Judas Priest volta a BH com a turnê Solid rock ao lado de Black Star Riders

Prestes a comemorar meio século de carreira, a banda descarta a aposentadoria. 'Todos concordamos que vamos continuar', diz o baixista Ian Hill

por Mariana Peixoto 12/11/2018 08:39

Axel Heimkem/AFP
Rob Halford, o "Deus do Metal",fala da globalizada crise social em suas letras (foto: Axel Heimkem/AFP)

Em setembro de 2011, Judas Priest trouxe a Belo Horizonte a turnê Epitáfio, no então Chevrolet Hall. O show, em noite dividida com o Whitesnake, deveria ser o primeiro e último da veterana banda de metal na cidade. Isso porque Epitáfio havia sido apresentada como a turnê de aposentadoria do grupo britânico.

Pois ei-lo novamente por aqui. Quarta-feira (14), no mesmo espaço (agora KM de Vantagens Hall), Judas Priest traz a turnê Solid rock à capital mineira – a agenda brasileira inclui Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. O show em BH, em noite ao lado do Black Star Riders, é o último do giro sul-americano.

Prestes a comemorar meio século de carreira – a banda nasceu em Birmingham, em 1969 –, o Judas Priest de 2018 descarta aposentar as chuteiras. “Obviamente, essa conversa vem à tona, pois não somos estúpidos, sabemos que não somos crianças”, afirma o baixista Ian Hill, de 67 anos, único remanescente da formação original.

“Não chegamos a colocar uma data (para término do grupo)”, diz Hill. “Todos concordamos que vamos continuar enquanto estivermos fazendo performances de qualidade e bons discos. E enquanto os fãs ainda nos quiserem, claro. O que sei, por ora, é que a turnê já tem datas até julho de 2019. Depois tiramos umas férias. Se voltaremos com nova turnê ou outro álbum, ainda vamos decidir. Somos amigos mesmo, é isso que faz a diferença em uma banda com tantos anos.”

A verdade é que o Judas Priest está na ativa porque continua relevante como uma das históricas formações do heavy metal. Que o diga seu novo álbum, base da turnê. Lançado em março, Firepower, 18º disco de estúdio da banda, chegou num momento de fragilidade. Um mês antes de o álbum vir à tona, Glenn Tipton, de 71, revelou o diagnóstico de mal de Parkinson – por isso, deixaria de fazer turnês.

PARKINSON O substituto de Tipton é o guitarrista Andy Sneap, de 49, coprodutor de Firepower. “Foi muito difícil para o Glenn admitir para si mesmo que não seria possível continuar. Na última turnê que fizemos, achamos que ele melhoraria, pois ele se mostrava bem. Mas depois não houve como”, revela Hill.

Tipton continua integrante do Judas Priest. Ao anunciar a impossibilidade de seguir no palco, não descartou participações em alguns shows. “Ele está bem, como qualquer pessoa poderia estar. Glenn é um lutador e, em algumas ocasiões nesta turnê, esteve com a gente no palco. Ele não vai se deixar abater pela doença”, acrescenta Hill.

YOUTUBE/REPRODUÇÃO
"Vamos continuar enquanto estivermos fazendo performances de qualidade e bons discos. E enquanto os fãs ainda nos quiserem, claro" (Ian Hill, baixista) (foto: YOUTUBE/REPRODUÇÃO)

A transição do novo guitarrista foi a mais tranquila possível, pois Sneap participou do novo álbum. “‘Por que não chamam o Andy?’, foi o que Glenn sugeriu quando anunciou sua saída. Ele já sabia todas as músicas, além de ser um ótimo guitarrista”, revela o baixista.

Aliás, foi ideia de Andy Sneap colocar o Judas Priest gravando junto, ao vivo, no estúdio – coisa que a banda não fazia desde Painkiller (1990). “Em outros discos, por vezes não nos víamos todos durante as gravações. Gravar juntos faz com que o álbum se torne mais vivo, pois você consegue ver o trabalho como um todo”, comenta Hill.

As críticas, de modo geral, são positivas, ainda que os temas cantados por Rob Halford sejam um tanto funestos. “Há muito conflito no mundo de hoje. Na verdade, sempre houve, mas agora há crises sociais em tantos lugares. As letras de Rob refletem isso”, afirma o baixista. Um bom exemplo é Never the heroes, que fala dos mortos de guerra – soldados e civis.

DEUS Aos 67 anos, o ‘‘Deus do Metal’’, como Rob Halford é chamado pelos fãs do Judas Priest, não alcança as mesmas notas de outrora. Mas a voz de barítono continua uma das forças da banda e, consequentemente, do metal. Firepower, a faixa-título, é boa amostra disso. Na atual turnê, é a música de abertura do show.

O Judas Priest que retorna a BH sete anos depois do último show na cidade deve manter os clássicos no repertório – músicas que enlouqueceram os fãs em 2011, num ginásio lotado. Breaking the law, Eletric eye e Living after midnight estiveram no setlist das apresentações recentes.

Figura carimbada no país, a banda britânica volta ao Brasil três anos depois do festival Monsters of Rock. “Mas a primeira vez em que estivemos aí, no Rock in Rio de 1991, foi realmente especial. Não tínhamos a menor ideia do que iríamos encontrar e assistimos a uma explosão no público. Foi a melhor introdução que tivemos do seu país”, arremata Hill.


SOLID ROCK
Com Judas Priest e Black Star Riders. Quarta-feira (14), a partir das 20h. KM de Vantagens Hall. Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro, (31) 3209-8989. Pista/arquibancada LT2: R$ 250 (inteira), R$ 125 (estudante) e R$ 60 (promocional). Pista/arquibancada LT3: R$ 100 e R$ 120. Premium lote 3: R$ 500 (inteira), R$ 250 (estudante), R$ 200 (promocional) e R$ 150 (esquenta black fun friday). Vendas on-line no site tickets for fun.

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