Pais podem ser importantes aliados dos filhos na mudança de ciclos educacionais

Veja dicas para enfrentar as fases escolares de forma tranquila para que meninos e meninas tenham o melhor rendimento acadêmico possível

por Renata Rusky 22/01/2014 14:15

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Com a Copa do Mundo, as aulas este ano começam mais cedo em muitas escolas, ainda em janeiro. Para alguns, isso significa adiantar uma grande mudança a ser enfrentada: a passagem do ensino fundamental 1 para o 2 ou do ensino fundamental para o ensino médio. Essa transição implica alterações grandes e importantes na rotina dos estudantes. “Trata-se de uma ruptura, uma descontinuidade, que as escolas tentam amenizar, mas que deve ser trabalhada com muito cuidado pela família também”, alerta o psicopedagogo Airton Rodrigues, diretor de uma escola de reforço. De qualquer forma, o pedagogo Paulo Foerstnow garante que as mudanças são positivas: “Elas mostram aos alunos que um ciclo foi superado e um novo alcançado, de maturidade e crescimento”.

O trabalho para que a criança ou o adolescente se adapte bem à nova fase é tanto da escola quanto dos pais e responsáveis. No ano passado, os dois herdeiros da advogada Michella Simões, 39 anos, estavam em fases de mudança escolar. Nicole, 11, ia para o 6º ano do ensino fundamental 2 e Leonardo, 6, entrava no ensino fundamental 1. A experiência foi feliz para a família — o que a mãe atribui ao fato de sempre incentivar ambos a fazerem os deveres de casa direitinho. Nicole, além de entrar no 6º ano, mudou de escola. “Ela estava bem na anterior, mas queríamos um ensino mais forte”, explica. Respeitando as diferenças dos filhos, Michella e o marido perceberam que Leonardo ainda não estava preparado para trocar de escola. Enquanto Nicole largou a vigilância rígida nas tarefas, Leonardo começou a precisar disso mais do que nunca, afinal, neste ano, ele começa a ter provas.

Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Michella Simões tirou de letra as mudanças em dose dupla: os filhos, Leonardo e Nicole, iniciaram na mesma época novos desafios acadêmicos (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
No ensino fundamental 1, ainda há a figura de uma só professora — “a tia” —, que dá aulas tanto de português quanto de matemática. A partir do 2º ano, as crianças começam a ter provas. Os deveres de casa vão além do intuito de criar o hábito e a disciplina, mas também formam a base para todas as séries seguintes. No 6º ano, a quantidade de professores pula para cerca de 10. Cada um passa um dever de casa diferente. Além disso, é natural que um ou outro aluno se incomode com a forma como o professor trabalha. É quando o estudante precisa aprender a lidar com pessoas e personalidades diferentes e respeitar todas elas. “Por estar a todo tempo com os alunos, ‘a tia’ conseguia perceber melhor a necessidade da turma. Já a partir do 6º ano, a prova é a mesma para todas as turmas”, observa André Pereira Brito, orientador do ensino fundamental 2 de uma grande escola.

Em se tratando da entrada no ensino médio, as alterações na rotina escolar vêm acompanhadas de mudanças físicas e psicológicas. “É o auge da adolescência, momento de maturação física e emocional e de aumento das relações interpessoais. Eles querem namorar, querem ir a festas”, exemplifica Rodrigues. A quantidade de eventos sociais aumenta, e a de professores e de conteúdo também. A forma de cobrança é bem mais pesada. O fantasma do vestibular começa a assombrar — como também o de provas, como Enem e PAS — e a pressão dos pais e da escola pode ser demais para o aluno.

