Milton Nascimento comemora 78 anos com um presente para os fãs

Atração deste domingo do Rio Montreux Jazz Festival, Bituca faz live com Samuel Rosa, Maria Gadú e o coral americano Sing Harlem. Show começa às 16h10

Pedro Galvão 25/10/2020 04:00
Canal Brasil/divulgação
Milton Nascimento diz que lives como a de hoje espalham 'um pouco de esperança' nestes dias difíceis de pandemia (foto: Canal Brasil/divulgação)

Cantor e compositor aclamado no Brasil e no mundo, Milton Nascimento é cultuado por uma multidão de fãs – entre eles, artistas de renome. Descrito por amigos como dono de uma generosidade proporcional à potência de sua arte, Bituca comprova isso presenteando o público  às vésperas de completar  78 anos, na segunda-feira (26). Neste domingo, ele será a atração da versão on-line do Rio Montreux Jazz Festival. Vai soltar a voz ao lado de Samuel Rosa, Maria Gadú e do coral norte-americano Sing Harlem.

“Tenho muita sorte, a sorte de sempre viver cercado de grandes amigos, como Gadú e Samuel Rosa, que toparam participar comigo deste evento tão importante como o Rio Montreux. Acho que vai emocionar muita gente, pois ainda teremos a participação do Sing Harlem, grupo coral fantástico”, diz Milton. Marcada para as 16h10, a live será realizada no palco montado no Hotel Fairmont, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

A ideia é juntar a inconfundível voz de Bituca ao talento dos jovens cantores do bairro nova-iorquino, importante polo da música afro-americana. Se na parceria com Fernando Brant ele canta que “o artista deve ir aonde o povo está”, nestes tempos de distanciamento Milton vai “entrar” na casa de seus fãs.

“A live realmente tem essa coisa de aproximar a nossa música das pessoas que gostam da gente. Ainda mais neste ano complicado de pandemia. Essa tem sido a única forma de os artistas espalharem um pouco de esperanca”, afirma o cantor.

LIVES 
Será a terceira transmissão ao vivo de Bituca durante a pandemia. A primeira, em junho, ocorreu em show solo que ultrapassou 1 milhão de visualizações. Em julho, ele dividiu sua segunda live com as cantoras Xênia e Liniker.

A vida de Bituca também será celebrada por outras vozes que o reverenciam e desejam compartilhar isso com o público. Neste domingo (25), a partir das 18h, a cantora baiana Simone faz live especial com repertório dedicado ao amigo.

“Vou cantar só ele, composições e coisas que Milton me fez conhecer. A primeira música que gravei não é dele, Tudo que você podia ser, mas a conheci com ele. Essa é a referência da live, das músicas que vou cantar, sempre pensando e querendo ele próximo de mim”, revela Simone, que se refere a Bituca como “meu umbigo, um mestre.”

A admiração da cantora transcende o plano artístico. “Quando vi Bituca pela primeira vez, foi um choque na minha vida. Mexeu lá dentro. Despertou em mim uma coisa nova, que eu não conhecia. Foi quando o vi em um teatro, até então só tinha contato com aquela voz inconfundível. Quando o vi em cena, o que posso resumir é que existe o ‘antes de Bituca’ e o ‘depois de Bituca’ em minha vida”, conta. Naquela época, Simone se dedicava à educação física e à carreira como jogadora de basquete. Tempos depois, ela se tornou uma das cantoras mais populares do país, influenciada pelo ídolo que virou parceiro.

“A música, a voz, o som, as divisões, o timbre. Quando comecei, queria cantar como ele, ter a voz dele. Afinal, se quiser imitar alguém, imite o melhor. Jamais saiu da memória o dia em que o conheci, quando senti o corpo dele perto, o físico, o abraço, o olhar nos olhos. Tinha 24 anos, hoje estou com 70”, relembra.

TIMIDEZ 
O primeiro encontro dos dois ocorreu no estúdio da gravadora Odeon, no Centro do Rio de Janeiro. “Tinha terminado de gravar e ele chegava para o horário dele. Ambos somos tímidos, mas perto dele não tive nada de tímida. Cheguei perto e falei: ‘Eu amo você’. E ele sussurrou: ‘Eu também’. Depois disso, foi sempre uma grande referência como profissional, compositor e cantor. Se Deus cantasse, teria a voz dele. Nesse aniversário, queria abraçá-lo, pegá-lo no colo. Quero para ele o que quero para mim: o que houver de melhor na vida. Que seus desejos sejam alcançados e que ainda cante muito para nos confortar com o amor, o carinho, com o que ele é”, afirma Simone.

A baiana gravou várias músicas do repertório de Milton – entre elas, Canções e momentos, Cais, Encontros e despedidas e Vendedor de sonhos.

O sonho do artista iniciante de se tornar amigo e parceiro de Milton Nascimento, definitivamente, não envelhece. Pelo contrário, se espalha por novas gerações, pois Bituca sempre promoveu jovens talentos. É o caso do Beraderos, projeto do gaúcho Ravel Andrade e do baiano Danilo Mesquita. Na segunda-feira, dia do aniversário de Milton, eles lançam o single Caminhar nas plataformas digitais.

Parceria 
O duo é produzido pela Nascimento Música, empresa criada por Milton e gerenciada por seu filho Augusto Nascimento, em parceria com a gravadora Biscoito Fino.

“O aniversário é dele, mas quem ganha presente é a gente. Um grande presente. É um cara muito generoso, a história do Milton mostra isso, a generosidade com novos músicos, novas bandas. Alguém que presenteia os outros. É um símbolo muito grande ser o aniversário dele e ele presentear não só a nós, mas a nova geração e os músicos independentes”, diz Ravel.

O lançamento de Caminhar tem significado especial, pois Milton também canta no single. “Começamos a tocar há mais ou menos três anos, só eu e Danilo. Fomos evoluindo, até que conhecemos o Alexandre Primo, nosso produtor e baixista do Milton. Logo passamos a conviver com o Bituca, frequentar a casa. Certo dia, justamente no aniversário dele, tocamos algumas de nossas músicas e ele gostou, especialmente de Caminhar. Pouco tempo depois, Augusto falou que ele queria gravá-la”, relata Ravel. “Ver o Bituca cantando uma canção nossa é um presente da vida, uma sorte muito grande.”

Danilo Mesquita reforça: “Fizemos a canção no meu quarto, ainda começando a montar a banda. Nunca imaginamos a possibilidade de tocar com o Milton. Tocávamos essa música para nossos amigos, mas ela virou outra com a beleza dele, com a potência dele. Saber que ela será cantada pela gente com o meu maior ídolo, o maior artista de todos os tempos, me emociona muito. Neste 2020 tão difícil para todos, é ótimo ter esse respiro de esperança que é o Milton cantando.”

RIO MONTREUX JAZZ FESTIVAL
Milton Nascimento recebe Sing Harlem, Samuel Rosa e Maria Gadú. Neste domingo (25), às 16h10, em www.youtube.com/riomontreuxjazzfestival. Gratuito.

SIMONE: HOMENAGEM A MILTON NASCIMENTO
Neste domingo (25), às 18h, nos canais oficiais da cantora no Instagram, Facebook e YouTube. Gratuito.

BERADEROS
Lançamento do single Caminhar. Segunda-feira (26), nas plataformas digitais.

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