Mães e filhos respondem à mesma pergunta e o resultado é surpreendente; assista ao vídeo

Complicações do dia a dia corrido e culpa dominam avaliações das mulheres sobre a maternidade. Crianças têm a oportunidade de verbalizar o que sentem e mostrar se concordam com isso

por Letícia Orlandi 24/02/2014 14:00

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Reprodução / Vimeo
Primeiro, as mães falaram como se avaliam em relação à maternidade. Depois, os filhos contaram como se sentem em relação às mães. Será que uma opinião corresponde à outra? (foto: Reprodução / Vimeo)
Pare um pouquinho agora e pense: como você se descreveria no papel de mãe ou pai?

 

“Há dias em que questiono minhas habilidades”
“Gostaria de controlar melhor minhas reações diante de algumas situações”
“Gostaria de ser mais confiante”
“A falta de paciência é minha maior dificuldade”
“Gostaria que eles soubessem o tamanho do meu amor”

 

É esse tipo de frase que vem à sua cabeça? Então, assista ao vídeo abaixo. Primeiro, as mães gravaram suas impressões sobre seu desempenho. Depois, os filhos falaram sobre elas. Alguns dias depois, as mulheres foram convidadas a ver o que as crianças disseram. São 3'30”, com legendas em português*:

 

O que essas imagens revelam? De acordo com a psicanalista e psicopedagoga mineira Cristina Silveira, o vídeo levanta questões básicas e importantes, que acabam perdidas no turbilhão diário. A primeira delas é que os adultos desenvolvem uma autocensura excessiva, que só aumenta as exigências em relação a nós mesmos. “Nós esquecemo de como é bom ser simples. Perdemos a capacidade de ver como a criança, de perceber a simplicidade do amor e do afeto”, afirma.

O segundo aspecto é o papel essencial de modelo que os pais desempenham para os filhos. “Percebe-se que as crianças entrevistadas têm mães presentes e, ao que tudo indica, saudáveis. No consultório, atendemos os pequeninos que precisam lidar com distúrbios psíquicos dos pais e acabam desenvolvendo uma série de dificuldades em função disso”, relata. Por trás disso, está um recado: é muito fácil esquecer que só o fato de ter plenas condições para criar os filhos é motivo de alegria.

Outro paralelo envolve a culpa, a vontade de ser perfeito, o medo de não fazer todo o possível. “Os pais de hoje se culpam e se cobram demais. Em muitos casos, esse excesso de cobrança faz com que as famílias encham a agenda da criança de atividades, para preencher o tempo de alguma maneira. Mas é importante parar e pensar se essa é mesmo a solução. Geralmente, não é”, pondera Cristina Silveira.

Por outro lado, o quarto fator diz que a surpresa das mães com as respostas dos filhos não necessariamente tem a ver com falta de diálogo. Pode ser só uma questão de perspectiva. “Quando estamos muito envolvidos dentro de uma situação, pode ser que haja dificuldade em verbalizar sobre ela. Este vídeo assumiu, pelo menos durante alguns minutos, o papel de um terapeuta para essas famílias – uma oportunidade de afastamento, de analisar o cotidiano por outro ângulo, de ver o cenário inteiro na tela”, explica a psicanalista.

Banco de imagens / sxc.hu
Estou vendo todos os sinais de carinho que meu filho me dá? (foto: Banco de imagens / sxc.hu)
Cristina acrescenta que o vídeo é um recurso muito utilizado no consultório para que os pais possam observar o comportamento dos pequenos. Quando a criança é diagnosticada com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou autismo, por exemplo, a gravação pode ser uma ferramenta muito útil para permitir esse afastamento, tanto para os pais quanto para o filho. “É um feedback valioso para a mudança de comportamento”, pontua.

A quinta pergunta levantada pelo vídeo é: estou vendo todos os sinais que meu filho me dá? Durante o dia, a criança pode dar várias manifestações de amor, como um beijinho, um abraço fora de hora, um carinho que nem sempre é percebido. “É claro que, quando a criança verbaliza, tudo fica muito claro. Mas observar mais atentamente o próprio filho pode ajudar a entender que o excesso de cobrança de si mesmo não se justifica”, conclui a especialista.

 

 

 

 

 

 

*As imagens foram produzidas por um centro comunitário religioso dos Estados Unidos, que mantém um programa para aumentar a conexão dos filhos com os pais, no que eles chamam de 'empoderamento das famílias'. As legendas em português foram feitas pela equipe da página 'Potencial Gestante'