Na Família Barros, o talento vem de berço. A paixão pela música nasceu com Joaquim Inácio Franco, regente de uma pequena banda na cidade de Congonhal, interior de Minas Gerais. De seus 13 filhos, todos tinham aptidão para a música, em especial Joaquim Inácio de Barros – que herdou do pai muito mais que o nome composto.
Entre os irmãos, foi o único que fez da arte profissão. Casou-se com Maria Aparecida Martins, com quem teve cinco filhos: Elias, Eliseu, Alexandre, William e Gláucia. Atualmente, todos dessa terceira geração têm nomes consolidados, com experiência em importantes orquestras mineiras.
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Na noite desta terça-feira (17), o público fará parte da família. As duas gerações sobem ao palco do Teatro Bradesco e celebram aquilo que os une para além dos laços de sangue: a música erudita. O concerto de cordas e sopros contempla diferentes períodos da história da música. Há presença do Barroco no Concerto para quatro violinos em si menor, RV. 580, de Vivaldi; do período Clássico com o Trio nº 1 em dó maior London trio, de Haydn, e o Quinteto para clarineta K. 581, de Mozart; além do Pós-romântico, que marca presença com o Quarteto para oboé e trio de cordas, op. 2 phantasy quartet, de Benjamin Britten.
“Nos reunimos e pensamos em um programa que seja diversificado e que permita que todos nós possamos tocar. O repertório é definido de forma a aproveitar o grupo ao máximo”, conta Elias Barros, de 47 anos, o primogênito da terceira geração. A apresentação terá violino (Elias, Eliseu, Hozana, Tiago, Sara e Ana Elisa), viola (William e Gláucia), violoncelo (Lucas e Ruth), oboé (Alexandre) e clarinete (William).
GENE
Para Elias, a integração entre os parentes é explicada por dois fatores. O instrumentista diz que o meio em que todos foram criados influenciou a formação musical de cada um, mas sente também que há uma razão genética para a persistência de dons artísticos entre eles. “Eu e meus irmãos nascemos em um ambiente totalmente musical. Meu pai era flautista e foi regente da banda da Polícia Militar. Minha mãe cantava e tocava piano. Meus tios adoravam serestas, tocavam violão e acordeom”, lembra Elias. A mãe, Maria Aparecida, hoje com 70 anos, já não se dedica mais à arte, mas segue como a maior avaliadora e incentivadora da família.
Elias destaca a boa relação entre as duas gerações que sobem ao palco nesta noite. “Os pais são os próprios professores dos filhos, algo que vem se repetindo desde a relação do meu avô com meu pai. Incrivelmente, não enfrentamos conflitos de gerações. O processo de aprendizado é muito tranquilo e natural, sempre marcado pelo respeito mútuo”, revela Elias.
“Nós, da geração mais nova, sempre escutamos e respeitamos muito nossos pais e nossos tios, não só por serem nossos educadores, mas pela experiência de cada um”, afirma o violoncelista Lucas Barros. Sobrinho de Elias, o jovem de apenas 22 anos foi o primeiro brasileiro a vencer o Prêmio David Popper, na Hungria, em 2015.
ERUDITOS
Com uma história de vida em que a música está presente desde as mais antigas memórias, Lucas consegue se lembrar dos primeiros passos artísticos. “Minha vida sempre foi imersa em música clássica. Cresci assistindo às orquestras sinfônica e filarmônica e tive aulas desde muito cedo. Não tinha como seguir outra área”, diz. Ele conta que sua irmã, Hozana, tentou enveredar para o ramo da administração, mas acabou se rendendo ao dom familiar e hoje faz graduação em música.
Nesta terça-feira (17), a Família Barros se apresenta na segunda edição da temporada 2018 de concertos promovidos no Teatro Bradesco. As carreiras solo de cada um impediam que a reunião nos palcos fosse recorrente. Um cenário que, segundo Elias, pode mudar. O músico relata o desejo de unir forças com os parentes em uma única orquestra. “O que eu estou vendo agora, com o crescimento dos sobrinhos, é que esse encontro vai ficar mais frequente. O grupo está ficando maior e há uma afinidade muito grande entre todos nós”, afirma.
Celina, que já fez diversas parcerias com os membros da família, ressalta o entendimento artístico entre eles. “É como se todos fossem um organismo único. Todos têm talento, mas só talento não faz um músico se destacar. A nova geração já aprendeu com a anterior valores como disciplina, seriedade e compromisso. Eles estão perpetuando um trabalho e em breve devem constituir uma orquestra de câmara”, avalia.
SÉRIE CONCERTOS
Com Família Barros. Peças de Vivaldi, Haydn, Benjamin Britten e Mozart. Hoje, às 20h30, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. (31) 3516-1360). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) na bilheteria ou pelo site www.eventim.com.br. Pacote para oito apresentações da Série de Concertos do Teatro Bradesco: R$ 320 (inteira) e R$ 160 (meia).