Aglomeração está liberada. Mas só lá do outro lado do planeta...

Shows na Austrália e na Nova Zelândia vêm reunindo multidões sem máscara, após o controle do coronavírus. Em Barcelona teste foi incluído no preço do ingresso

Guilherme Augusto 03/04/2021 06:00
Facebook/reprodução
O festival Rhythm and Vines, na Nova Zelândia, reuniu cerca de 20 mil pessoas no réveillon. Maratona contou com uma centena de atrações (foto: Facebook/reprodução)

Pouco mais de um ano após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a pandemia da COVID-19, a volta de shows e festivais com a presença do público ainda é uma realidade distante no Brasil. Atualmente, o país registra recordes diários de mortes ocasionadas pelo novo coronavírus, o que impossibilita a realização de atividades aglomerativas em segurança. Enquanto isso, países que conseguiram controlar a transmissão do vírus já permitem eventos musicais sem distanciamento social ou uso de máscaras.
 
A Austrália não registra mortes por COVID-19 desde dezembro de 2020. Por isso, em algumas cidades já ocorrem eventos para milhares de pessoas. Em 20 de março, a banda Midnight Oil fez show para 13 mil pessoas em Geelong. A apresentação encerrou a miniturnê “Makarrata live”, iniciada no final de fevereiro em Mount Cotton, que também passou por outras duas cidades australianas e a capital, Canberra.
 
Kane Hibberd/divulgação
Banda Midnight Oil tocou para 13 mil pessoas na cidade australiana de Geelong (foto: Kane Hibberd/divulgação)
 
 
Nas redes sociais, a banda compartilhou imagens das apresentações – todas mostram a multidão aglomerada na plateia. O jornal Geelong Advertiser descreveu a apresentação como “oficialmente o maior concerto de rock realizado na Austrália em mais de um ano”.

TAME IMPALA Outro grupo australiano que cantou para a multidão foi o Tame Impala. A apresentação ocorreu em 5 de março, em uma casa de shows de Perth, marcando o lançamento do Tame Impala Sound System, projeto em que o músico Kevin Parker usa sintetizadores para recriar ao vivo canções da discografia da banda.
Também em março, o show em homenagem ao produtor Michael Gudinski, morto aos 68 anos no início daquele mês, reuniu 8 mil pessoas em uma arena em Melbourne. Kylie Minogue, Jimmy Barnes, Paul Kelly e Ed Sheeran participaram do evento.
 
Lluis Gene/AFP
Em Barcelona, na Espanha, multidão usando máscaras ouviu a banda Love of Lesbian cantar (foto: Lluis Gene/AFP)
 
 
Sheeran, que mora na Inglaterra, chegou ao país em jato particular e cumpriu a quarentena de duas semanas. Esse é o protocolo seguido por todos que desembarcam na Austrália.
 
As fronteiras do país estão fechadas para estrangeiros até junho. Só podem entrar cidadãos australianos ou residentes, porém há limite semanal de acesso. A medida foi adotada no início da pandemia, assim como o confinamento, testes em massa e programas de rastreamento do contágio. O resultado disso se reflete nos números da COVID-19. Atualmente, a Austrália tem cerca de 29 mil casos e 909 mortes.
 
Cenário semelhante ao australiano é o da Nova Zelândia. Considerado exemplo mundial no controle da pandemia, o país permite shows e festivais desde o segundo semestre de 2020.
O tradicional Rhythm and Vines saudou a chegada de 2021 reunindo cerca de 20 mil pessoas na cidade de Gisborne. Entre 29 e 31 de dezembro de 2020, o evento promoveu shows com cerca de 100 atrações.
 
Devido ao fechamento das fronteiras do país, a programação privilegiou atrações locais, como a cantora BENEE, o duo Broods e a banda Fat Freddy’s Drop. O público não precisou usar máscaras nem manter distanciamento social, segundo o site britânico NME.
 
O protocolo de segurança também foi dispensado na décima edição do festival Rhythm & Alps, realizado em Cardrona Valley, entre 29 e 31 de dezembro. Já o Nothern Bass, em Mangawhai, comemorou o réveillon com edição com duração de três dias e três noites.
 
Outro festival sem restrições foi o CubaDupa, na cidade neozelandesa de Wellington, realizado em 27 e 28 de março. Tradicional no calendário cultural do país, o evento contou com 1.750 atrações espalhadas por 50 palcos. A imprensa local registrou mais de 120 mil pessoas nos dois dias de evento.
 
A banda Crowded House voltou aos palcos em miniturnê pela Nova Zelândia. O último show, em 12 de março, reuniu 6 mil pessoas em Queenstown. A apresentação ao ar livre foi registrada nas redes sociais do grupo.
 
Em 31 de março, Marlon Williams se apresentou em Auckland. Além dos ingressos esgotados, o show contou com a participação da cantora Lorde, que também é neozelandesa. Eles cantaram “Tougher than the rest”, clássico de Bruce Springsteen lançado no álbum “Tunnel of love” (1987).
 
Com 5 milhões de habitantes, a Nova Zelândia registrou 2.501 casos de COVID-19 e 26 mortes. Desde o início da pandemia, a primeira-ministra Jacinda Adern adotou medidas rigorosas, como isolamento de viajantes, rastreamento de contágio e lockdown. Em outubro de 2020, ela foi reeleita e deu a maior vitória eleitoral ao Partido Trabalhista.

BARCELONA Na Europa, o show da banda Love of Lesbian reuniu cerca de 5 mil pessoas em Barcelona, na Espanha, no sábado passado (27/3). Autorizado pelo governo, o evento seguiu os protocolos de segurança, como a realização obrigatória do teste de antígeno, que detecta as proteínas específicas produzidas pelo vírus, e o uso de máscaras.
 
Os exames para a entrada na arena Palau Sant Jordi, local do show, foram realizados em três pontos de Barcelona por 80 enfermeiros. O público recebeu o resultado do teste por meio de um aplicativo no celular. O exame e a máscara foram incluídos no preço do ingresso.
Ao meio-dia, três pessoas das 2,4 mil testadas receberam o resultado positivo, uma delas teve contato com um caso positivo. Foram proibidas de entrar no evento, recebendo a garantia de reembolso.
 
A apresentação começou com a saudação do vocalista da banda, Santi Balmes: “Bem-vindos a um dos shows mais emocionantes de nossas vidas!”. (Com agências)

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