Stacey Kent e Marcos Valle fazem apresentação única no Sesiminas

Show desta quinta irá lançar o Festival Tudo é Jazz, que começa dia 13, em Ouro Preto

por Ailton Magioli 04/09/2013 07:25

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Patricia Alvi/Divulgação
Stacey Kent e Marcos Valle mostram em disco e no palco que o jazz e a bossa nova podem conversar com delicadeza e criatividade (foto: Patricia Alvi/Divulgação )
Desde o antológico 'Getz/Gilberto', de 1964, que reuniu o saxofonista americano Stan Getz e o cantor-violonista brasileiro João Gilberto, provavelmente a MPB e o jazz não tinham oportunidade de parceria com tamanha naturalidade, como ocorre agora em 'Marcos Valle & Stacey Kent' ao vivo.


O encontro mágico do cantor, compositor e pianista carioca, que está comemorando meio século de carreira, com a jovem revelação do jazz americano, vai marcar o lançamento, na capital, do festival 'Tudo é Jazz', que será realizado dias 13, 14 e 15, em Ouro Preto. Em apresentação única amanhã à noite, no Teatro Sesiminas, acompanhada de banda, a dupla promete ir além do repertório do disco, que tem tudo para se tornar um dos destaques de 2013.


Se no célebre disco de Stan Getz e João Gilberto a participação era de Tom Jobim no piano, agora é a vez do saxofonista Jim Tomlinson, marido de Stacey, juntar-se à banda brasileira na elogiada performance. Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Marcelo Martins (sax tenor e flauta), Aldivas Ayres (trombone), Luiz Brasil (guitarra), Alberto Continentino (baixo acústico) e Renato “Massa” Calmon (bateria) estão em cena, com arranjos assinados pelo próprio Marcos Valle, além de Jessé Sadoc.


Inéditas apenas 'Drift away', de Valle com Peter Hall, e a bela 'La petite valse', que ele compôs sozinho. No mais, estão no disco clássicos como 'Summer samba' (Samba de verão), 'If you went away' (Preciso aprender a ser só) e 'Pigmaleão 70', todas de autoria de Marcos com o irmão Paulo Sérgio Valle. Além do surpreendente domínio da língua portuguesa, que estuda com regularidade, Stacey Kent, no disco, canta em inglês e francês. Depois do Brasil, onde chega às lojas via Sony Music, 'Marcos Valle & Stacey Kent ao vivo' será lançado nos Estados Unidos, Europa e Japão.


A turnê internacional da dupla, no entanto, será realizada apenas em 2014, diante dos compromissos de Stacey Kent com 'Dreame in concert', o primeiro álbum ao vivo de carreira, que ela gravou em Paris, no qual canta Tom Jobim, entre outros autores. O fato de dominar o português acabou trazendo Stacey ao Brasil para cantar, com Marcos Vale, nas comemorações dos 80 anos do Cristo Redentor. Foi quando os dois se conheceram, depois de o brasileiro descobrir, enquanto dirigia seu carro, o canto meigo da artista, em francês. “Coincidentemente, ela gostava de MPB e era minha fã”, recorda Marcos , que acabou fazendo arranjo especial para a cantora americana cantar o 'Samba de verão', que ela já havia inclusive gravado.


Amigo de Stacey e do marido dela, Jim Tomlinson, Marcos Valle classifica ambos de pessoas doces e fantásticas. Embora tenha sido constantemente gravado pelas mulheres, Marcos nunca havia dividido disco com uma delas. “Já usei o canto feminino em várias faixas de discos meus”, recorda o cantor, compositor e pianista, admitindo a existência de um lado feminino em sua música, para a qual as cantoras acabam trazendo o que ele classifica de “interpretação fantástica”.

Na opinião de Marcos Valle, Stacey Kent possui timbre de voz “absolutamente delicioso”. “Macio e ao mesmo tempo com uma extensão e suavidade que é o que é”, derrete-se o músico carioca, admitindo que Stacey é dona de uma interpretação peculiar, muito dela. “A escola do jazz e a intimidade com a MPB facilitaram para ela”, avalia Marcos que, mesmo com carreira consolidada, internacionalmente, vê no novo disco uma perspectiva de abertura de novas portas para a sua música. “Com o disco, Stacey Kent e Jim Tomlinson me permitiram mostrar as variadas facetas da minha música, com um tratamento elegante”, conclui o músico brasileiro.

