Julgamento faz show neste sábado para celebrar o hip-hop mineiro

Grupo se apresenta n'Autêntica, às 22h

por Walter Sebastião 27/05/2016 08:00

Marco Aurélio Prates/divulgação
(foto: Marco Aurélio Prates/divulgação)
''O rap existe em Belo Horizonte há mais tempo do que as pessoas imaginam'', avisa Roger Deff, de 37 anos. Ele é um dos criadores do grupo Julgamento, que faz show hoje, na Autêntica, para comemorar duas décadas de estrada. O repertório reúne composições de dois discos – Muito além (2011) e No foco do caos (2008) –, entre elas Invasão, Nós estamos de volta, Muito além e Trajetória. O público vai ouvir também novidades que vêm sendo preparadas para o novo CD: Três a zero e Bicho de sete cabeças, clássico de Geraldo Azevedo que ganhou versão rap. Todas reafirmam o empoderamento do cidadão, diz Deff.

Julgamento é formado por Ricardo HD, Voz Khumalo e Roger Deff (MCs); Helder Araújo (guitarra); Luiz Prestes (baixo); e os DJs Sérgio Giffone e Tobias. Os dois últimos assumiram a percussão no lugar do baterista Gusmão, que deixou a banda.

''Estamos voltando à sonoridade mais eletrônica que fazíamos no começo'', explica Roger Deff. A turma se mantém fiel às batidas do hip-hop e ao diálogo com a música brasileira. 'Nossas músicas antigas continuam atuais, pois a luta pelos direitos do cidadão não avança. Neste momento, há ameaça de retrocesso no Brasil'', observa o rapper, citando os direitos humanos e a reforma agrária.

ALVORADA
O grupo mineiro surgiu durante a explosão do rap nacional, nos anos 1990, época da consagração de bandas como Racionais MCs. Inicialmente, reunia garotos do Bairro Alvorada, na Região Noroeste de BH. O primeiro show ocorreu em 1995, durante evento de ação social, quando eles cantaram duas músicas. “Aquilo foi o estímulo para a gente continuar, apesar de toda a dificuldade de equipamentos e produção. Observamos que as pessoas nos ouviam e que a música poderia ser instrumento de comunicação”, recorda Deff.

Na época, já havia o sonho de fazer o rap dialogar com o público e artistas ligados a outras estéticas musicais. Hoje, essa proposta está concretizada. “O melhor presente que poderíamos ganhar neste momento em que comemoramos 20 anos é dividir a nossa história com a plateia e com todos que fazem a história do rap em Belo Horizonte”, diz Deff. “A festa não é só nossa”, acrescenta.

O MC tira o chapéu para Retrato Radical, Black Soul, Conceito Negro, Divisão de Apoio e Prefixo T, entre outros grupos do hip-hop mineiro. ''Eles foram os desbravadores de um caminho que não existia em Belo Horizonte. Sem esses caras, nós não existiríamos'', reverencia.

A persistência é marca registrada do Julgamento. ''Criamos as nossas utopias. O importante nem foi alcançá-las, mas viver o processo'', explica. O grupo não toca em público há dois anos. Deu um tempo para respirar, abrindo espaço para projetos individuais de seus integrantes. Agora, o sonho é rodar o Brasil.

JULGAMENTO
A Autêntica. Rua Alagoas, 1.172, Savassi, (31) 3654-9251. Hoje, às 22h. Rap. Convidados: Dokttor Bhu e DJ Cost. Ingressos: R$ 20.

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