Neste sábado, quando subir ao palco do Nutreal como principal atração da festa Camarim de verão, o Skank não estará fazendo apenas sua primeira apresentação em 2014. Mas também abrindo uma exceção na agenda. “Diminuímos um pouco a quantidade de shows, mas não tanto quanto eu gostaria. O Skank optou por gravar em regime semiaberto, prefiro a clausura total”, brinca Samuel Rosa. Melhor explicando: desde o fim do ano, a banda está reunida no estúdio Máquina, no São Bento, para gravar seu novo álbum, primeiro de inéditas desde Estandarte (2008).

“Como continuamos a fazer shows, o disco está ficando ‘à prestação’, pois a gravação dura mais tempo. O problema que isso gera é que a gente começa a pensar mais, estamos sempre questionando”, continua o vocalista e guitarrista, que espera lançar o álbum ainda no primeiro semestre. Tudo ainda está incerto, mas Samuel acredita que o álbum terá 10 faixas. Oito delas, segundo ele, estão praticamente prontas. Mas que ninguém espere ver em primeira mão alguma das inéditas no show deste sábado. “Hoje o pessoal documenta tudo muito fácil.” Este será o primeiro show aberto da banda em BH desde o encerramento do Comida di Buteco, em maio.

Logo no início do segundo semestre, a banda começou a trabalhar nas composições. Produzido por Dudu Marote (que também assinou 'Estandarte', além dos arrasa-quarteirão dos anos 1990 'Calango'e 'O samba poconé') e o engenheiro de gravação Renato Cipriano, que acompanha o grupo há muitos anos, traz os velhos parceiros Chico Amaral ('A noite', esta com nome provisório, e 'Batuque') e Nando Reis, além de alguns novos, como Lucas Silveira, da banda Fresno (fez a letra para 'Valsa') e Emicida (que assina com Samuel o ska 'Tudo isso'). “Também mandei melodia para uma menina de São Paulo, Lia Paris. Pode ser que pinte uma parceria aí.”

Samuel admite ainda não saber que bicho o disco vai dar. “Um disco precisa de certa urgência para ser feito. Dois, três meses, caso contrário toma rumos diferentes. Este, por exemplo, já teve duas fases. A primeira mais canção, em que compus com o Nando coisas voltadas para o folk, e a segunda, suingada, com bateria eletrônica. Tem até reggae, coisa que não fazemos há muito tempo. Esse disco vai ter algumas músicas numa vertente mais O samba poconé”, adianta.

Quando o álbum vai finalmente ver a luz do dia é outra incógnita. As gravações devem ir até março. “Desencanei com a Copa do Mundo. O Skank já lançou disco antes dela, e depois. Durante o período da copa a atenção fica sempre mais difusa, mas há letras que têm contexto para o agora, não daria para adiar o lançamento para depois. Só se houver algum problema.” Diante dessas interrogações, Samuel tem uma certeza. “Será um disco mais simples, direto e curto. O mundo hoje não permite nada muito viajandão.”

Eterna Saideira

Em maio, quando foi a Las Vegas gravar com Carlos Santana a canção 'Saideira', Samuel sabia que reencontraria o guitarrista mexicano meses mais tarde. Em dezembro, viajou até Guadalajara, no México, para participar da gravação do DVD Corazón, live from Mexico: 'Live it to believe it', com lançamento previsto para março. Samuel teve a seu lado o colombiano Juanes, a cubana Gloria Estefan, o mexicano Fher Olvera (vocalista do Maná), o argentino Diego Torres, entre outros. Assim como no bem-sucedido 'Supernatural' (1999), Santana volta a apostar nos duetos. Só que dessa vez, somente com latinos.

O registro de 'Saideira' (parceria de Samuel com Rodrigo F. Leão), com a banda de Santana, ficou muito parecido com a gravação original do Skank (a faixa é a que fecha o álbum 'Siderado', de 1998). “Na verdade, 'Saideira' nunca saiu do nosso repertório. Antes, ela ficava no bis mesmo, agora é que voltou para a parte inicial do show”, diz Samuel. Somente agora, quando a banda voltar ao palco, é que vai dar para notar se a gravação com Santana (já lançada no i-Tunes) vai representar uma música que já tem 15 anos.

Antes do show em Guadalajara, todos os convidados do DVD se encontraram em Puerto Vallarta, na Costa do Pacífico. “O Santana é muito ecumênico, fez questão que todos se conhecessem”, comenta Samuel. Para o show, 'Saideira' foi escolhida para fechar a apresentação. “Eu havia comentado numa entrevista que 'Soul sacrifice' tinha sido muito marcante para mim. O Santana, que é muito de improvisar, colocou ela emendada com 'Saideira', e quando entrei, ele ainda fez a apresentação da banda. Fiquei no palco durante 20 minutos, fazendo muito improviso de guitarra com a banda. Acho que na cabeça dele, encontro é para encontrar de verdade, não é só dar uma passadinha.”

CAMARIM DE VERÃO
Festa-show com Skank e DJs Michael Lara, Davi e Sininho. Sábado, a partir das 16h, no Nutreal, Rua Projetada, 285,
Nova Lima. Informações: (31) 3568-8362. Ingressos: 2º lote: R$ 170; 3º lote: R$ 190 (com open bar).