Sensação da música angolana, Titica se apresenta pela primeira vez em BH

Cantora, bailarina e compositora é a atração da festa Divina Maravilhosa no Music Hall

por Ana Clara Brant 20/04/2018 11:07

O Brasil entrou na vida da angolana Teca Miguel Garcia, a Titica, quando ela era uma criança. Seja através da música - caminho pelo qual ela acabou seguindo - e, principalmente, pelas novelas. Mulheres de areia, Tieta, O bem amado, Roque Santeiro, Xica da Silva e, claro, as mais recentes como O outro lado do paraíso e Deus salve o rei. "Em Angola as novelas atuais do Brasil chegam com apenas um capítulo de atraso. Sou bem noveleira", frisa.

Bazelos Nation/Divulgação
Tititica é a atração principal da festa Divina Maravilhosa (foto: Bazelos Nation/Divulgação)

A cantora, compositora, dançarina e atriz angolana, de 30 anos, que se tornou a primeira artista de Angola a assumir sua transexualidade, está rodando o Brasil nesta semana e se apresenta pela primeira vez em Belo Horizonte, onde é atração principal da Divina Maravilhosa, festa que acontece logo mais no Music Hall e que tem um histórico de combate ao machismo, homofobia e a transfobia. O evento também vai ter uma parceria com a festa Batekoo que nasceu em Salvador, em 2014 com o objetivo de dar voz aos jovens negros e a população periférica. A balada traz ritmos exclusivamente negros como o hip-hop, rap, funk carioca,trap e twerk. "Estou com frio na barreiga de apresentar em BH. Na verdade, eu sempre fico ansiosa antes de subir no palco. É sempre como se fosse a primeira vez", avisa.

 

Um dos ritmos que ela ajudou a popularizar não só na África, mas também por aqui foi o kuduro, gênero musical originário de Angola, que foi influenciado por outros estilos como sungura e rap. "Acho que ele tem muito a ver com o funk do Brasil. A mesma energia. Tem um casamento perfeito", revela. Acompanhada por seus bailarinos, a cantora promete animar e fazer o público dançar ao som de seus grandes sucessos como Pra que julgar, Reza madame, Procura o brinco, Me beija só na boca, Olha o boneco, Mãe e entre outros já conhecidos pelos fãs brasileiros.

 

A angolana tem um público infantil grande em seu país
Bazelos Nation/Divulgação (foto: A angolana tem um público infantil grande em seu país)

"Angola e Brasil são muito parecidos e não só por causa do idioma. Eu venho aqui há mais de dez anos e sempre sou muito bem recebida. Se bobear, tenho mais amigos brasileiros do que angolanos. Já até aprendi a falar brasileiro", brinca. Por falar no nosso jeito de falar, Titica se diverte com uma expressão tão popular por aqui, titica de galinha. "Já me falaram sobre isso e o que siginifica. Mas meu nome se pronuncia com o som do T de telhado. Ti Ti ca. É diferente", comenta.

 

Querida pelas crianças de seu país, ela lembra que conseguiu alcançar boa parte de seu público através dos pequenos. "São meus anjos. Consegui entrar na casa das pessoas através delas, por isso tenho muito cuidado com minhas músicas", ressalta. Apesar de já ter uma longa trajetória nas artes, Titica começou a ser chamada recentemente de Pabllo Vittar de Angola. A comparação não a incomoda e a artista conta que até se tornou amiga da drag. "Admiro o trabalho dele, é um excelente cantor, e, principalmente, é muito humilde, humano. E é representante do universo LGBT, o que é super importante", frisa.

 

 

Divina Maravilhosa + BATEKOO Music Hall (Av. do Contorno, 3.239, Santa Efigênia)

Sexta, 20 de abril,  a partir das 22h

Preços: R$15 (1º lote)/ R$20 (2º lote)/ R$30 (3º lote)/ R$35 (Na hora /portaria)

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