Mesmo com o crescimento do PIB, milhões de brasileiros continuam sem renda

Com isso algumas pessoas ajustaram seus orçamentos, outros foram em busca de novas fontes de renda e muitos optaram por fazer um empréstimo pessoal

23/06/2021 11:23
Nelson Almeida / AFP
(foto: Nelson Almeida / AFP)

 
Assim como as medidas econômicas tomadas para frear a pandemia afetou de forma desigual a sociedade, a recuperação também está sendo desigual. Alguns brasileiros tiveram na pandemia seu melhor momento, outros recém estão conseguindo voltar ao patamar que tinham antes que tudo isto começasse e muitos ainda se veem distante da retomada. 

Segundo dados divulgados pelo IBGE nos primeiros dias do mês, houve uma alta na economia brasileira, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,2% sobre o último trimestre de 2020, sendo a terceira alta consecutiva depois da queda de 9,2% no segundo trimestres do ano passado, em outras palavras o PIB voltou a patamar do último trimestre de 2019. A soma dos bens e serviços produzidos no país alcançou o valor de R$ 2,048 trilhões.

Segundo o IBGE, o crescimento registrado foi possível graças a que as medidas tomadas diante da segunda onda da pandemia provocada pelo Coronavírus não colocaram muitas restrições ao ponto de impedir as atividades econômicas desenvolvidas no país. Os setores da indústria e agropecuária foram os que mais puxaram os resultados do PIB para acima, no entanto os serviços recuaram 0,8%.

Neste trimestre também cresceu o desemprego, que passou de 13,9% no último trimestre de 2020 para 14,7% no primeiro trimestre deste ano em relação aos ocupados. Se considerarmos as divisões do mercado de trabalho, 40,4% da população está ocupada, sendo empregado ou empreendedor, e 7% estão desocupados. O restante, 52,6% são pessoas que estão fora da força de trabalho ou são menores de idade. 

Esse 14,7% (ou 7%) indica que no Brasil, em março, havia 14,8 milhões de desocupados, isto é, pessoas com idade para trabalhar que não estão trabalhando, porém estão disponíveis e procurando uma vaga. Entre eles 54,5% são mulheres e 45,5% homens, no que se refere a idade de ocupação, 29% dos jovens entre 18 a 24 anos estão desempregados e entre os adultos, de 25 a 39 anos, 34,6% estão sem um trabalho.

Embora ao longo do trimestre tenham sido criadas 837.000 vagas de trabalho formal com carteira assinada, de acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, a ocupação continua baixa, assim como a redução da massa salarial real, como consequência dos efeitos negativos que a pandemia provocou no mercado de trabalho desde que começou. 

Também houve uma queda de 10% na renda média por pessoas (sem considerar os ingressos por programas sociais) em comparação com o primeiro trimestre de 2020. Desde esse período é a quarta retração consecutiva de acordo com a análise do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). Naquele momento a renda média estava em R$ 1.185 e atualmente está em R$ 1.065.

Essa queda pode ser motivada pelo fato de que há menor pressão salarial ao ter muita procura de emprego. Mas também pelo fato de que, devido à pandemia, as empresas estão atravessando uma situação complicada e não conseguem reajustar os salários dos seus funcionários por cima da inflação. 

A inflação é outro importante fator que aumentou, o IPCA foi de 0,31% em abril para 0,83% em maio, como resultado do aumento do preço dos alimentos, dos combustíveis e dos serviços básicos como a luz. 
 
Pixabay
(foto: Pixabay)
 

Milhões de brasileiros continuam sem renda e sem consumir no país


Entre as incertezas do futuro e o desemprego, o aumento da inflação, a perda do poder de compra das pessoas e o aumento dos produtos básicos para alimentação e transporte o impacto negativo no consumo é claro, apesar do crescimento do PIB, o consumo das famílias registou uma queda de 1,7% neste período. No entanto, muitos estão expectantes pelo aumento no segundo trimestre, considerando que desde abril voltou a ser pago o Auxílio Emergencial. 

Porém, segundo a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias da CNC do mês de abril, o consumo das famílias em abril voltou a cair, 2,5% a menos que no mês anterior, em relação ao consumo em abril de 2020 a queda é de 26,1%.

Mas, enquanto o cidadão aguarda o impacto do aumento do PIB na sua economia pessoal, é preciso comprar alimentos e roupas, pagar as contas básicas e continuar a vida. Para isso algumas pessoas ajustaram seus orçamentos, na esperança de voltar a recuperar o nível de consumo que tinham antes da pandemia; outros optaram por procurar novas fontes de renda.

E muitos, depois de analisar a situação, as vantagens e as desvantagens, optam por fazer um empréstimo pessoal ou um consignado, se está enquadrado na modalidade. Isto se reflete no aumento das operações de crédito oferecidas no sistema financeiro. 

Em abril houve uma expansão de 1% na carteira de créditos para pessoa física, em total essa carteira soma R$ 2,3 trilhões, sendo a modalidade de consignado, tanto para setor público quanto para aposentados e pensionistas, a que apresenta maior variação.

Porém, de acordo com as estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central, a taxa de juros média dos empréstimos atingiu 41%, aumentando 0,1 pontos percentuais em relação a maio.

Motivo para que o cliente avalie bem a conveniência de pegar um empréstimo neste momento de grandes oscilações da economia. 

Com a instabilidade e incertezas do mercado, o pessimismo das pessoas sobre a economia aumenta e consequentemente a cautela no momento das escolhas de consumo também. Muitos são os que esperam que com a imunização em massa da população favoreça a reativação da economia e seu crescimento para que a confiança da população volte a se estabilizar. 

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