Os adolescentes no ensino médio têm muito mais poder de decisão, mas também mais responsabilidade. A autonomia é representada por deixar de usar o uniforme completo — coisa que a maioria das escolas permite. Segundo a orientadora de alunos do ensino médio Alessandra Noceti, essa é a maior ansiedade de quem está entrando nessa série. “Poder usar calça jeans na escola é o que eles mais querem. Trata-se de um símbolo de liberdade. O problema é quando não percebem que a autonomia vem cheia de responsabilidade”, explica. “Mesmo sendo um ciclo que se requer e se espera autonomia dos alunos, a família continua tendo um importante papel como formadora de valores e busca de informações que vão auxiliar nas novas escolhas”, completa a psicopedagoga Amanda Payne.

A hora da mudança

  • Da educação infantil para o ensino fundamental 1

O que muda
Começa-se a ter provas.
Há menos tempo para brincadeiras.

O que o aluno pode fazer
Por serem muito novos, é realmente pouco o que eles podem fazer sozinhos.

O que os pais podem fazer
Estar seguro e passar essa segurança ao filho. Não demonstrar que não quer deixá-lo lá.
Olhar a agenda todos os dias.
Estimulá-lo a fazer tarefa sozinho e, depois, questionar se foi feito e se há alguma dúvida.

  • Do ensino fundamental 1 para o 2

O que muda
Há mais professores.
Os horários de aula são delimitados.
Há mais deveres de casa.
As provas são iguais para todas as turmas.

O que o aluno pode fazer
Anotar tudo na agenda.
Estabelecer prioridades em relação aos deveres. Checar os prazos de entrega mais apertados.
Tomar cuidado ao arrumar a mochila para não esquecer nada (nem na escola nem em casa).

O que os pais podem fazer
Ter contato com a escola, além das reuniões de pais e mestres.
Evitar aumentar o medo da criança com comentários sobre as dificuldades que tiveram.

  • Do ensino fundamental 2 para o ensino médio

O que muda
A aula de ciências, por exemplo, se divide em biologia, química e física.
Há mais professores por matéria.
Além das provas bimestrais, há simulados e, no fim do ano, o PAS.
Começa-se a pensar em uma profissão.

O que o aluno pode fazer
Muitas escolas têm pessoas para orientar os alunos a respeito do ingresso na universidade. É bom que eles entrem em contato com elas, mesmo que a escola não os obrigue.
Manter uma rotina de estudo. Assim, nas épocas de prova, não será um martírio aumentar um pouco o tempo diário dedicado aos livros.
Fazer amizades faz bem e é muito mais fácil nessa fase da vida. Saia com eles sem se esquecer das obrigações.

O que os pais podem fazer
Não tratá-los como se ainda fossem crianças, mas é importante ser vigilante quanto aos deveres de casa e aos estudos.
Há tempo para tudo, estudar e sair com os amigos. Portanto, não é necessário proibi-los de aproveitar os fins de semana.
Conversar sobre profissões, mas não forçar a escolha nem julgar a opção deles. Eles só precisarão definir isso no 3º ano e, até lá, eles ainda podem mudar de ideia.

O que pais e alunos precisam saber
Vestibular: exame tradicional de admissão a um curso universitário. Pode ser semestral ou anual. No caso da UnB, há uma prova anual.
PAS: o Programa de Avaliação Seriada é um processo com três etapas de avaliação, uma ao fim de cada ano do ensino médio. As notas das três provas compõem a nota final do estudante, que, com ela, será aceito ou não no curso escolhido na UnB. O estudante só precisa decidir o curso que deseja em seu último ano escolar.
Enem: criado em 1998 apenas para avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica, hoje ele já pode substituir o vestibular e o PAS nas universidades públicas. A nota também pode ser usada para adquirir bolsas de estudos em universidades e faculdades privadas.
Sisu: no Sistema de Seleção Unificada, desenvolvido em 2009 pelo Ministério da Educação, a prova do Enem substitui o vestibular. Atualmente, são 170 mil vagas em cursos de ensino superior de 115 instituições distritais e federais do país. Nesse caso, o estudante pode disputar uma vaga em universidades de todo o país.
Prouni: é um programa do Ministério da Educação, criado em 2004, que concede bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições privadas de ensino superior. A nota na prova do Enem é um critério para a aquisição da bolsa.