Mesmo arfante e fora de forma, o cinquentão Axl Rose conquistou a multidão com hits do Guns N'Roses

Banda afiada deu suporte ao ídolo oitentista e manteve a antiga sonoridade

por Eduardo Tristão Girão 24/03/2014 06:00

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Jair Amaral/EM/D.A Press
Axl Rose cantou por duas horas e meia, subiu nas caixas de som e jogou o microfone para o público (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Axl Rose não abriu até o fim o zíper das jaquetas que usou no show de sábado, na esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte. O mundo inteiro sabe que ele engordou, e o líder do Guns N’ Roses se reservou o direito de tentar esconder a barriga. Quem se importa? Acompanhado por banda competente, o astro, de 52 anos, provou que ainda é capaz de fazer rock and roll. Seus hits datados podem arrastar multidões, incluindo muita gente que nem era nascida quando o grupo começou.

Ele já não tem a mesma voz, claro. Pouco mais de 20 anos se passaram desde o auge da banda norte-americana. Axl está fora de forma. Não corre de um lado para o outro nem pula, mas faz questão de subir algumas vezes nas caixas de som à beira do palco. Dá um ou outro rodopio com o pedestal do microfone. Os agudos que caracterizam seu vocal não são os mesmos, mas em vários momentos ele se esforça para evocar os velhos tempos.

O show durou duas horas e meia. Estava tudo lá: gritos, densas bases de guitarra distorcida, típicas viradas de bateria e solos, muitos solos de guitarra, daquele jeito que hoje praticamente já não se faz. Três guitarristas habilidosos se revezaram nessa tarefa, para deleite dos fãs. Aliás, em muitos momentos, os instrumentistas reproduziram com fidelidade o que Slash, ex-integrante do grupo, fez nas gravações originais. Para que mudar o que se ouve em 'November rain', por exemplo?

Apesar de pagar pedágio com algumas músicas do disco 'Chinese democracy' (2008), o mais recente lançado pelo Guns, o público não pôde reclamar do repertório. Teve 'Welcome to the jungle', 'It’s so easy', 'Mr. Brownstone', 'You could be mine', 'Sweet child o’ mine', 'November rain', 'Don’t cry', 'Patience' e 'Paradise city', fora as releituras habituais de 'Live and let die' (Paul e Linda McCartney) e 'Knockin’ on heaven’s door' (Bob Dylan) – muitas vezes em versões alongadas.

O ponto baixo do show (que não chegou a comprometer) foram as várias intervenções instrumentais dos integrantes da banda – oportunidades para o arfante vocalista escapar do palco, para voltar em alguns minutos de roupa parcialmente trocada. Alguns improvisos guitarrísticos são realmente bons e empolgantes (como o de DJ Ashba), mas performances como a do baixista Tommy Stinson (que assume os vocais) pouco acrescentaram. O entra e sai de Axl, definitivamente, incomoda.

Labareda O figurino oitentista é um capítulo à parte. Calças jeans esfarrapadas, jaquetas de couro, botas. Rose não abriu mão do chapéu, deixou a bandana de outrora ocasionalmente amarrada na cintura. O vocalista só tirou os óculos escuros na hora de tocar o hit 'Sweet child o’ mine', levando o público ao delírio. A organização do Planeta Brasil estimou a plateia em 20 mil pessoas.

Fogos de artifício e labaredas surgiram no palco – pirotecnica que hoje parece exagerada, caricata ou mesmo cômica. Para o final apoteótico, a produção preparou surpresa mais “contida”: chuva de papel vermelho picado durante a parte mais acelerada de 'Paradise city', a última canção. Um momento bonito, contagiante – e Rose ainda atirou o microfone para a plateia.

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