Rogério Leonel lança livro com 20 arranjos para música vocal

Repertório tem de composições do violonista Juarez Moreira a peças tradicionais do cancioneiro popular do Norte de Minas

por Estado de Minas 10/07/2016 10:43
Crsitina Horta/EM/D.A Press
Rogério Leonel já pensa em produzir o segundo volume de Harmonia das vozes (foto: Crsitina Horta/EM/D.A Press)
“Cada arranjo é uma história”, garante Rogério Leonel, que acaba de publicar o livro Harmonia das vozes. Com 20 arranjos de autores mineiros ou de domínio público, além da ambição de valorizar o cancioneiro tradicional, a publicação “deve enfeitar a cabeceira de estudantes e profissionais de música”, avaliza o violonista, guitarrista e compositor Toninho Horta.

A história de Rogério Leonel com a música vocal é antiga, começou no fim da década de 1970. “Foi espontâneo. Um amigo, que morava no meu prédio, quis saber se poderia fazer um arranjo para ele participar do Festival Ponteio, promovido pela UFMG”, relembra.

Leonel criou arranjos para duas músicas e o vizinho organizou um quarteto. Eles não imaginavam que nascia ali o projeto embrionário do que viria a se tornar o grupo feminino Tom sobre Tom. “Uma das meninas que fazia parte do quarteto reuniu mais três cantoras e continuou o trabalho”, conta. O grupo passou por várias formações – a única cantora presente desde o início é Lígia Jacques, mulher de Rogério.

Até 2000, ele escrevia apenas para as apresentações do Tom sobre Tom. Embora fosse trabalhoso, quase não recebia pela “missão”. Para o músico, era apenas uma experiência. Quando ele pensava em sua “aposentadoria”, Lígia foi convidada a participar de outro grupo vocal, o Da Boca pra Fora. Assim, em 2001, o arranjador voltou a se dedicar às vozes.

FORMAÇÃO


Com a experiência adquirida em grupos de vozes femininas e mistas, Rogério começou a pensar em deixar um legado, além de contribuir para a formação de outros músicos. A ideia de escrever e publicar um livro surgiu em uma conversa de amigos, na mesa de bar – bem à moda mineira, aliás.

Harmonia das vozes oferece 10 arranjos para quarteto feminino e 10 para vozes mistas. “Tudo é muito trabalhoso, nada vem de graça”, comenta o autor. “O trabalho apenas com vozes femininas foi mais difícil”, revela. Era como montar um quebra-cabeças: cada arranjo deveria se adequar a todos os timbres. Foi necessário “lapidar” até chegar ao ponto ideal, em que todas as vozes soam em perfeita harmonia.

Entre as canções escolhidas estão Água de moringa, com melodia de Valter Braga e letra de Jorge Fernando dos Santos, Baião barroco, de Juarez Moreira, clássicos do cancioneiro nacional e temas folclóricos como Calix bento, recolhido nas tradicionais folias de reis do Norte de Minas.

“Sensibilidade, experiência e até iluminação”. Essa é a receita, segundo Leonel. O livro inspirou até mesmo a volta do grupo Tom sobre Tom. As cantoras se preparam para interpretar algumas das músicas, que, aliás, foram escritas para elas. “Há dificuldades, mas todas as meninas estão animadas”, comemora Leonel.

Detalhe: Harmonia das vozes não se destina apenas a grupos experientes. “A gente não pode pegar muito pesado (em termos musicais). Afinal, as pessoas cantam mais por prazer do que por qualquer outra coisa”, explica o autor, garantindo que seu trabalho é acessível a iniciantes.

O primeiro livro de Rogério Leonel significa uma espécie de abertura de horizontes. Agora, ele planeja se profissionalizar nessa atividade e já pensa na segunda publicação, que deve trazer músicas de várias regiões do Brasil. Sobre o que chama de “volume 1”, diz que a ideia é “deixar um legado do cancioneiro mineiro”.

CARREIRA


Violonista, compositor e arranjador, Rogério Leonel se dedicou ao ensino. Deu aulas na Escola Livre Música de Minas, montada por Milton Nascimento em BH, e na Escola Municipal de Música de Nova Lima. Participou dos discos Choro barroco e Choro cantado, de Ligia Jacques; Titane, de Titane; Simbora João, de Ladston do Nascimento; e O Tom e o fundamento, de Hudson Brasil. Sua canção Choro barroco foi tema de abertura do documentário Vanja Orico, de Luiz Carlos Prestes Filho.

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