O retiro poético de Murilo Antunes em Juatuba

Compositor e escritor está em sítio na Grande BH, onde batiza gatos, conversa com as plantas, compõe e faz poesia

Augusto Pio 14/06/2020 04:00
Eduardo Gontijo/divulgação
(foto: Eduardo Gontijo/divulgação)


Cumprindo o isolamento social em um sítio em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o compositor, escritor e publicitário Murilo Antunes tem se dedicado à poesia.

“Vim parar aqui em abril, fugindo da confusão de Belo Horizonte. Tenho escrito diariamente, lido bastante e também feito alguns vídeos que estou postando no Facebook e no Instagram”, conta.

Recentemente, Murilo fez o poema De volta ao reino animal. “Peço para que venham os bichos bravos, os peçonhentos, todos para calar o presidente. Gravei um vídeo com os versos e mandei para o pianista, compositor e arranjador André Mehmari, em São Paulo. Ele fez a trilha sonora, ficou muito legal.”

Poesia e clarone, com Antunes e Mehmari, pode ser conferido no Facebook. “Por enquanto, não tenho meu canal no YouTube, por isso publico poemas no Insta e no Face”, diz, revelando que também está aproveitando os dias em Juatuba para cozinhar: “Tenho feito muito tutu de feijão com torresmo.”

BORBOLETAS Outro passatempo do poeta é lidar com as plantas e os animais. “Tenho dado nomes para os gatos daqui da região, conferido as borboletas saindo dos casulos e conversado com as flores. E elas respondem. Converso com as orquídeas e as buganvílias, elas me ouvem e ficam ainda mais bonitas. Também tenho visto, aqui na frente da casa na qual estou hospedado, um pequizeiro muito bonito. Vejo as folhas secarem e caírem, preparando para as flores da primavera e, no verão, deliciosos pequis.”

Além da agenda “ecológica”, Murilo participa de bate-papos na internet. “Recentemente, fiz um virtual muito legal com um grupo de Uberaba. É uma espécie de live, mas limitada. O grupo se reuniu lá e me perguntou se eu topava. Topei na hora, conversamos sobre as minhas letras de música. Foi muito interessante”, conta.

Autor das canções Viva Zapátria (com Sirlan), Besame e Nascente (com Flávio Venturini) e Tesouro da juventude (com Tavinho Moura), Murilo está letrando melodias nestes dias de confinamento. “Aos poucos, vou completando e passando para os parceiros”, conta.

Ele também finaliza o livro que escreve desde 2014. Definindo esse novo projeto como “inspirações e memória”, procura um editor para lançá-lo até o fim do ano. “São poesias em prosa e memória, nas quais conto algumas coisas da minha infância, da adolescência e de agora, além de casos curiosos. Não tem cronologia, assim o leitor não fica preso a capítulos. Vou escrevendo aos poucos. Está ficando muito interessante”, adianta.

Murilo lançou três livros e calcula já ter assinado 300 letras de música. “Falo somente daquelas já lançadas, mas há várias outras ainda por gravar. Além dos antigos parceiros, que são muitos, estou com outros mais recentes, com quem estou fazendo coisas muito legais. Tem um de São Paulo que se chama Otávio Toledo, muito bom e caprichoso. Há até uma canção nossa rolando no YouTube, Lua de sangue. Ela ganhou arranjo do Wagner Tiso, que aparece tocando no clipe.”

Murilo explica que tem seu método particular de compor. “Gosto de colocar a letra na melodia, porque assim pratico mais a musicalidade. Criando a letra antes, a pessoa faz muito sozinha. Quando se faz em cima da melodia, a música lhe sugere, o ritmo já o leva para um caminho”, ensina.

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