Mas muda', diz a artista. Veja:
Na foto, Thalia aparece ao lado de um pote com ossos e diz "Para todos os meus fãs filipinos, aqui está a prova. Minhas famosas costelas. Eu mantive comigo durante todos esses anos. #mito".
O que é ironia para a celebridade faz parte, no entanto, de um imaginário que constrói o padrão de beleza da mulher ocidental há séculos. No curta-metragem Supervenus, o diretor parisiense Frédéric Doazan faz uma crítica aos exageros dessa pressão.
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A invisibilidade da mulher negra também foi destacada - 80% dos entrevistados consideram que as propagandas televisivas mostram mais mulheres brancas, enquanto 51% gostariam de ver mais negras nos comerciais. A maioria também gostaria de ver mais mulheres com cabelos crespos/cacheados na publicidade, mas 83% consideram que veem mais modelos com cabelos lisos.
Aqui no Saúde Plena, a historiadora brasileira Sílvia Capanema, especialista em questões raciais, identitárias e movimentos sociais; professora Adjunta na Universidade de Paris 13- Sorbonne Paris Cité também já analisou o tema, sob o viés do feminismo, muitas vezes taxado de 'politicamente correto' e 'radical'. "Há um rigor na cobrança das representações que a sociedade produz, porque a reprodução de estereótipos é considerada nociva para a construção de novas identidades e para a libertação da mulher de sua condição inferior", avalia.
Sílvia lembra que uma estética feminina mais livre seria um dos passos para tirar a mulher de sua condição servil, de objeto sexual, de produto, para uma condição de agente social plena. “O feminismo considera que os padrões estéticos hegemônicos são formas de dominação e quem mais sofre com eles são as mulheres, principalmente não-brancas e pobres. A discussão atual é como a dominação sexual é também uma dominação econômica”, acrescenta a pesquisadora.
Assim como o curta-metragem Supervenus, iniciativas individuais que contestam os padrões de beleza e comportamento feminino têm se multiplicado, inclusive no Brasil. A professora de moda mineira Babi Bowie, por exemplo, propõe mostrar, através da fotografia, a diversidade dos corpos femininos e a beleza que existe nisso, desmistificando os ideais produzidos por revistas, comerciais e pela sociedade, no projeto Espelho de Vênus.
Também mineira, a designer e ilustradora belo-horizontina Carolina Rossetti criou a série 'Mulheres', sucesso nas redes sociais. 'Desconstruir uma situação banalizada de opressão nunca é fácil. Não é de uma hora pra outra, com uma única discussão na internet, que isso muda. Mas muda', diz a artista. Veja: