Gronnemark e as mudanças táticas no futebol moderno

20 anos atrás era difícil imaginar que o futebol moderno teria até mesmo especialistas em lateral sendo contratados pelos grandes clubes

01/07/2020 11:50
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(foto: Pixabay)

Você já ouviu falar em Thomas Gronnemark? Se sim, parabéns, você é realmente muito bem informado quando o assunto é futebol e seus bastidores. Se não, considere-se normal, mas prepare-se para conhecer um nome que representa muito bem o quão profundo pode ser o conhecimento técnico do esporte e as implicações disso dentro de campo.
 
Gronnemark é um atleta dinamarquês que atualmente está com 44 anos, mas isso não é importante. O importante é que ele é – pasme – o maior especialista em arremessos de lateral do mundo. E quando afirmarmos maior especialista, não é exagero nenhum. Estamos falando do detentor de arremesso lateral mais distante do mundo, reconhecido pelo Guinness Book, o livro dos recordes. O arremesso do dinamarquês cobriu simplesmente 51 metros. É pouco ou tá bom?
 
Aí você pergunta: certo, e como isso é importante? E sobre isso que vamos falar e, pode acreditar, esse tipo de especialização tem seu valor, bem como o próprio Gronnemark, que não está precisando procurar emprego, pode acreditar. Atualmente ele é técnico de laterais do Liverpool, um dos melhores clubes do mundo – ou seja, o atual campeão da UEFA Champions League acha válido investir em um profissional que treina seus atletas a cobrar laterais. Leia mais aqui sobre ele.

Lateral na área: estratégia válida?

Quando falamos sobre um arremesso lateral de futebol que seja qualquer coisa menos simples reposição de bola em campo, a tendência é uma entortada de nariz. No Brasil, vimos muito essa estratégia nos últimos anos, talvez especialmente dos times treinados por Cuca, cujo estilo de jogo ganhou até nome, o famoso “Cucabol”, cujo auge de sucesso talvez tenha sido o título brasileiro do Palmeiras em 2016, time que usava e abusava desse recurso, e com sucesso.
 
Já na Inglaterra, por exemplo, essa tática de cobrança longa, em geral visando a área, já era moda desde a década de 2000 pelo menos, especificamente pelas mãos do meia Rory Delap, que ganhou fama internacional junto com seu time, o Stoke City. O apelido “Catapulta Humana” dá uma boa noção do que o jogador era capaz.
 
A jogada, embora visualmente pouco atraente – afinal, estamos falando de pegar a bola, secá-la com a camisa ou mesmo uma toalha dada por companheiros de equipes ou gandulas (Delap fazia esse ritual em todo santo lateral, acredite) e jogá-la na área para uma disputa de cabeça que podia resultar em gol.
 
Chamado pelo torcedor do seu clube de “David Beckham dos laterais”, esse mesmo Delap fez escola e fama no Stoke City, time famoso pelo jogo bruto e que aterrorizava clubes com estilo mais plástico de jogo, em especial o Arsenal de Arséne Wenger, uma das vítimas favoritas do Stoke.
 

Técnica e estudo no futebol moderno

Arremessos longos são apenas um de infinitos pontos de estudos que compõe o futebol moderno e suas estratégias. Estamos falando de um segmento que investe milhões por ano em tecnologia como mapas de calor, projeção 3D de jogadas e análises com realidade virtual para tentar aprofundar o conhecimento sobre o adversário e se aprofundar sobre as próprias qualidades enquanto time.
 
Embora a ideia simples de criar uma oportunidade de gol com a saída da bola pela linha de lado, o arremesso longo pode fazer parte de uma estratégia mais aprofundada dentro de campo. Uma estratégia que está se tornando comum e é usada por técnicos de primeira, como Pep Guardiola, é a de pressionar o adversário quando ele está com a bola através da superioridade numérica.
No caso de um arremesso, ser capaz de colocar a bola em um ponto distante da área povoada de disputa pode desafogar a saída de jogo e armar potenciais jogadas.
 
Ou seja, o futebol está mudando de forma clara, um lateral por vez. Cabe ao Brasil se adaptar para não ficar para trás e ser apenas um exportador de atletas. Alguém tem o Whatsapp de Thomas Gronnemark?

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