Dheny Santos resgata composições da dupla Luhli & Lucina

Disco 'Pedra de rio %u2013 A obra de Luhli e Lucina' reúne 20 temas da dupla

por Kiko Ferreira 28/06/2014 06:00

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Aldo Furriel/Divulgação
(foto: Aldo Furriel/Divulgação)
A conversa começa bem para quem gosta de numerologia e mudanças de nomes. A carioca Heloisa Orosco Borges da Fonseca começou a década de 1970 com o nome artístico de Luli, depois mudado para Luhli. Sua parceira, Lúcia Helena Carvalho e Silva, nascida em Cuiabá, começou como Lucelena, passou a adotar Lucinha quando formou a dupla e mais tarde mudou para Lucina. Umas três décadas depois, já separadas, viram o amigo fluminense (de Bom Jesus do Itabapoana) Denilson Santos, depois de lançar um disco ('Do mundo', de 2010) com seu nome real, passar a adotar o codinome artístico Dhenni Santos.

Feitas as apresentações, vamos aos fatos. A dupla Luli & Lucina, atravessou boa parte dos anos 1970, 80 e 90 fornecendo repertório para Nana Caymmi, Tetê Espíndola, Joyce, Frenéticas e outros mais. Mas o maior intérprete sempre foi Ney Matogrosso, que já no Secos & Molhados cravou o hit 'O vira', de Luli e João Ricardo. E continuou com 'Bandoleiro', 'Coração aprisionado', 'Bugre',' Êta nóis', 'Me roi' e muitas outras. Das cerca de 800 obras atribuídas às ruivas, muitas frequentam os álbuns de Ney. Mas elas, que sempre surgiam como misto de fadas, bruxas e seres etéreos em shows cheios de tambores e mistérios, também fizeram quatro bons discos. A dupla terminou no final dos anos 1990.

Quatro décadas Para celebrar a parceria e história, Dhenni gravou e acaba de lançar 'Pedra de rio – A obra de Luhli e Lucina', com 20 temas da dupla, incluindo uma composição sua com Luhli, Nunca. Mesmo que as fotos de torço nu da capa e do encarte possam remeter a Ney Matogrosso, o tom de Dhenni é outro. Seu timbre grave e aveludado, sua dicção de cantor de musical e sua teatralidade soam mais contidos que o do melhor amigo das ruivas.

O tom predominantemente acústico das moças não predomina na sonoridade concebida na produção musical e arranjos de Daniel Drummond e Felipe Radicetti. Mesmo que o arranjo de Nunca, com Luhli incluída nos vocais, e no Samba da risada, que ele compôs com a dupla e Lucina apimenta com sua voz, guardem semelhanças com os álbuns originais, o elétrico e o eletrônico ajudam a trazer o misto de timbres para os anos 2000.

O tempero blueseiro de slide guitar de Bugre e o tom contido de Coração aprisionado e Pedra de rio, por exemplo, dão novos significados aos temas e reforçam a sensação de que Dhenni Santos tem personalidade suficiente para enfrentar obra tão original e característica e dar a ela suas próprias cores.

Definidas após uma primeira seleção de 80 temas, as músicas escolhidas cobrem a história da parceria. Da emblemática Flor de lilás (Luhli) que as duas defenderam no Festival Internacional da Canção de 1972 à última composição juntas, Ao menos (1998), que trata explicitamente da separação, estão temas mais recentes, como Cometa (que simboliza a parceria de Lucina com Zélia Duncan) e Escultura, composta por Luhli em 2011.

E outras que os fãs mais fieis vão recordar dos shows, como Barra/Leblon e Tudo de nada. Enfim, uma boa remexida no baú que, quem sabe, pode resultar em novas parcerias. E dar maior longevidade à carreira de Dhenni Santos, como a de Ney Matogrosso, que sempre incluiu as músicas de Luhli e Lucina em sua trajetória de sucesso. (KF)

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