Protegi seu nome por amor: irmãos mineiros Flausino e Sideral celebram Cazuza em projeto

Projeto envolve também outros nomes da música como Baby do Brasil e Caetano Veloso

Pedro Ibarra* 29/05/2020 10:29
Agência SUBA/Divulgação
(foto: Agência SUBA/Divulgação)
Com a poesia nas letras que escrevia, Cazuza influenciou e foi a voz de gerações de jovens, mesmo com a morte dele, há 30 anos. Para lembrar a data, Rogério Flausino e Wilson Sideral se juntaram para o projeto multimídia Protegi seu nome por amor: Uma comemoração da história do músico em várias frentes, que contará com disco de inéditas, shows, livro, podcasts e documentário.

“Este é um projeto muito bonito e muito completo, que tem a intenção de jogar uma luz sobre a obra de Cazuza e na Sociedade Viva Cazuza”, conta Rogério Flausino, vocalista da banda Jota Quest, em entrevista ao Correio. A ideia partiu do cantor que, junto ao irmão, Wilson Sideral, tem um trabalho musical voltado para o poeta desde o fim de 2015.

A ideia, que era, antes, uma homenagem à lembrança do artista nos 25 anos da morte do ex-vocalista do Barão Vermelho, tomou outra proporção devido a um encontro com a mãe do artista. “Quando conversamos com a Lucinha, nós pegamos a responsabilidade de gravar um disco de inéditas do Cazuza”, lembra Flausino. Os dois, então, passaram a buscar formas de viabilizar esse álbum, musicalizações de letras deixadas por Cazuza na voz de grandes nomes da música brasileira.

No fim de 2019, Rogério Flausino encontrou Fabiana Bruno, CEO da Agência produção de conteúdo SUBA, para quem apresentou o projeto. “Nós abraçamos a ideia por ser uma oportunidade de expandir o discurso de Cazuza. Algo tão contemporâneo, mesmo 30 anos depois”, diz Fabiana.

“A ideia é trazer o legado do artista, é proteger o nome”, explica Fabiana Bruno. O projeto multimídia leva o título Protegi seu nome por amor em referência a um trecho de Codinome beija-flor, uma das principais músicas da carreira de Cazuza. Estão envolvidos, no disco de inéditas, nomes como Caetano Veloso, Baby do Brasil, Ney Matogrosso, Bebel Gilberto, entre outros, totalizando 20 artistas. O plano era divulgar músicas durante 2020 e fazer dois grandes shows de lançamento no segundo semestre, mas, por causa da pandemia o processo ficou parado e pode não seguir o primeiro planejamento.

Tocar Cazuza

“O Cazuza é quase como um alter-ego para mim. Eu gostaria de falar as coisas que ele fala. Mas as coisas não são assim, cada um nasce numa época, de um jeito e com uma personalidade”, afirma Rogério Flausino. O cantor diz estar muito feliz em seguir o projeto e se sente muito honrado em ter o aval da Lucinha para tocar as composições de Cazuza. O cantor tem o Exagerado como uma das maiores inspirações desde a infância. “Desde que voltamos, eu e meu irmão a tocar Cazuza, isso mexeu no nosso jeito de compor, de interpretar as canções e no jeito de cantar.”

Sobre apresentar um show em homenagem ao ídolo, Flausino diz que é um momento único e importante de conexão com o público. “Quando fazemos um show do Cazuza é uma catarse coletiva, de quem está vendo e de quem está cantando. Porque é o tipo de música que se canta com toda força, faz bem cantar aquilo”, conta o vocalista. “Me faz muito bem, é uma válvula de escape. Quando a gente está nesses shows eu fico muito feliz, muito pirado de alegria de cada vez mais reforçar a mensagem dele”, completa a voz do Jota Quest.

Atemporalidade de Cazuza

“O Cazuza era nossa herói, eu tinha 18 anos e o Sideral 15 quando o Cazuza morreu e deixou a gente orfão”, lembra. Para ele, o mais impressionante é o fato de como a carreira do astro é curta e abrangente ao mesmo tempo. “Ele consegue numa carreira de oito anos, morrendo aos 31, fazer rock, blues, MPB, passeia pela bossa nova e pelo samba. A carreira dele é muito rica”, afirma Flausino. “A poesia dele, o jeito dele de escrever, de ver a vida e repassar isso para gente é muito legal, é fulminante. Versos cortantes, você encontra na mesma música 12 versos fulminantes”, completa.

Outra marca de Cazuza foi o discurso, falar o que achava que estava certo e poetizar chagas sociais. “Ele tocava algo que estava a flor da pele, uma emoção que só quem viveu Cazuza sabe”, fala a CEO da SUBA. Para a empresária, o que Cazuza escreveu ainda é muito tocante no contexto atual brasileiro. “Qualquer letra dele é muito atual, todas as questões de hoje ele já falava sobre há 30 anos atrás”, comenta Fabiana Bruno.

*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira

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