53% dos brasileiros fizeram um empréstimo para quitar dívidas em 2020

Mais de 50% dos brasileiros buscam dinheiro emprestado para pagar as contas e quitar dívidas para não ter o nome negativado

25/08/2021 14:16
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(foto: Freepik)

O endividamento no Brasil alcança quase 70% da população. A variação da renda e do auxílio emergencial, junto com a inflação alterou bastante o orçamento das famílias, principalmente aquelas de menor poder aquisitivo.
 
A pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre o endividamento e a inadimplência dos consumidores mostra que até junho deste ano, 69,7% das famílias brasileiras possuem dívidas. Um aumento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado. 
 
Também houve um aumento na quantidade de famílias inadimplentes, que chegou a 10,8%. No entanto, é um valor 0,8% menor à quantidade de famílias inadimplentes em junho de 2020, em pleno auge da pandemia.
 
A principal dívida dos brasileiros é com o Cartão de Crédito. 81,8% dos entrevistados assumiram ter contas deste tipo. Mas também são frequentes os endividamentos com empréstimos pessoais, financiamento de veículos e compras com carnê em diferentes lojas. 
 
De acordo com o Banco Central (BC), o registro de empréstimos realizados por pessoas físicas no período de um ano, passou de 16,5% em maio para 17,5% em junho, superando o volume de operações realizadas por pessoas jurídicas, que caiu de 15,6% para 14,8% nesses meses.
 
Além da necessidade própria das famílias, outros fatores externos influenciam no aumento da busca por empréstimo, por exemplo, as facilidades para o acesso ao crédito, que estimulam tranquilidade e segurança para contratar. 
 
Com a sanção da Lei 14.179 em 30 de junho deste ano, a possibilidade de contratar um empréstimo é maior. Por meio desta lei se prevê que as instituições que formam parte de sistema financeiro dispensem a solicitação de alguns documentos e comprovantes que servem para aprovar o crédito (quitação de tributos federais, certidão negativa, certidão de quitação eleitoral, regularidade com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -FGTS-). 
 
Esta lei, que simplifica o acesso ao crédito, estará em vigor até 31 de dezembro de 2021, com o objetivo de minimizar os impactos causados pela pandemia. Outras medidas, como o incentivo ao Crédito Direto ao Consumidor (CDC), permitem que as pessoas tenham maior poder de compra e possam movimentar a economia. 
 
De acordo com o BC, o crédito livre aprovado nos últimos 12 meses soma R$ 1,3 trilhão. As operações foram feitas no cartão (à vista e rotativo), na modalidade consignada, créditos para compra de veículos e também empréstimos pessoais. Como a modalidade é livre, não é possível saber qual foi o destino desse dinheiro. 
 
No entanto, a maior parte das pessoas que procuraram empréstimos no ano passado, procurava capital para quitar dívidas pendentes. De acordo com uma importante fintech de crédito, 53% das solicitações de empréstimo tinham esse objetivo. 
 
Números que indicam que a maioria dos brasileiros continuam pagando suas contas e procurando honrar suas dívidas. Mas ao mesmo tempo, dá conta das dificuldades que a situação atual impõe ou que a renda da maioria não está sendo suficiente.

Quando convém fazer empréstimos para quitar dívidas?


Até pode parecer estranho fazer uma nova dívida para quitar uma antiga, mas é uma operação bastante comum e em muitos casos é a melhor solução para sair do negativo. Convém realizá-la somente quando o Custo Efetivo Total (CET) do novo empréstimo seja menor aos juros e encargos da dívida. 
 
No entanto, é preciso analisar muito bem cada situação e a capacidade de pagamento antes de assinar um contrato. Também é importante procurar empréstimos confiáveis para autônomos ou para quem trabalha com carteira assinada, visto que existem créditos específicos de acordo com a fonte de renda do cliente. Quem trabalha com carteira assinada pode fazer empréstimos consignados, que em muitos casos têm custos menores. 
 
O principal motivo para quitar dívidas com um empréstimo é limpar o nome. Com o nome negativado, qualquer operação de compra ou investimento fica mais difícil, sem contar que em muitos casos é negado o dinheiro solicitado. 
 
Por exemplo, o cartão de crédito é uma ferramenta muito útil, mas para quem usa é muito importante pagar em tempo e forma para evitar cair no rotativo. Dependendo do cartão é possível ter que pagar 21,85% de juros ao mês no rotativo, o que equivale a 971,28% ao ano, de acordo com dados do BC. Comparando com outras modalidades, este crédito é o que possui as maiores taxas do mercado. 
 
Para quem está com dívidas do rotativo, sem dúvidas a melhor alternativa é a contratação de um empréstimo. Porque, de acordo com as taxas praticadas pelas instituições financeiras e divulgadas pelo Banco Central, as taxas de um consignado privado podem estar entre 1,15% e 4,18% ao mês (14,75% e 63,47% ao ano). Quem não pode fazer um consignado, por não ter vínculo laboral, pode fazer um empréstimo pessoal. As taxas cobradas vão desde 0,80% até 22,74% ao mês, isto é, desde 10,03% até 1.069,07%. 
 
Claro que, as alternativas que oferecem taxas maiores a do crédito rotativo não são convenientes, estaria trocando somente o nome do crédito sem nenhum benefício para o bolso. Mas, entre as 72 instituições financeiras consideradas na lista de taxas de juros do BC, somente duas têm taxas maiores às do rotativo. 
 
Se a dívida é de R$ 5.000 com uma taxa de 21,85% ao mês em 24 parcelas equivale a pagar R$ 1.102,10 por mês, no total se paga R$ 26.450,40, dos quais R$ 21.450,40 são juros. Se existe alguma possibilidade de pagar essa dívida em 24 parcelas, mas com 3% de juros, as parcelas ficam em R$ 295,24, no total o crédito é de R$ 7.085,76, somente R$ 2.085,76 de juros.
 
Cada situação deve ser analisada de forma particular, para avaliar os prós e contras. Além disso, fazer um empréstimo pode servir também para obter descontos na hora de concretizar compras. O processo será conveniente se os juros cobrados forem menores ao desconto recebido.

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