Ruídos e estalos no joelho: entenda os sintomas da Condromalácia Patelar

A Condromalácia Patelar é uma doença de progressão lenta caracterizada pelo desgaste da cartilagem, mas que possui tratamento

14/12/2022 19:10
Jcomp/Freepik
(foto: Jcomp/Freepik)
Se você tem notado ruídos, estalos, inchaço ou dor no joelho, saiba que esses são alguns dos sintomas da condromalácia patelar. 

A condromalácia patelar, também denominada síndrome da dor patelofemoral, é o desgaste da cartilagem do osso da patela, aquele mais proeminente localizado na frente do joelho. É considerada a lesão mais comum e uma das maiores causas de dor na região. 

Não se confunde com a tendinite patelar, que é uma condição ligada ao tendão deste osso. Porém, ela pode indicar o início de uma possível evolução para a artrose.

A condromalácia se estabelece já com o amolecimento da cartilagem. Ela vai perdendo a capacidade de absorver os impactos e há uma sobrecarga na região. É uma doença de progressão lenta e que pode desencadear fissuras e erosões com processos inflamatórios que comprometem toda a estrutura do joelho (artrose), incluindo o desgaste ósseo e não somente o cartilaginoso.

Causas


As causas são as mais variadas e apresentam diferentes graus de comprometimento, sendo que as mais leves podem não apresentar sintomas.

Entre as causas mais comuns, temos:

  • idade: o próprio desgaste natural pelo envelhecimento do indivíduo;
  • traumas: batidas, quedas, acidentes;
  • sobrecarga da região pelo excesso de peso, esforço repetitivo, atividade de impacto ou falta de fortalecimento muscular (sedentarismo);
  • distúrbios biomecânicos;
  • alterações anatômicas devido a má postura, pé plano ou desalinhamento do joelho (joelho valgo, patela alta, tróclea femoral rasa);
  • lesões anteriores.

O desgaste da cartilagem no joelho é particularmente associado a um típico movimento de contração do músculo quadríceps, solicitados para estabilizar o corpo em caso de desaceleração, descer escadas, impacto ao pisar o chão em uma corrida ou ao pular, etc. 

Quando este músculo não está suficientemente fortalecido, o joelho é sobrecarregado e o desgaste da cartilagem acontece, amolecendo e fragmentando cada vez mais.

 
Sintomas

 
Na fase inicial, pode haver ausência de sintomas. Conforme o nível de desgaste da cartilagem, a condromalácia patelar costuma ser notada pelo paciente como um desconforto na parte interna do joelho e que piora com atividades que exigem certo esforço (subir e descer escada, exercícios) ou por manter o joelho flexionado por tempo prolongado (ficar sentado ou ajoelhado). 
 
Outros sintomas que se manifestam incluem:
 
  • inchaço;
  • ruídos (crepitação) ou estalos ao movimentar a articulação;
  • dor que piora após ficar muito tempo sentado, realizar um esforço físico ou subir e descer escadas.
  • sensação de “ardência”, “aperto” ao ficar muito tempo em pé, especialmente as mulheres que usam salto alto;
  • estágios com grau maior de comprometimento da cartilagem, tornam a dor mais intensa e dificuldade de se movimentar.
 
Mulheres são mais propensas a desenvolver condromalácia patelar porque apresentam mais frequentemente, um desalinhamento dos joelhos conhecido como ‘joelho valgo’, que se caracterizam por estarem voltados para dentro. Mas, não é o único fator para determinar o risco.
 
A partir dos sintomas, avaliação do histórico e queixas do paciente, o médico especialista em joelho consegue fazer um diagnóstico clínico. Exames de imagem como Raio X e Ressonância Magnética, reforçam o diagnóstico e avaliam o grau de comprometimento.

 
Graus da Condromalácia Patelar

 
É classificada em 4 graus:
 
  • Grau 1: ocorre um certo amolecimento da camada mais externa da cartilagem da patela e o indivíduo pode notar dor e inchaço (edema);
  • Grau 2: presença de lesões pequenas e que representam menos de 50% da espessura da cartilagem;
  • Grau 3: lesões maiores que comprometem mais de 50% da espessura da cartilagem;
  • Grau 4: erosão considerável da cartilagem, podendo até ser visualizado o osso subcondral que a sustenta.

 
Tratamento

 
Quando há o diagnóstico de condromalácia patelar, é importante que o paciente inicie atividades de fortalecimento muscular, principalmente o quadríceps (músculo da parte da frente da coxa) para auxiliar a absorver a carga e impactos sobre o joelho e melhorar a estabilidade. Isso também vai contribuir para preservar a cartilagem de um desgaste maior.
 
Fisioterapia e reabilitação postural são indicados para corrigir possíveis desalinhamentos ou má postura. É natural que haja uma compensação do corpo na outra perna, na tentativa de poupar o lado dolorido.
 
Havendo crises de dor, é necessário repouso para não forçar mais ainda a região. Bolsas de gelo ou uso de joelheiras, podem ser utilizadas para aliviar o desconforto e medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios podem ser receitados pelo médico.
 
Se mesmo com as medidas iniciais houver a persistência da dor, pode ser indicada a infiltração no joelho para o tratamento. É uma técnica onde são aplicadas injeções com ácido hialurônico para lubrificar a região e estimular a produção natural dessa substância, uma das principais presentes na membrana que reveste a cartilagem.
 
Medicações com substâncias como a glicosamina ou colágeno, devem ser avaliadas individualmente para cada paciente, nos graus leves ou moderados. Quando há um grande comprometimento da cartilagem, estudos apontam que não houve benefício para que se evitasse a evolução da doença.
 
Nos casos mais avançados de condromalácia patelar, temos a opção da cirurgia de artroscopia e osteotomia.
 
A artroscopia é uma técnica minimamente invasiva, onde o paciente fica exposto a menos riscos e a recuperação é mais rápida em relação a uma cirurgia tradicional. O cirurgião promove uma “limpeza” na articulação, retirando fragmentos de partes danificadas e pode realizar outros procedimentos como relaxar tecidos fibrosos que estão tensionados. 
 
A osteotomia tem por objetivo o realinhamento da patela e pode ser indicada para pacientes que apresentam lateralização excessiva da inserção do tendão patelar associada a lesões nas regiões interna e inferior da cartilagem da patela.
 
Embora a condromalácia não tenha cura, casos de indicação cirúrgica são raros. A grande maioria dos pacientes consegue reduzir bastante os sintomas com fortalecimento muscular e fisioterapia.

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