Luan Santana investe milhões em DVD com cenário cyberpunk

Show tem palco de mais de 100 metros com reprodução do esqueleto de uma criatura híbrida que se movimenta, concha de vidro e um elevador que o projetava até o meio do público

por Francelle Marzano 21/05/2019 13:04
FRED PONTES/Divulgação
(foto: FRED PONTES/Divulgação )
Uma produção para ninguém colocar defeito, com padrão internacional. Foram meses de trabalho até que o cantor Luan Santana finalmente conseguisse tirar do papel o seu mais novo DVD. Viva, gravado ao vivo no Parque de Exposições, em Salvador, na Bahia, no último domingo, 19, veio para consagrar os 11 anos de carreira do artista e colocá-lo de vez no hall dos cantores mais influentes do sertanejo.  A superprodução vai na contramão do que os artistas do gênero vem fazendo, já que a maioria têm gravado DVDs intimistas, com público seleto e produções mais baratas. 

Luan não poupou esforços, nem dinheiro e disse não se importar em fazer algo tão grandioso no momento. Foram milhões investidos no novo trabalho, mas segundo ele, o que importa é escrever mais um capítulo de sua história. “Não penso em recuperar o dinheiro investido no DVD, penso na minha carreira, no meu legado aqui, a minha história. Acho que é isso que me fez diferente nestes 11 anos e é isso que vai continuar fazendo diferença daqui pra frente. Não estou nem aí para o que os outros estão fazendo, eu foquei no meu, no meu projeto, no meu trabalho, e trouxe o melhor show que o Brasil já viu”, afirmou.

Com referências de produções como "Blade Runner", "Minority Report" e a série "Altered Carbon", e na cultura Cyberpunk, criada nos anos 70,  visionária, que trabalha com acontecimentos futuros, o palco de mais de 100 metros, trouxe a reprodução do esqueleto de uma criatura híbrida que se movimenta, o qual ele apelidou carinhosamente de Tibúrcio, além de uma concha de vidro e um elevador que o projetava até o meio do público e uma pulseira de led que era controlada pela produção, como a que foi usada pela banda britânica Coldplay, foi distribuídas para as mais de 20 mil pessoas na arena.   

A ideia, segundo Luan, era fazer no DVD o caminho inverso do que esses filmes normalmente fazem e confrontar o mundo de máquinas e tecnologia absurda do cenário com um repertório romântico, que fala sobre a importância do afeto, do amor e da vida real. "Com a tecnologia, a gente está se distanciando do mundo real. As pessoas estão cada vez mais frias, mais distantes. O amor inquieto e a tecnologia em alta. Vamos falar dos valores humanos, que estão cada vez mais esquecidos e deixar o amor em evidência, em um ambiente completamente tecnológico", revelou. 

Sem data de lançamento prevista, Luan diz que pensou várias vezes em desistir do projeto neste formato. Teve problemas pessoais, com cenário, repertório, mas se sente agradecido por ter seguido e sonho e diz ter a sensação de dever cumprido. "É um peso que sai das nossas costas. Foi um sonho, todo mundo ficou travado, é essa reação que eu queria ver nas pessoas. Naquele momento que eu subi no elevador, abri o olho e vi todo mundo. eu segurei o choro. Parece que caiu um raio na minha cabeça, descarregou toda a carga emocional e eu não sabia nem o que dizer. Eu fiz o que eu acreditava". completou. 

Inicialmente, o projeto seria gravado no Rio de Janeiro, com público de apenas 300 pessoas. Quando começou a conversar com Joana Mazzucchelli, produtora, e Ludmila Machado, responsável pelo projeto criativo, Luan começou a mudar a cara do DVD. Resolveu gravar em Salvador e com o público muito maior. "Eu senti que era a hora de estar perto do meu público", disse. "A gente mudou o projeto, o nome, tudo, uma cem vezes. Mas o Luan é um artista que acompanha cada detalhe, que sabe de tudo e a gente viu que era possível. Tivemos muitos problemas. Foram meses de planejamento, 15 dias montando o cenário, em 12 deles, choveu todas as manhãs, mas a gente disse: Não vamos nos render ao comum, ao fácil, a gente precisa de arte, de sonho e é isso que conseguimos levar para os fãs", revelou Joana. 
FRED PONTES/Divulgação
(foto: FRED PONTES/Divulgação )

No repertório, Luan fez questão de estar a par de cada detalhe. A criação foi toda feita em um estúdio próprio. São 12 faixas inéditas, das quais ele assina duas composições sozinho e as outras com parceiros, além de cinco regravações. "O repertório é bem concentrado nas mesmas pessoas e compositores para ter a mesma cara e uma música completar a outra e parecer que são do mesmo projeto. Eu sempre faço coisa que eu acredito. Sou muito verdadeiro com meus fãs, faço tudo que está dentro de mim. Seja em relação a música, cenário, tipo de show, porque eu sei que meus fãs vão entender a minha verdade. O artista que faz as coisas pensando apenas no público, que esquece a sua identidade, as pessoas não absorvem mais. Nós temos vários exemplos de artistas que quiseram agradar aos fãs e o público de um modo geral e se perderam no caminho", afirma. 

Esse é o sexto DVD da carreira do artista. O último, 1977, foi gravado em estúdio, em 2016 e trouxe várias participações especiais como Ivete Sangalo, Sandy, Ana Carolina. Em Viva - Ao vivo em Salvador, Luan disse que chegou a cogitar novas participações, mas desistiu antes mesmo de fazer os convites, porque sentiu de era a hora de um projeto só dele. “E um disco que tem muito a minha identidade. Só ele é igual a ele, o repertório também, tudo é muito meu, então eu queria que fosse um momento entre eu e meus fãs”, defendeu. 

Para os próximos shows, Luan conta que gostaria de levar o cenário grandioso, mas afirma que existem muitas dificuldades como estradas e até mesmo o espaço dos shows. Por isso, ele afirma que vai levar apenas elementos que remetem ao cenário. “É um palco completamente diferente de todos que eu já subi para fazer show nesses 11 anos de carreira. São 100 metros, é uma estrutura que não cabe em qualquer lugar. Vamos pensar agora no show de lançamento, que ainda não sabemos quando vai ser”, finalizou. 

MAIS SOBRE MUSICA