Com poucos hits e muita experimentação, Lenine estreia show de 'Carbono'

Turnê do novo disco do cantor e compositor pernambucano cumpre temporada em São Paulo até domingo e ainda não tem data para chegar a BH

por Luiza Maia 02/05/2015 15:32

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Flora Pimentel/Divulgação
Cantor pernambucano apresentou novo disco em São Paulo (foto: Flora Pimentel/Divulgação)
Para quem quer os principais sucessos da carreira de Lenine, é melhor esperar o tradicional show no sábado de carnaval em Recife – não realizado neste ano exatamente por conta das gravações de 'Carbono' (Universal, R$ 24,90), entre janeiro e março. A turnê do novo disco de inéditas do cantor e compositor pernambucano estreou nesta quinta-feira – mesma data de lançamento do disco –, no Sesc Pinheiros, onde cumpre temporada até o domingo. Os ingressos para as quatro apresentações, com capacidade para mil pessoas cada, foram vendidos em pouco mais de cinco horas, de acordo com a atendente da bilheteria.

A cenografia em escalas de cinza assinado por Natália Lana e o design de luz concebido por Robson de Cássia em tons brancos, amarelos e azuis chamam a atenção antes mesmo da entrada dos artistas no palco. “A ideia foi explorar essa característica que o carbono de estar em tantos lugares”, explica Natália. Sob os pés, 600 quilos de pneu reaproveitado. Acima, uma estrutura de ferro (que não tem carbono, mas foi escolhido devido à durabilidade do elemento) remete à estrutura química de uma molécula. Entre o negro do piso e o brilho da escultura, a banda, visualizada através dos diversos efeitos de luz e sombra criados para a apresentação.

Todas as canções do novo disco estão lá. Como no álbum, Castanho, parceria com Carlos Posada, da banda Posada e o Clã, dá início e a instrumental Undo, composta junto com os quatro músicos que o acompanham nos palcos – o baterista Pantico Rocha, o baixista Guila e os guitarristas JR Tostoi e Bruno Giorgi, filho dele –, encerra. Entre as duas, Lenine selecionou as canções que julgou combinar com a sonoplastia e o conceito do projeto, o que acabou por deixar de fora alguns clássicos.

Os sintetizadores preenchem o espaço e revelam o quanto Lenine é curioso pelas sonoridades, mas podem incomodar um ou outro fã mais afeito ao violão do pernambucano. Os efeitos sonoros da abertura já dizem a que os músicos vieram. Os versos recitados de Continuação, do disco Na pressão (1999), complementam o recado. Com 23 canções (e mais uma no bis, além da repetição de Castanho), em pouco mais de uma hora e meia, Lenine mostrou o elemento fundamental lapidado entre poesia e guitarras extremamente trabalhadas.

Junto ao retorno da bateria de Pantico e do baixo de Guila, "escanteados" durante o experimentalismo de Chão, a guitarra se expande. O violão está lá, e até um bandolim tocado por Giorgi em algumas músicas, como O impossível vem pra ficar e À meia-noite dos tambores silenciosos, cuja levada de maracatu e música afro presente na gravação em estúdio é suavizada (afinal, a faixa contou com participação de Letiers Leite e a Orkestra Rumpilezz), mas resgatada pelo baixo de Guila. Processo semelhante ocorre com Cupim de ferro: o frevo'n'roll feito em parceria com a Nação Zumbi se afasta do gênero pernambucano centenário sem caixa, bombos e congas tocados por Pupillo, Toca Ogan e Da Lua. Quem leva a vida sou eu foi embalada por referências do baião e ganhou trechos de Rua da passagem, do álbum Na pressão, de 1999.

Consciente de ter tirado clássicos esperados pelo público do setlist, Lenine inseriu duas "em branco" no repertório, a serem escolhidos pelos fãs. "É tão bom ver um filho novo nascendo. Mas você tem que abrir mão de alguns filhos. Eu pincei canções. Rapaz, eu deixei de fora um bocado de coisas que vocês vão querer ouvir. Aí abri esta janela, porque está de fora Jack soul brasileiro, Paciência, Hoje eu quero sair só, Relampiano, A ponte", contou, no show de lançamento, ao que ouviu vários suspiros de desânimo. A plateia cheia do Sesc Pinheiros conseguiu arrancar Hoje eu quero sair só e Relampiano. Após a passagem de som, ele maximizou as chances de Leão do Norte ser inserida no show no Recife, ainda sem data confirmada. (A repórter viajou a conviteda Universal Music).

 

Flora Pimentel/Divulgação
(foto: Flora Pimentel/Divulgação)
 

 

Repertório

(Com os discos nas quais foram lançadas, no caso das não pertencentes a Carbono):
Castanho
O impossível vem pra ficar
Na pressão
, de Na pressão (1999)
Martelo bigorna, de Labiata (2008)
Cupim de ferro
À meia-noite dos tambores silenciosos
Meu amanhã,
de Na pressão (1999)
A causa e o pó
Quem leva a vida sou eu
(com a música Rua da passagem)
Simples assim
O universo na cabeça do alfinete
Hoje eu quero sair só
, de O dia em que faremos contato (1997)
Relampiano, de Na pressão (1999)
Sonhei, de Falange canibal (2001)
Quede água
Olho de peixe,
de Olho de peixe (1993)
Magra
Envergo, mas não quebro,
de Chão (2011)
Se não for amor, eu cegue (com Sol e chuva, de Alceu Valença), de Chão (2011)
Grafite diamante
Candeeiro encantado,
de O dia em que faremos contato (1997)
Do it, de InCité (2004)
Undo

BIS
A rede (com Além do cansaço, de Fagner), de Na pressão (1999)
Castanho

Confira trecho do show

Com poucos hits e muita experimentação sonora, pernambucano Lenine fez primeiro show da turnê do novo disco "Carbono", nesta quinta-feira, em São Paulo. Confira um trechinho abaixo e leia crítica completa em diariode.pe/bezx.

Posted by Viver on Sexta, 1 de maio de 2015

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