Cinco discos indispensáveis para conhecer a carreira de João Gilberto

O músico baiano, que revolucionou a música brasileira, morreu na tarde deste sábado, aos 88 anos

por Renan Damasceno 06/07/2019 18:20
Orlando Suero/O Cruzeiro
(foto: Orlando Suero/O Cruzeiro)
Desde que João Gilberto entrou no estúdio da Odeon, no Rio, entre julho e novembro de 1958, para gravar Chega de Saudade – seu debute e obra seminal da bossa nova –, a música brasileira nunca mais foi a mesma. O músico de Juazeiro, que havia tentado a carreira nas rádios de Salvador seguindo a cartilha de grandes cantores como Dick Farney e Lúcio Alves, havia desembarcado no Rio um ano antes, em 1957, aos 26 anos, com o violão debaixo do braço. 

Em pouco tempo, na efervescente noite das boates cariocas, o violão de João viraria vedete, com um jeito novo e intimista de tocar. A mão executava acordes e marcava o tempo, como uma percussão. A impostação da voz, marca dos grandes crooners da era do rádio, dava lugar a um volume baixo, limpo, sem vibrato. João encantou produtores como Roberto Menescal e Aloysio de Oliveira, cantores e compositores – entre eles, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Elizeth Cardoso.

Na voz e no violão de João Gilberto, a bossa nova tomou forma. Tom encontrou seu intérprete e grandes compositores, como Ary Barroso, foram reinventados no violão de João. Seus três primeiros discos – Chega de Saudade (1959), O amor, o sorriso e a flor (1960) e João Gilberto (1961) –, são apanhados de obras-primas. Ali estão Chega de Saudade, Desafinado, Samba de uma nota só, Insensatez, Coisa mais linda, Corcovado, Outra vez, alguns dos maiores clássicos da música brasileira. Pouco depois, em 1964, abriu de vez as portas da bossa nova para o mundo, ao se juntar com o saxofonista Stan Getz. Getz/Gilberto, gravado em 1963 e lançado em março de 1964, é considerado um dos maiores discos da música mundial. 

João se dedicou à carreira internacional e, no fim dos anos 1970, recuperou o prestígio no Brasil com discos como Amoroso e Brasil. Lançou seu último disco de estúdio em 2000 (João voz e violão), depois de quase uma década de hiato. Recluso, sua última aparição nos palcos foi em 2008. 

Chega de Saudade (1959) 
None
Álbum de estreia de João Gilberto, Chega de Saudade foi lançado em março de 1959, pela Odeon. Obra seminal da bossa nova, a faixa-título foi composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes e se tornou um grande sucesso na voz do baiano. O disco traz também Desafinado (Newton Mendonça e Tom Jobim), Brigas, Nunca Mais (Tom e Vinícius), além de Rosa Morena (Dorival Caymmi) e Morena Boca de Ouro (Ary Barroso).

O amor, o sorriso e a flor (1960)
None
Segundo LP de João Gilberto, O amor, o sorriso e a flor – trecho da música Meditação, de Tom e Newton Mendonça –, começa com Samba de uma nota só, que estourou na voz de João Gilberto. Destaque também para Corcovado, Se é tarde, me perdoa e O Pato

 
Getz/Gilberto (1964)
None
Disco que popularizou a bossa nova nos Estados Unidos, ganhou o Grammy de melhor disco, em 1965. O duo Gilberto e o saxofonista Stan Getz contou com participação de Tom Jobim e voz de Astrud Gilberto em algumas faixas. Faixas como Desafinado, Corcovado e, principalmente, Garota de Ipanema se tornaram clássicos mundiais.
 
Amoroso (1977)
None
Escolhido pela revista Rolling Stone como um dos 100 maiores discos da música brasileira, Amoroso marcou o retorno de João Gilberto às paradas no brasil, depois de anos dedicado à carreira internacional. No disco, João traz versões de clássicos estrangeiros, como a norte-americana S’Wonderful, a italiana Estate e a mexicana Besame Mucho, além de Wave, que acabou se tornando trilha da novela Água Viva, da TV Globo  
 
Brasil (1981) 
None
Em Brasil, de 1981, João Gilberto se reúne com seus conterrâneos mais jovens, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil. O disco é uma celebração à Bahia, com faixas como Bahia com H e No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso, também lembrado no disco com Aquarela do Brasil
 

MAIS SOBRE MUSICA