“O Fado Bicha surgiu como uma apresentação que não havia no fado, nem na música em geral em Portugal. Uma música que falasse sobre identidades não normativas, que não são faladas nas escolas, nem nos livros. Sentimos uma necessidade de criar nosso próprio espaço, porque sem ele se passa a ideia de que não existimos”, argumenta João Caçador, que toca guitarra, enquanto o parceiro Lila canta.
Segundo Caçador, “num meio conservador, como o fado, foi como voltar as origens de uma música que era marginal nos séculos XVIII e XIX, popular entre marinheiros, prostitutas e outros grupos marginalizados. É uma apropriação que traz para os dias de hoje essa nossa identidade, numa música que sempre trouxe temas masculinos, normativos, sobre o homem e a mulher”.
Dessa forma, entre os singles já lançados, que procuram debatar questões de gênero e da visibildiade LGBT+, um dos principais sucessos é O namorico do André, que conta sobre o romance entre “o André, que é peixeiro, e o Chico, que é pescador”. Trata-se de uma versão de O namorico da Rita, que originalmente falava da relação entre a mulher e o pescador, em canção imortalizada na voz de Amália Rodrigues. O duo se prepara para lançar o primeiro álbum ano que vem. Depois de BH, a turnê da dupla seguirá para São Paulo e Rio de Janeiro.
Serviço - Fado Bicha
Sábado, 30 de novembro, às 22h30, na Gruta (Rua Pitangui, 3613, Horto). Ingressos: R$ 15 (até 0h), R$ 20 (após 0h), à venda no local.