Poesia

Apesar de também interpretar canções brasileiras vertidas para o inglês, Stacey Kent diz que as escolhidas por ela para serem cantadas em português são um pouco particulares. “Para mim é importante compreender a poesia”, justifica a norte-americana, que diz sentir obrigação de entender a poética de compositores como Vinicius de Moraes e Ronaldo Bôscoli, entre outros. Como lembra, aos 14 anos ela descobriu a poesia da língua portuguesa pela primeira vez, por meio da canção portuguesa. Posteriormente, Stacey diz que viria a se apaixonar pelo disco 'Getz/Gilberto', cujo repertório inclui desde canções da dupla Tom Jobim-Vinicius de Moraes até as de Ari Barroso e Dorival Caymmi.


“Era muito jovem na época. Não sabia sequer que seria cantora um dia”, recorda a intérprete que, desde então, cuidou de aprofundar a relação com a MPB. “Ainda assim, já podia sentir a ligação que hoje tenho com a música brasileira”, afirma, orgulhosa, a cantora americana, que diz ter aprendido português para entender a alegria e a tristeza características da MPB. “A música de Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Edu Lobo, Tom Jobim e Roberto Menescal, entre outros, faz parte da minha vida”, acrescenta Stacey Kent, lembrando que mesmo tendo vivido sob uma cultura diferente do brasileiro, as canções a tocam por falar do otimismo do homem. “Sempre, porém, com a melancolia característica”, aponta.


“Podia compreender sem ser brasileira”, garante a cantora americana que, ao lado do marido, costuma matricular-se em cursos de língua portuguesa, nos Estados Unidos, onde participam de imersões de até sete semanas, numa universidade de Vermont. A música é, na opinião de Stacey, uma linguagem sem fronteiras.


A relação, de Stacey Kent com a MPB é tão forte que a cantora -americana garante sentir saudades de Tom Jobim, que ela sequer conheceu pessoalmente. Stacey, que diz ouvir a música de Marcos Valle há anos, elogia a voz, também doce e delicada do novo parceiro, admitindo que nem todo músico consegue ter uma ligação tão forte com a melodia quanto o brasileiro. Na opinião de Stacey, a maneira de tratar a harmonia é responsável pela aproximação da bossa nova e do jazz. “São dois gêneros musicais completamente diferentes, mas que podem se encontrar sob o mesmo guarda-chuva”, propõe a cantora.

 

 

12º FESTIVAL TUDO É JAZZ DE OURO PRETO

 

» Sexta, dia 13
18h – Workshop musical com Richard Padron, Ponto de Cultura – Alto da Cruz
18h – Abertura da exposição das obras de Saidi Santiago, Casa dos Contos
19h – Cortejo Dixieland, ruas da cidade
20h – Cobra Coral, Largo do Rosário
21h30 – Thiago Pethit, Largo do Rosário
23h – Fernanda Takai, Largo do Rosário

» Sábado, dia 14
9h – Dixieland, Trem da Vale
10h – Workshop musical com Underground Horns, Ponto de Cultura – Alto da Cruz
13h – Workshop Cores e Sabores da República da Guiné, Restaurante O Passo
14h – Dj Greg Caz, Restaurante O Passo
15h30 – Cortejo Incrível Banda, ruas da cidade
16h20 – Underground Horns, Largo do Rosário
18h – Richard Padron, Largo do Rosário
19h40 – Alessandra Maestrini, Largo do Rosário
21h20 – Fanta Konatê, Largo do Rosário

» Domingo, dia 15   
9h – Underground Horns, Trem da Vale
10h – Seminário Preservação do Patrimônio, Ponto de Cultura – Alto da Cruz
11h – Cortejo Bloco do Zé Pereira, Underground Horns e Jazz Band das
Flores, ruas da cidade
13h – Workshop Cores e Sabores da República da Guiné, Restaurante O Passo
14h – Greg Caz, Restaurante O Passo
18h – Encerramento da Exposição de Saidi Santiago, Casa dos Contos

Ouça as faixas 'Summer samba' e 'If you went away':



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