Falta de peças resulta em queda de 25% na venda de carros novos

Com a crise de abastecimento de peças nas montadoras de veículos, as expectativas de vendas de veículos novos foram ajustadas

26/10/2021 12:08
Pixabay
Apesar de que este ano já foram vendidas 1,57 milhão de unidades, o que é 14,8% a mais que o registrado no ano passado (foto: Pixabay)

 
No começo do ano, as instituições relacionadas ao mercado de veículos projetavam um crescimento em torno de 16% para o segmento, porém, enquanto os meses passavam tiveram que reajustar os números. Em setembro as expectativas foram ajustadas para 4,8%, em decorrência da crise de abastecimento que estão sofrendo as montadoras. 

A escassez de semicondutores em escala global é o principal gerador da crise de abastecimento que as montadoras de veículos estão enfrentando, mas também de outros insumos. Tanto as indústrias de veículos pesados quanto a de veículos leves estão sofrendo.

Venda de veículos zero-quilômetro


O segmento de venda de caminhões tem registrado 82.189 emplacamentos até agosto deste ano. Quebrando recordes pelo quarto mês consecutivo e mostrando o maior número de vendas desde 2015. Contudo, como a demanda de caminhões é menor que a de automóveis e comerciais leves, a indústria que está tendo maiores dificuldades é a dos veículos leves.

Apesar de que este ano já foram vendidas 1,57 milhão de unidades, o que é 14,8% a mais que o registrado no ano passado. Como consequência da falta de insumos, setembro foi o quarto mês consecutivo que registra quedas na venda de veículos novos. 

De acordo com a  Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores  (Fenabrave) apenas 155 mil unidades foram vendidas, considerando automóveis, veículos leves, ônibus e caminhões. Comparando com meses anteriores, as vendas caíram 10,2% em relação ao mês de agosto e foram 25,3% menores que no mesmo período do ano passado. 

Entre a falta de veículos novos disponíveis para a venda e a preferência das montadoras para fazer os veículos mais vendidos, os clientes hoje em dia devem esperar entre 4 e 6 meses para poder ter o veículo comprado na sua garagem.

Esta demora na entrega também é um fator que faz com que muitos compradores prefiram adiar a compra do zero-quilômetro. Em muitos casos, quando o veículo é necessário para o dia a dia, fazem a troca por um veículo usado, mais novo que o próprio. Com isso a demanda por veículos usados cada dia aumenta mais. 

A demanda de veículos usados


Mesmo com a queda na venda de veículos zero-quilômetro a demanda por carros continua sendo alta. De fato, segundo a Anfavea, até agosto 10.234.046 usados foram vendidos. As vendas deste tipo de veículos já superam os 48% do que foi vendido em 2020 e 6,6% do que foi comercializado no ano de 2019. 

De acordo com os dados de emplacamentos no Detran, a cada veículo novo emplacado, 6,8 veículos mudaram a titularidade dos seus registros. Há 17 anos, desde 2004, a barreira de 1 a 6 entre novos e usados não era superada. 

Isto deixa claro que os brasileiros continuam querendo ter seu carro próprio, que provavelmente, se houvesse mais automóveis zero-quilômetro disponíveis no mercado, as projeções feitas para o mercado no início do ano seriam atingidas sem inconvenientes. 

Contudo, em setembro houve uma queda na venda de veículos usados de 8,3% em relação ao mês de agosto, motivada não pela falta de demanda, mas sim pela falta de oferta de veículos. Lembrando que muitos dos usados disponíveis para venda entravam por serem entregues como forma de pagamento para adquirir o veículo novo. Com a queda de venda de carros zero, também se reduz a disponibilidade de usados no mercado. 

Ainda com a alta demanda por veículos, especialistas são reservados sobre os prognósticos futuros. Alguns acreditam que mesmo com a normalização da situação nas fábricas e montadoras da cadeia produtiva de automóveis, a demanda de veículos novos pode reduzir, como consequência dos aumentos, tanto no valor dos automóveis como também no valor dos combustíveis, e a capacidade de compra dos consumidores. 

Além disso, o aumento no valor dos veículos impactará diretamente nos serviços que o proprietário deve contratar para o veículo. Por exemplo, no momento de  cotar um seguro de carro  é considerado o valor médio divulgado pela Tabela Fipe. Se esse valor for alto, a cobertura contrata provavelmente será alta também. 

Outro gasto que o proprietário pode ter que pagar mais, pelo aumento do veículo, são alguns impostos, como o IPVA. Então, comprar e manter um veículo será um pouco mais caro do que é hoje, e o bolso sentirá um impacto maior, principalmente se o dinheiro perder sua capacidade de compra. 

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