Banda dos anos 90, Gorillaz parece ter nascido ontem

Formato virtual com integrantes animados do projeto cai como uma luva em tempos de confinamento. Novo trabalho, 'Song machine' confirma fôlego do duo

Guilherme Augusto 29/10/2020 04:00
Parlophone Records/Divulgação
O cartunista Jamie Hewllett e o músico Damon Albarn com os integrantes animados do Gorillaz (foto: Parlophone Records/Divulgação)

Em virtude da pandemia da COVID-19, 2020 tem sido um ano marcado pela interação em ambientes virtuais. Lives, encontros e comemorações via internet se tornaram comuns, na tentativa de amenizar o distanciamento social.

Nesse cenário, a banda Gorillaz, formada no final dos anos 1990, ganha uma atualidade inédita: sua natureza virtual corresponde tanto às expectativas da segunda década do século 21 que a banda parece ter nascido ontem.

Na verdade, o projeto é tão multifacetado que até o termo banda não o define totalmente. Desde o álbum de estreia, lançado em 2001, o Gorillaz é apresentado como um grupo animado de jovens estranhos desenhados pelo cartunista Jamie Hawlett. Seus integrantes são: 2D, Noodle, Russel Hobbs e Murdoc Niccals. As músicas ficam a cargo de Damon Albarn, vocalista e líder do Blur, banda britânica de britpop.

Às vésperas de completar duas décadas de estrada, a dupla de artistas ingleses decidiu apostar num novo jeito de lançar músicas. Intitulado Song machine, o projeto dentro do projeto consiste em vídeos e músicas lançados como episódios de uma série. Os lançamentos culminaram no disco Song machine, season one: Strange timez, disponível nas plataformas digitais desde a última sexta-feira (23).

O primeiro episódio, lançado no final de janeiro passado, foi marcado pelo single Momentary bliss, parceria com o rapper Slowthai e o grupo de hardcore Slaves. Naturalmente, a faixa é uma mistura de estilos como hip-hop, punk, indie e rock psicodélico.

Um mês depois, o Gorillaz liberou o segundo episódio, contendo a música Désolé, que conta com os vocais da cantora Fatoumata Diawara, do Mali. O terceiro chegou em abril, com o lançamento de Aries, do qual participam Peter Hook, ex-Joy Division e New Order, e a cantora e produtora Georgia, nova voz da house music britânica.

Para o quarto episódio, lançado em junho, após uma pausa no projeto, Albarn e Hawllet tiveram a colaboração do rapper franco-britânico Octavian na faixa Friday 13th. No quinto, liberado em julho, com a música Pac-Man, quem aparece é o também rapper Schoolboy Q.

O sexto episódio, a faixa-título Strange timez, saiu no início de setembro e traz Robert Smith, do The Cure. Já o sétimo e último, liberado no início deste mês, contém o single The pink phantom, em parceria com Elton John e o rapper 6BLACK.

Parlophone Records/Divulgação
(foto: Parlophone Records/Divulgação)

CONVIDADOS

Ao todo, o disco conta com 17 faixas e 24 convidados, entre músicos consagrados e outros em ascensão. Além dos já citados, aparecem nomes importantes como Beck (The valley of the pagans), St. Vincent (Chalk tablet towers) e Unknown Mortal Orchestra (Severed head).

O trabalho carece de unidade e isso não é um defeito. Ao reunir convidados de diferentes campos da música, a primeira temporada do Song machine combina estilos – como hip-hop e reggae, soul e música eletrônica. O resultado é uma renovação do proposta do próprio Gorillaz, que nasceu como banda de trip hop.

Terceiro disco de estúdio do Gorillaz num intervalo de três anos, o projeto expande o que a banda fez em Humanz (2017), álbum que pôs fim a um jejum de sete anos sem lançamentos inéditos e é também repleto de participações especiais.

Por mais que o Gorillaz, quando surgiu, tenha confundido o público, nunca houve muita dúvida quanto à qualidade musical de seus trabalhos. O projeto de Damon Albarn e Jamie Hawlett segue atento ao que o mundo tem a oferecer e tem todo o potencial para redefinir o pop dessa nova década. Mas essas são cenas dos próximos capítulos.  
Parlophone Records/Divulgação
(foto: Parlophone Records/Divulgação)

SONG MACHINE, SEASON ONE: STRANGE TIMEZ
• Gorillaz
• Parlophone Records
• Disponível nas plataformas digitais


Róisín machine capricha no pop

Resultado de um processo de composição iniciado em 2019, o novo disco de estúdio da cantora, compositora e produtora irlandesa Róisín Murphy, Róisín machine, resgata o pop eletrônico dos anos 1970, 1980 e 1990 por meio de uma linguagem dançante e autoral. Produzido em parceria com Richard Barratt, o registro de 10 faixas concentra o que há de melhor na carreira da cantora, que começou como integrante da banda Moloko. É o caso dos singles Something more, Murphy’s law e Narcissus. Pensado para as pistas, esse é primeiro álbum da irlandesa desde Take her up to Monto (2016). Em sua discografia, a cantora conta ainda com os álbuns Ruby blue (2005), o elogiado Overpowered (2007) e Hairless toys (2015).

MAIS SOBRE MUSICA