Família Barros se reúne nesta terça (17) para apresentar peças de Vivaldi, Haydn, Britten e Mozart

Grupo tem presença importante em orquestras de Minas e já formou quatro gerações de instrumentistas

por Walter Felix 16/04/2018 20:03

Na Família Barros, o talento vem de berço. A paixão pela música nasceu com Joaquim Inácio Franco, regente de uma pequena banda na cidade de Congonhal, interior de Minas Gerais. De seus 13 filhos, todos tinham aptidão para a música, em especial Joaquim Inácio de Barros – que herdou do pai muito mais que o nome composto.

Túlio Santos/EM/D.A Press
Os 11 integrantes da Família Barros compõem orquestra de cordas e sopros unida pela música erudita (Túlio Santos/EM/D.A Press) Os 11 integrantes da Família Barros compõem orquestra de cordas e sopros unida pela música erudita (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

Entre os irmãos, foi o único que fez da arte profissão. Casou-se com Maria Aparecida Martins, com quem teve cinco filhos: Elias, Eliseu, Alexandre, William e Gláucia. Atualmente, todos dessa terceira geração têm nomes consolidados, com experiência em importantes orquestras mineiras.

A música segue com futuro certo no clã, já que os filhos desses cinco expoentes instrumentistas também têm formação acadêmica em música. As reuniões em família se confundem com ensaios, já que os jovens Lucas, Ruth, Hozana, Tiago, Sara e Ana Elisa se integram aos pais e tios, constituindo uma verdadeira linhagem musical. Até a caçula, Ana Olívia, de apenas 13 anos, já dá sinais de que seguirá os passos dos demais.

Na noite desta terça-feira (17), o público fará parte da família. As duas gerações sobem ao palco do Teatro Bradesco e celebram aquilo que os une para além dos laços de sangue: a música erudita. O concerto de cordas e sopros contempla diferentes períodos da história da música. Há presença do Barroco no Concerto para quatro violinos em si menor, RV. 580, de Vivaldi; do período Clássico com o Trio nº 1 em dó maior London trio, de Haydn, e o Quinteto para clarineta K. 581, de Mozart; além do Pós-romântico, que marca presença com o Quarteto para oboé e trio de cordas, op. 2 phantasy quartet, de Benjamin Britten.

“Nos reunimos e pensamos em um programa que seja diversificado e que permita que todos nós possamos tocar. O repertório é definido de forma a aproveitar o grupo ao máximo”, conta Elias Barros, de 47 anos, o primogênito da terceira geração. A apresentação terá violino (Elias, Eliseu, Hozana, Tiago, Sara e Ana Elisa), viola (William e Gláucia), violoncelo (Lucas e Ruth), oboé (Alexandre) e clarinete (William).

GENE

Para Elias, a integração entre os parentes é explicada por dois fatores. O instrumentista diz que o meio em que todos foram criados influenciou a formação musical de cada um, mas sente também que há uma razão genética para a persistência de dons artísticos entre eles. “Eu e meus irmãos nascemos em um ambiente totalmente musical. Meu pai era flautista e foi regente da banda da Polícia Militar. Minha mãe cantava e tocava piano. Meus tios adoravam serestas, tocavam violão e acordeom”, lembra Elias. A mãe, Maria Aparecida, hoje com 70 anos, já não se dedica mais à arte, mas segue como a maior avaliadora e incentivadora da família.

Elias destaca a boa relação entre as duas gerações que sobem ao palco nesta noite. “Os pais são os próprios professores dos filhos, algo que vem se repetindo desde a relação do meu avô com meu pai. Incrivelmente, não enfrentamos conflitos de gerações. O processo de aprendizado é muito tranquilo e natural, sempre marcado pelo respeito mútuo”, revela Elias.

“Nós, da geração mais nova, sempre escutamos e respeitamos muito nossos pais e nossos tios, não só por serem nossos educadores, mas pela experiência de cada um”, afirma o violoncelista Lucas Barros. Sobrinho de Elias, o jovem de apenas 22 anos foi o primeiro brasileiro a vencer o Prêmio David Popper, na Hungria, em 2015.

ERUDITOS

Com uma história de vida em que a música está presente desde as mais antigas memórias, Lucas consegue se lembrar dos primeiros passos artísticos. “Minha vida sempre foi imersa em música clássica. Cresci assistindo às orquestras sinfônica e filarmônica e tive aulas desde muito cedo. Não tinha como seguir outra área”, diz. Ele conta que sua irmã, Hozana, tentou enveredar para o ramo da administração, mas acabou se rendendo ao dom familiar e hoje faz graduação em música.

Nesta terça-feira (17), a Família Barros se apresenta na segunda edição da temporada 2018 de concertos promovidos no Teatro Bradesco. As carreiras solo de cada um impediam que a reunião nos palcos fosse recorrente. Um cenário que, segundo Elias, pode mudar. O músico relata o desejo de unir forças com os parentes em uma única orquestra. “O que eu estou vendo agora, com o crescimento dos sobrinhos, é que esse encontro vai ficar mais frequente. O grupo está ficando maior e há uma afinidade muito grande entre todos nós”, afirma.

Celina, que já fez diversas parcerias com os membros da família, ressalta o entendimento artístico entre eles. “É como se todos fossem um organismo único. Todos têm talento, mas só talento não faz um músico se destacar. A nova geração já aprendeu com a anterior valores como disciplina, seriedade e compromisso. Eles estão perpetuando um trabalho e em breve devem constituir uma orquestra de câmara”, avalia.

SÉRIE CONCERTOS
Com Família Barros. Peças de Vivaldi, Haydn, Benjamin Britten e Mozart. Hoje, às 20h30, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. (31) 3516-1360). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) na bilheteria ou pelo site www.eventim.com.br. Pacote para oito apresentações da Série de Concertos do Teatro Bradesco: R$ 320 (inteira) e R$ 160 (meia).

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