Saideiras na música: 2019 é marcado como ano de separações de bandas e desligamentos

Os mineiros do Skank seguirão em projeto solo e Maurinho deixou o Tianastácia

Augusto Pio 29/12/2019 04:00
Diego Ruahn/Divulgação
Henrique Portugal, Lelo Zenetti, Samuel Rosa e Haroldo Ferretti, que farão turnê de despedida em 2020, buscam ''realização sem ser como SkanK'' (foto: Diego Ruahn/Divulgação)

Sem sombra de dúvidas, 2019 foi um ano de mudanças para muita gente, principalmente para músicos que optaram por trilhar novos caminhos. Há 30 anos na estrada, o Skank anunciou, em novembro, a sua separação – Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zenetti e Haroldo Ferretti ainda subirão juntos aos palcos do país em 2020, na já anunciada turnê de despedida da banda mineira. Os músicos seguirão carreira em projetos solos. “Não teve briga nem nada que pesasse para uma decisão figadal. Somente um desejo por experimentação, por correr riscos e buscar outras formas de realização sem ser como Skank”, afirmou a banda em nota à época do anúncio da separação.

Mas a separação definitiva só virá em 2021. Na turnê de despedida em 2020, os sucessos Jackie Tequila,  Te ver, Pacato cidadão, Amolação, Garota nacional, Resposta, É uma partida de futebol e Sutilmente deverão embalar os fãs do Skank pelo Brasil afora.

Outro músico também que tomou uma medida radical foi Maurinho Berrodágua, que deixou a banda Tianastácia, em 10 de junho, após 22 anos, para dar sequência a outros trabalhos com os grupos Maurinho e os Mauditos e Grotz. Os Mauditos acabaram de gravar um DVD e CD, que será lançado no próximo ano.

Maurinho conta que a separação se deu por causa de uma coincidência de datas entre a agenda do Tianastácia com a de seus projetos paralelos, o que resultou na sua saída. “Não tive outra opção e achei melhor dar sequência aos meus outros trabalhos. Acabamos de gravar um CD/DVD, no estúdio de Gerson Barral, com a produção da Un Music, com 10 músicas inéditas, uma regravação do nosso primeiro disco, lançado em 2015, e uma outra que é um poema do Paulo Leminski, que musiquei. Então, são nove músicas minhas, uma regravação e uma outra com letra de Leminski”, revela.

Ele conta que o CD e DVD foram gravados ao vivo, dentro do estúdio e finalizado há cerca de um mês. “Devemos fazer o lançamento logo após o carnaval. Por enquanto, estamos em busca de apoiadores para fazer o show de lançamento deste novo trabalho. Na verdade, o projeto de lei, no qual buscamos recursos, nos permitiu a fazer a gravação tanto de um CD quanto de um DVD. No momento, também continuo fazendo shows com os Mauditos e a Grotz.”

Maurinho lembra que a Grotz foi fundada há cerca de 16 anos, quando ele, Leozinho e Glauco ainda faziam parte do Tianastácia. “Com a saída do Leozinho, posteriormente a do Glauco e, mais recentemente, a minha, do Tia, a Grotz deu uma parada. E, depois desses anos todos, resolvemos remontá-la. Já fizemos alguns shows e estamos também com a ideia de fazer músicas autorais. Então, estou com esses projetos agora, ou seja, o lançamento do CD e do DVD dos Mauditos e levar adiante a Grotz. Isso sem falar nos shows com as duas bandas, que continuam acontecendo bastante.”

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Maurinho Nastácia (de branco) deixou o Tianastácia após divergência de agenda com projetos próprios (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press %u2013 28/11/17 )


Single

O músico ressalta que a Grotz faz um trabalho de covers, tocando hits de Beatles, Carlos Santana, Led Zeppelin e The Who, entre outras estrelas internacionais. “Mas agora estamos colocando também alguns compositores nacionais, como Sérgio Sampaio e Belchior. E, de repente, rola alguma coisa autoral. Por enquanto ainda não temos nada pronto, mas devemos levar adiante essa ideia.”

Ele ressalta que os planos para 2020 se concentram mais no trabalho de divulgação do CD e do DVD. “Vamos fazer uma turnê por várias cidades brasileiras. Lembrando, que devemos lançar o CD/DVD em março ou abril. A partir desta segunda-feira (30), vamos lançar o terceiro single do DVD nas plataformas digitais. Já lançamos dois no nosso canal no YouTube e no Spotfy. O primeiro single se chama Sopro, o segundo Depois, e a partir de amanhã, lançaremos o terceiro, que se chama Olho”. Formam os Mauditos, Maurinho (voz e violão), Vinícius Cavalo (baixo), Lucas França (guitarra) e Fernando Morcego (bateria).

Eduardo Trópia/Divulgação
Elisa Freixo não faz mais seus concertos no órgão histórico instalado na Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes (foto: Eduardo Trópia/Divulgação )


Rompimento em Tiradentes


Para a organista Elisa Freixo, a divergência de opinião foi a principal causa do desligamento dela do órgão  construído pelo português Simão Fernandes Coutinho, instalado na Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes. Lembrando que, em um trabalho que durou cerca de 10 anos, Freixo coordenou o restauro da parte técnica do histórico instrumento. Em setembro deste ano, ela anunciou sua saída e mudança para São Paulo, alegando não concordar com as reformas efetuadas pelo pároco da cidade.

Dividindo a moradia entre São Paulo e Tiradentes, Elisa Freixo garante que está feliz, apesar do ocorrido. “Ainda estou em processo de mudança e fazendo somente trabalhos soltos. Sempre fui free lancer, nunca tive  trabalho fixo”.

A musicista conta que está cheia de planos, mas alega que, por enquanto, não pode revelá-los, uma vez que ainda não há nada concretizado. “Estamos vivendo um momento complicado de instabilidade no país. Porém, posso falar sobre dois eventos que participarei no ano que vem. Em fevereiro, irei para o México, levando um grupo para uma viagem cultural e lá vou tocar uma série de concertos, pelos menos umas 12 vezes. Como vou antes do grupo, darei aulas também.”

Ela lembra que em abril participará do Festival Internacional de Música Barroca 2020, em Chiquitos, na Bolívia. “Minha participação nesses dois eventos já está certa. Graças a Deus posso contar com o meu currículo, pois fiz uma história. Então, no momento, estou com essas duas viagens e dando aulas em São Paulo, onde continuo com muitos alunos.”



PROJETOS

Freixo conta que ainda está averiguando em qual bairro deverá fixar residência em São Paulo e onde trabalhará. “Por causa disso, sem ter ainda uma estrutura, não posso tomar decisões muito definitivas ainda. Mas confesso que estou muito feliz, embora nunca mais tenha me apresentado na igreja de Tiradentes. Espero também que tenhamos um ano novo melhor, pois 2019 foi muito agressivo, cheio de surpresas para muita gente. Agora, é continuar dando sequência a minha vida e conseguir algo fixo em São Paulo. Estou em conversações e, a qualquer hora, creio que este desejo se tornará realidade”, espera a organista. (AP)

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